A cidade nasce no alto do monte de um outeiro isolado, o monte da Cardosa, e estende-se pela vertente oriental até à planície, onde se alarga. Apesar da região possuir vestígios de algumas povoações do período pré-histórico, é difícil marcar com exactidão desde quando a cidade existe, de tal forma que vários historiadores tentaram nomear Castelo Branco como herdeira da célebre povoação de Castraleuca, mas em vão devido à falta de elementos sólidos.
Capital de distrito, Castelo Branco assume-se como centro da Beira Baixa, conjugando as principais estruturas económicas, judiciais e políticas, desde os anos 50 do século passado. Contudo, no pós-25 de Abril, a cidade não dispunha de qualquer instituição ou serviço que tomasse conta das crianças, quando estas vinham da antiga escola primária. Nessa altura, o ensino primário fazia-se de manhã ou de tarde e, como as famílias estavam a trabalhar, as crianças ficavam entregues a si mesmas o resto do dia.
“Uma irmã do Sagrado Coração de Maria veio pedir-me uma sala onde pudesse trabalhar como explicadora e eu, logo que foi possível, dispensei o espaço e o trabalho começou com uma dúzia de meninos”, conta o padre José Sanchez, presidente e fundador do Centro Social Padres Redentoristas, a instituição mais antiga do concelho dirigida à infância. Foi com este pedido que surge a ideia de fundar uma instituição que “cuidasse” das crianças, enquanto os pais estavam a trabalhar. A 15 de Janeiro de 1979 nasce o primeiro ATL, em instalações provisórias.
“Começámos com 72 crianças, mas os pais não paravam de pedir para colocarem lá os filhos e tivemos que procurar um lugar com condições adequadas”, diz o presidente. No Verão de 1980 iniciaram-se as obras de um edifício destinado a 150 meninos. Na altura, sem qualquer apoio governamental, as mensalidades dos pais destinavam-se exclusivamente ao pagamento de salários, já que todas as outras despesas eram custeadas pela comunidade dos Padres Redentoristas. Em 1981, com a atribuição do estatuto de instituição particular de solidariedade social, o centro passou a dispor de uma verba mensal e começou a oferecer o almoço às crianças.
Em 1983 nasce a valência de jardim-de-infância, mas as necessidades de expansão não ficaram por aí. “Nesse ano adquirimos um ginásio que ficava paredes-meias com as instalações do Centro e que foi remodelado, nessa altura tínhamos quase três centenas de alunos”, recorda o dirigente.
Considerada como instituição modelo no distrito, foi o próprio Centro Regional de Segurança Social que sugeriu que a instituição criasse mais um infantário, desta vez numa área urbana carenciada, o Bairro de Montalvão. A autarquia local cedeu o terreno e a obra foi edificada com o financiamento do PIDDAC.
“Perante esta expansão, quisemos avançar para aquilo que nos faltava, uma escola do primeiro ciclo, em parte, porque os pais habituaram-se a ter cá os filhos e perguntavam-nos quando é que tínhamos uma escola”. Assim, em 1995 começa a funcionar a escola do primeiro ciclo, em regime de paralelismo pedagógico com as do Ministério da Educação. Apesar de tantos avanços, o padre José Sanchez ainda não tinha dado por completa a obra e em 1996 inicia negociações com a comunidade das Irmãs dominicanas de Castelo Branco que tinham à venda um grande edifício, antigo colégio feminino. O equipamento custou quase meio milhão de euros, sem contabilizar as obras a que foi sujeito para poder funcionar em simultâneo as valências do pré-escolar, o ATL e a escola do primeiro ciclo. Para além destas, existia ainda um centro de explicações, e várias actividades desportivas. “Primamos pela qualidade das nossas instalações e por proporcionar aos meninos um excelente ambiente para crescer e aprender e chegados a este ponto, a nossa aposta passou a estar centrada no desenvolvimento de actividades”, explica o responsável. E assim foi! O leque de actividades extra-curriculares foi-se alargando e actualmente a instituição oferece aulas de judo, futebol, informática, inglês e educação física aos seus alunos. Algumas das actividades estão abertas à comunidade exterior, com destaque para a natação, uma vez, que a piscina da instituição foi a primeira da cidade.
Reconhecida na cidade, só este ano, nas festas das marchas populares a instituição juntou mais de 10 mil pessoas, o Centro foi-se adaptando aos tempos e às exigências do governo. “Quando encerraram os ATL, nós tínhamos 386 crianças nessa valência e passamos uma altura complicada para reorganizar os serviços, além de que com a crise, temos várias famílias que estão impossibilitadas de pagar a mensalidade”, alerta o responsável.
Actualmente, estão no Centro mais de 700 crianças e 80 colaboradores, entre técnicos e pessoal auxiliar dos diversos serviços. Tal como no início continuam a ser a maior instituição do distrito nas valências infantis e o futuro centra-se na certificação da qualidade. “Esta instituição foi crescendo ao ritmo das solicitações que nos chegavam e agora, que estamos num processo de certificação queremos ter o nível A, pois o nosso princípio é sempre o mesmo: oferecer o melhor às nossas crianças”. A instituição continua a ser muito procurada e no ano lectivo passado tiveram que recusar mais de uma centena de crianças por falta de vaga. “Castelo Branco continua a ter carências ao nível da creche e pré-escolar e nós já temos um projecto para avançar, mas para já, não há data marcada para o início das obras”, diz o padre José Sanchez, afirmando, convicto, de que também este projecto irá para a frente.
Texto e fotos: Milene Câmara
Data de introdução: 2010-10-09