V FESTA DA SOLIDARIEDADE, SANTARÉM

Instituições de solidariedade são resposta em tempo de crise

Nos dias 20 e 21 de Maio, Santarém foi o palco do maior encontro anual entre as instituições solidárias do país. A quinta edição da Festa da Solidariedade realizou-se na capital do Gótico e, este ano, esteve integrada no congresso “Rumo Solidário para Portugal” organizado pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS).

Depois de Lisboa, Barcelos, Viseu e Castelo Branco, cumpriu-se a tradição em Santarém, num encontro com representações de instituições de solidariedade de todo o território nacional.
Com um modelo ligeiramente diferente das edições anteriores, já que a Festa prolongou-se por dois dias e incluiu o encerramento do congresso que decorreu em paralelo, a participação não se fez sentir em massa, mas sim de forma faseada, numa mostra que reflectiu, quer na plateia quer no palco, a natureza espontânea do trabalho solidário.

Sem a presença da ministra do Trabalho e Solidariedade Social, Helena André, mas com a participação de Valter Lemos, Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, o presidente da CNIS lembrou que as instituições podem ajudar o país a sair da situação de crise profunda que atravessa. “Nesta situação de crise, as IPSS têm uma palavra a dizer para que Portugal mais depressa se levante e percorra caminhos melhores”, afirmou Lino Maia, durante o discurso oficial.

Para o presidente da confederação as políticas devem ser desenvolvidas centradas no indivíduo e no diálogo com todos os agentes sociais. “Este país só tem futuro se todos nos habituáramos a olhar para todos e aprendermos a dar, pois não pode haver marginalizados na construção de um Portugal melhor”.

Lino Maia sublinhou que a cultura de proximidade, das quais as instituições solidárias são agentes especializados, apura a sensibilidade com que se olha para as problemáticas, o que permite definições mais claras e concretas sobre os caminhos a seguir. O dirigente aproveitou para deixar um apelo ao Governo que sair vencedor das Legislativas de 5 de Junho. “Aquilo que quero pedir a todos, parlamento e governo, é que, a partir da nossa cultura de proximidade, promovam um compromisso com Portugal, em que o diálogo entre todos seja, de facto, o estilo de serviço do poder”.

Exaltando o contributo da cidade de Santarém para a Revolução de Abril, Lino Maia lembrou que no distrito existem 165 instituições particulares de solidariedade social que diariamente dão o seu contributo para o bem-estar de terceiros, um número que se multiplica pelo país, e que só na CNIS tem 2700 associadas. “De um extremo ao outro de Portugal, há muita gente que, diariamente, contribui para que o povo português, desde as crianças aos idosos, passando pelas pessoas com deficiência, tenha mais condições de vida, seja mais livre e mais feliz”.

Valter Lemos fez questão de lembrar que o país sofre os impactos da pior crise económica internacional dos últimos 80 anos, mas que, ainda assim, o sector social sempre foi uma das apostas da liderança socialista. “As políticas sociais foram sempre centrais para o Governo que represento, que soube, atempadamente, reconhecer a sua importância no desenvolvimento sustentável do país, na criação de uma sociedade mais justa, mais dinâmica e equitativa”.

O Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional enumerou uma série de medidas tomadas ao longo da governação socialista do país que contribuíram para a diminuição da taxa de pobreza e de exclusão social. Num discurso marcado pela apresentação de muitos números, o responsável governativo referiu, por exemplo, que só na área do apoio à terceira idade, a implementação do complemento solidário para idosos permitiu beneficiar 266 mil portugueses.

A criação da cooperativa António Sérgio, do Conselho e do Observatório Nacional para a Economia Social foram outros instrumentos referidos pelo secretário de estado que espelham a cooperação entre Estado e sector social. “As linhas estratégicas subjacentes a esta cooperação têm sido definidas através da negociação com os representantes das IPSS, das misericórdias e das mutualidades nos acordos de cooperação, feitos com base num compromisso de partilha de metas e responsabilidades”. Valter Lemos lembrou que foram celebrados cerca de 15 mil protocolos, abrangendo mais de meio milhão de utentes.

Também, segundo números do Governo, o apoio indirecto às famílias cresceu 35 por cento desde 2004, passando de 929 milhões de euros para 1251 milhões em 2011, o que corresponde a uma transferência diária de 3,4 milhões de euros para as IPSS. “Estes números são a prova cabal de que a sociedade como um todo tem investido e muito no apoio à cooperação e que a responsabilidade desta parceria é enorme, na proporção exacta dos recursos, sempre tão escassos, que lhe são postos à disposição”.
Em tom algo eleitoralista, Valter Lemos sublinhou que “quando os tempos são duros e os dias difíceis, a memória, por vezes, encurta-se, ocultando o que de bom se faz”. Em nome do governo, o secretário de estado garantiu que o desenvolvimento social e o combate à pobreza e exclusão vão manter-se como prioridades.


 

Data de introdução: 2011-06-01



















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