As instituições sociais fazem um balanço positivo dos primeiros seis meses do Plano de Emergência Social, mas acreditam que medidas, como o aumento das vagas nas creches e das respostas aos idosos, só serão visíveis ao longo deste ano. Anunciado há meio ano pelo Governo para tentar dar resposta à crise que o país atravessa e que tem agravado as situaçöes de exclusäo social, o PES foi pensado para vigorar até ao final de 2014 e chegar a três milhöes de portugueses, com uma verba de 630 milhöes de euros para o primeiro ano. O presidente da Confederaçäo Nacional das Instituiçöes de Solidariedade (CNIS), Lino Maia, diz que já há medidas implementadas e que estäo a ser testadas no terreno, apesar de ainda näo serem muito visíveis. Já o presidente da Caritas, Eugénio Fonseca, afirma que "a maior parte das medidas está a ser executada dentro do timing previsto e serão implementadas ao longo deste ano".
Dão como exemplo o aumento de 20 mil vagas nas creches e a "flexibilizaçäo" das respostas para acolhimento de idosos, que passam pelos centros de dia, apoio domiciliário, teleassistência e centros de noite. Fazendo o ponto da situaçäo das creches, o presidente da Cáritas afirma que a medida "está em execuçäo, com as instituiçöes a adaptarem-se, respeitando sempre a qualidade dos serviços e a segurança das crianças".
O padre Lino Maia acrescenta que está a ser aplicada "com moderaçäo, para não fazer perigar a vida das instituiçöes", uma vez que implica algum reforço dos recursos humanos. Fazendo "um balanço extremamente positivo" do PES, o presidente da Uniäo das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, realça a legislaçäo sobre a flexibilização dos lares que já está pronta: "Vamos conseguir encontrar e acolher mais pessoas".
Para Manuel Lemos, "a prova de que o PES está a desenvolver-se é que, neste momento, näo há na rua muitos casos que näo estejam a ser acompanhados". Instado pela Lusa a fazer um balanço de algumas medidas do PES, como o "banco de medicamentos" para distribuir fármacos gratuitamente pelos idosos e o mercado social de arrendamento para famílias excluídas do acesso à habitaçäo social, o Ministério da Solidariedade e Segurança Social remeteu uma avaliaçäo para mais tarde, lembrando que o programa começou a ser executado em outubro e será avaliado ao fim de meio ano.
Contudo, para o padre Lino Maia, chegou o momento de fazer a avaliaçäo para "não se ficar apenas no mundo das hipóteses, mas para que elas, de facto, tenham eco na prática. Isso é que é importante". "Sabemos que há aumento da precariedade, de situaçöes difíceis de pobreza e, portanto, este é o momento para fazer a avaliaçäo e para imprimir uma nova dinâmica no sentido de, por todo o país, garantir uma melhor presença, uma melhor assistência e um melhor apoio às famílias em grandes dificuldades", defende.
Esta ideia também é defendida pelo presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza: "Está na altura de o fazer, mas o Ministério acha que é demasiado cedo para fazer qualquer balanço". Portanto, comentou Jardim Moreira, "se o Ministério näo tem dados, podemos cair na atitude simplista de apenas falar de intuiçöes ou de meia dúzia de situações que conhecemos".
Data de introdução: 2012-02-12