Mais de um quinto das pessoas que procuram instituições de solidariedade sente falta de alimentos pelo menos uma vez por semana, segundo um inquérito realizado pela Universidade Católica, em parceria com o Banco Alimentar e a Associação Entreajuda. Do universo de 4691 utentes de mais de 500 instituições que responderam aos questionários, 27 por cento mencionaram estar um dia inteiro sem comer algumas vezes por semana ou pelo menos uma vez. "Vinte por cento diz não ter comida até ao final do mês, 32 por cento diz que tal acontece às vezes e 49 por cento diz ter sempre comida até ao fim do mês", refere ainda o estudo divulgado.
Numa análise aos gastos dos utentes das instituições de solidariedade social, as despesas com alimentação e casa são as que mais pesam na fatia da verba mensal disponível, seguidos dos gastos com médicos e medicamentos. As despesas com vestuário e calçado ou outros empréstimos representam valores abaixo dos 10 por cento do total.
Cerca de um terço dos inquiridos contraíram empréstimos, a esmagadora maioria para a compra de casa, mas só menos de metade dizem pagar sempre as mensalidades.
Além da compra de casa (53 por cento), o carro (19 por cento) e os eletrodomésticos (16 por cento) são os bens que mais frequentemente são comprados a crédito. Apenas seis por cento diz ter recorrido a crédito para adquirir um televisor, verificando-se a mesma percentagem para consolas de jogos.
Da análise resulta ainda que quatro em cada dez pessoas só compram os medicamentos quando têm dinheiro ou optam pelos mais baratos, não conseguindo adquirir sempre os remédios que são receitados pelo médico.
Numa auto-avaliação à sua situação económica, 72 por cento dos inquiridos sentem-se pobres, com uma larga maioria a atribuir a culpa da sua situação à própria sociedade (situações de desemprego ou rendimentos baixos).
Apenas 14 por cento dos utentes que se consideram pobres se culpabilizam pela sua situação desfavorecida.
Metade dos que recorrem a instituições têm menos de 250 euros/mês para viver
Cerca de metade daqueles que recorrem a instituições de solidariedade social têm menos de 250 euros por mês para viver, segundo o inquérito realizado pela Universidade Católica que abrangeu quase 4700 pessoas. Relativamente à situação económica, os dados mostram que metade dos inquiridos ficam com menos de 250 euros por mês para viver e cerca de 90 por cento têm rendimentos líquidos abaixo ou a rondar o ordenado mínimo. Apenas 17 por cento dos inquiridos referiram trabalhar e, destes, só 60 por cento o faz a tempo inteiro.
Metade das pessoas diz que o seu rendimento mensal provém também de subsídios sociais e em menos de um quinto o rendimento auferido é resultado do trabalho. Descontando os reformados, entre os que não trabalham há 60 por cento de desempregados, sendo que uma grande maioria diz estar nesta situação há mais de um ano.
Na amostra recolhida para o estudo hoje divulgado há 75 por cento de mulheres, o que "pode dever-se ao facto de serem elas que, dentro do agregado familiar, mais se dirigirem às instituições a pedir ajuda".
Data de introdução: 2010-11-22