Este ano a Festa da Solidariedade realiza-se em Faro. É a sexta edição da iniciativa anual da CNIS que começou em Lisboa, seguiu para Barcelos, passou por Viseu, Castelo Branco e Santarém antes de desaguar na capital do Algarve, no dia 6 de Outubro, no Jardim Manuel Bívar.
No regresso ao figurino tradicional a festa vai ter lugar durante toda a tarde de sábado. A recepção a todos os convidados será feita às 14 horas, antecipando em meia hora a chegada da Chama da Solidariedade. Depois das intervenções e da aclamação do archote solidário seguir-se-á a animação musical até às 19 horas, a cargo das IPSS.
Eleutério Alves é mais uma vez o coordenador da Festa da Solidariedade. O dirigente da CNIS assume que a escolha da cidade de Faro representa um grande desafio, sobretudo para as instituições do Norte do país, pela distância que terão que vencer para participarem e pelos custos que isso implica. Eleutério Alves refere que, ainda assim, “muitas IPSS do centro e norte de Portugal têm dado indicações de que estarão presentes nesta sexta edição”.
A inscrição das instituições junto da Confederação só é obrigatória para quem pretenda apresentar em palco alguma performance ou para as IPSS que queiram utilizar os stands para divulgação e actividades. De resto, o registo não é necessário, mas reveste-se de alguma conveniência para efeitos de comparação estatística com outras edições.
O dirigente da CNIS acredita que esta ideia continua a fazer sentido sobretudo para o bem que faz à imagem do mundo solidário: “Nas festas que temos organizado nota-se que há uma partilha de experiências, conhecimento e serviços entre IPSS, mas há, acima de tudo, uma demonstração evidente de que as instituições são entidades dinâmicas e intervenientes em todas as dimensões da vida humana nas regiões onde estão implantadas. As IPSS são centros de qualidade de vida. A opinião pública tem-se inteirado dessa imagem forte e as Festas da Solidariedade ajudam muito nessa propagação”.
Acoplada à festa há uma Chama Solidária que faz a ligação simbólica entre as diferentes etapas. Durante a primeira semana de Outubro a tocha acesa vai vencer a distância entre Santarém e Faro, mais de 300 quilómetros para uma equipa liderada por João Carlos Dias. “A Chama da Solidariedade já percorreu cerca de 1500 quilómetros, desde que saiu de Lisboa em 2008, rumo a Barcelos. Pelos caminhos de Portugal foram muitos os meios utilizados para o transporte da tocha. Foram centenas os voluntários e muitos milhares aqueles que a aplaudiam e apoiavam ferverosamente. Estou convencido que na viagem que vai fazer até Faro o entusiasmo vai repetir-se.”
VOLTA A PORTUGAL
A primeira festa aconteceu em 29 de Setembro de 2007, em Lisboa, na Quinta da Bela Vista. Reportava então o jornal Solidariedade: “O dia começou cedo… Por volta das nove e meia da manhã começaram a chegar ao recinto vários autocarros e carrinhas vindas de todo o país. Na bagagem traziam a merenda, muita alegria e boa-disposição, afinal, pela primeira vez, a grande família da solidariedade ia festejar os valores que os unem a todos. Perto de cinco mil pessoas participaram na primeira Festa da Solidariedade, na Quinta da Bela Vista, em Lisboa, no dia 29 de Setembro. Vários técnicos, utentes, amigos e dirigentes solidários quiseram marcar presença num evento que juntou cerca de 170 instituições particulares de solidariedade social vindas de todo país, do Norte aos Açores.”
Era o segundo ano do padre Lino Maia à frente dos destinos da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) que desejava que o evento simbólico viesse a ser “uma expressão, uma montra das actividades das instituições”. O presidente da CNIS afirmava que a festa era uma forma das instituições “se darem a conhecer e serem reconhecidas pelos cidadãos em geral e pelo Governo em particular”. O evento contou com a presença de diversas personalidades, entre elas, Vieira da Silva, Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, o Secretário de Estado, Pedro Marques. Em Lisboa a chuva acabou com a primeira festa, a meio da tarde, mas não apagou a chama solidária. Foi nesta edição que surgiu a ideia da Chama da Solidariedade, uma iniciativa concomitante com a festa que tem, desde então, a coordenação do dirigente da CNIS, João Carlos Dias.
