Reformados e pensionistas ficaram "transtornados" com a declaração do primeiro-ministro ao país, acham que foram escolhidos como alvo preferencial do Governo e prometem lutar contra as medidas anunciadas, como adiantaram as associações. A presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe!), Maria do Rosário Gama, minutos depois da intervenção do primeiro-ministro, disse estar ainda transtornada com o que tinha acabado de ouvir. "De facto vêm outra vez para aí cortes brutais para os pensionistas, com a taxa de sustentabilidade, que eu não percebi se vai ser aplicada sobre a contribuição extraordinária de solidariedade ou se é para ser aplicada em 2014 para substituir a contribuição extraordinária de solidariedade. Não percebi muito bem", disse Maria do Rosário Gama.
A presidente da APRe! referia-se à contribuição de sustentabilidade, relativa a pensões, que, momentos antes, o primeiro-ministro anunciara. Maria do Rosário Gama disse não ter percebido se o Governo pretende agora fazer o "recalculo" das pensões, com base nas regras do sector privado, tendo em conta que os reformados recebem uma pensão calculada através de regras definidas quando se reformaram. "Eu acho que isto é de loucos. Estamos num país de loucura, onde tudo é permitido. Isto tem de ter algum fim. Não podemos continuar a viver nesta situação", defendeu Maria do Rosário Gama.
Já em relação ao aumento da idade da reforma, que o Governo definiu para os 66 anos sem penalizações, para garantir a sustentabilidade da Segurança Social, a dirigente disse tratar-se de uma "coisa horrível". "Isto é o descalabro na função pública. É o descalabro a questão da mobilidade, a questão dos despedimentos, o aumento da comparticipação para a ADSE. Tudo isto é uma situação terrível para o país", considerou.
Para Maria do Rosário Gama, o Governo fez dos reformados e pensionistas o "alvo preferencial", situação que não aceita e que levará a associação a contactar os seus serviços jurídicos para perceber que medidas podem tomar.
Por outro lado, o presidente da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (Murpi), Casimiro Menezes, disse que o que o primeiro-ministro anunciou para os pensionistas e reformados "é calamitoso", porque "vai tirar fatias importantes dos rendimentos dos reformados, que já estão a sofrer com as medidas de austeridade". "Vão acrescentar mais austeridade à austeridade que os reformados já
estão a viver e isso vai tornar um inferno a vida dos reformados", defendeu Casimiro Menezes.
O líder do Murpi garantiu, por isso, que os reformados estão dispostos a lutar contra as medidas impostas pelo Governo porque "este Governo já provou que não serve os portugueses". "Nós vamos aderir a todas as manifestações de protesto que já estão agendadas contra este Governo e, provavelmente, depois de uma análise mais aprofundada, iremos determinar outro tipo de acções a serem desenvolvidas pelo movimento dos reformados", anunciou.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anuncio numa declaração ao País, um pacote de medidas para poupança de 4,8 mil milhões de euros, nas despesas do Estado, até 2015, que inclui, entre outras, o aumento do horário de trabalho da função pública das 35 para as 40 horas, a redução de 30 mil funcionários públicos, o aumento da idade da reforma para os 66 anos e a criação de uma contribuição sobre as pensões. O primeiro-ministro anunciou ainda que o Governo pretende eliminar os regimes de bonificação de tempo de serviço, para efeitos de acesso à reforma.
Data de introdução: 2013-05-07