No ano seguinte a festa mudou-se para Barcelos. No dia 27 de Setembro de 2008, milhares de pessoas, entre as quais, dirigentes, funcionários, utentes, familiares e amigos das IPSS, estiveram no Campo da Feira para um dia de convívio, fraternidade e animação com exibições amadoras apresentadas por idosos, reformados, deficientes, jovens e crianças. O jornal Solidariedade ajuda a reviver esse fim de semana: “A Festa foi o ponto final de uma campanha que pretende dar visibilidade a todos aqueles que se dedicam à solidariedade. No ano passado, ensaiada pela primeira vez, em Lisboa, foi criada a Chama da Solidariedade. Um archote simbólico que representa o fogo que arde sem se ver no coração daqueles que fazem do trabalho social a sua vocação. Foi entregue à UDIPSS-Lisboa que a guardou durante um ano inteiro. Dez dias antes da Festa, atravessou o país, até Barcelos, transportada por milhares e milhares de mãos de representantes da sociedade civil. A pé, de bicicleta, de mota, de barco, a cavalo, o facho solidário construiu um caminho por entre pequenas multidões atraídas pela curiosidade e pelo envolvimento.”
Na terceira etapa, a 19 de Setembro de 2009, a festa chegou a Viseu. Participaram alguns milhares de pessoas, representando cerca de 100 IPSS. “Foi um dia animado, com muita alegria, música e cor. As Instituições fizeram-se representar também com mais de 30 stands de vendas e exposições dos trabalhos realizados pelos utentes e trabalhadores.” Para os responsáveis da CNIS, o objectivo da Chama e Festa da Solidariedade continuava a ser a promoção do encontro entre as instituições, os organismos públicos, as entidades privadas e as pessoas que fomentam a Solidariedade, as que dela dependem e as que a ela se associam diariamente. A itinerância da Festa pretendia mostrar que a “Solidariedade não se pratica apenas no litoral e nas periferias das grandes cidades, mas que no interior há manifestações de solidariedade espantosas que devem ser valorizadas”.
Castelo Branco cumpriu a tradição em 25 de Setembro de 2010. Nas Docas, o ambiente foi de festa, convívio, partilha de experiências entre dirigentes, funcionários, utentes e familiares das IPSS de todo o país. Mais uma vez a Festa cumpriu os objectivos. E a Chama também. Percorreu a distância entre Viseu e Castelo Branco simbolizando a corrente de calor humano que caracteriza as instituições nacionais. O ponto alto foi o momento das intervenções dos convidados e dos responsáveis da UDIPSS e da CNIS. O padre Lino Maia fez um discurso muito crítico em relação ao Estado, na presença do Secretário de Estado Pedro Marques, em que antecipava os efeitos da crise. “(…) Celebramos em Festa a Solidariedade. Não celebramos propriamente tempos de regozijo. Estávamos mergulhados numa crise que já em tanto nos afligia e que estava - e continua a estar - a pedir ao povo português, em geral, e às Instituições de Solidariedade, em particular, grandes esforços. Agora a crise parece agravar-se com ameaças de outras crises: crises que são mais de jogos de poder do que de ondas de movimentos de serviço. Alertamos que nestas crises há sempre lucros; porém, não para os mais frágeis. Reivindicamos responsabilidade.”
Em 2011, no CNEMA, em Santarém, a Festa mudou de figurino e de datas. Em vez do verão realizou-se nos dias 20 e 21 de Maio. A Festa prolongou-se por dois dias e incluiu o encerramento do congresso “Rumo Solidário para Portugal” que decorreu em paralelo. Com um modelo diferente das edições anteriores, a participação não se fez sentir em massa, mas sim de forma faseada, numa mostra que continuou a sublinhar, quer na plateia quer no palco, a natureza espontânea do trabalho solidário.
O próximo encontro anual de representantes das Instituições Particulares de Solidariedade Social vai decorrer no dia 6 de Outubro em Faro.
Data de introdução: 2012-09-13