A necessidade de servir refeições às crianças das escolas da freguesia, de um espaço onde as crianças ficassem findas as aulas e ainda, na área da terceira idade, a falta de um apoio aos mais velhos que viviam sós fez nascer o Centro Social da Freguesia de Famalicão, concelho da Nazaré, em Setembro de 1999, no âmbito de uma empresa de inserção promovida pelo Centro de Emprego.
“O único apoio que tivemos para iniciar actividade foi através do Centro de Emprego, no âmbito de uma empresa de inserção, para 12 funcionárias”, recorda Paula Marques, directora-técnica da instituição, que só mais tarde abriu a valência de creche.
“O ATL, o serviço de refeições às escolas e o Serviço de Apoio Domiciliário eram três respostas muito urgentes na freguesia”, acrescenta.
Sem fundos para construir de raiz um equipamento que albergasse estas três respostas sociais, a instituição foi ajudada pela comunidade que cedeu alguns espaços, como refere a directora-técnica: “Começámos em instalações provisórias em todos as valências. A creche, onde ainda funcionamos, pelo menos até ao final do ano, está numas lojas cedidas por um particular; a parte do Apoio Domiciliário, a cozinha, também para as refeições para as crianças, funcionava numas instalações cedidas pelo Clube Estrela do Norte; e os serviços administrativos numa sala cedida pela Junta de Freguesia”.
No entanto esta realidade já começou a mudar com a construção de um novo equipamento que irá albergar todas as respostas sociais, esperam os responsáveis pelo Centro Social até ao final do presente ano.
“As obras que estamos a fazer iniciaram-se com o apoio conseguido através de uma candidatura ao MASES - Medida de Apoio à Segurança dos Equipamentos Sociais. Já havia pilares e, no fundo, era para acabar uma obra que já havia sido iniciada, mas estava parada… O terreno é uma doação da Câmara e da Junta de Freguesia e conseguimos, através do MASES, um apoio de 35 mil euros, para a cozinha e para o Apoio Domiciliário, ou seja, a parte da lavandaria, porque as instalações anteriores já não davam resposta às necessidades”, explica Paula Marques, que sublinha: “Actualmente já foram, por certo, investidos nesta obra cerca de 200 mil euros”.
Mas não foi fácil concretizar o sonho, que passava muito pela necessidade, de construção de um edifício que albergasse condignamente a instituição.
“Para realizar a obra concorremos a tudo o que era programa, foi ao PARES, ao POPH, ao FEDER e em nenhum foi aprovado… Foram sempre candidaturas globais, que abrangiam a construção do edifício para albergar todas as nossas valências e ainda para um lar de idosos”, relembra Paula Marques, que desvenda a solução encontrada: “Faseámos os projectos e as candidaturas e já temos tido alguma sorte. A Direcção-Geral das Autarquias Locais comparticipa-nos a construção da parte dos serviços administrativos, que é uma candidatura à volta dos 90 mil euros comparticipada em cerca de 41 mil euros. Para a parte do Centro de Dia, apresentámos uma candidatura ao Promar, no qual tivemos uma comparticipação a 100%, na ordem dos 100 mil euros. E temos agora uma candidatura em análise, também ao Promar, para a Creche, no valor de 140 mil euros… Temos boas expectativas, mas vamos ver!”.
LAR É PROJECTO ANTIGO
No novo edifício, metade pronto, metade em obras funcionam numa zona provisória os serviços administrativos e ainda a cozinha e a lavandaria, obras comparticipadas pelo MASES, mas que uma vez mais teve a forte ajuda da população: “Depois, para terminar essa fase da obra, fizemos um peditório porta a porta que rendeu cerca de 25 mil euros. Tivemos ainda a ajuda de algumas empresas que estão na freguesia e as empresas de construção colocaram aqui um funcionário gratuitamente para trabalhar na obra… É esta ajuda que penso ser única, e que nem toda a gente se pode gabar, que nos tem permitido levar a efeito a obra das novas instalações”.
No plano do sonho fica ainda a construção da Estrutura Residencial para Idosos, um processo algo atribulado, como conta Paula Marques: “O projecto do Lar já é antigo, assim que a instituição arrancou começou logo a trabalhar-se nisso… Na altura, as orientações da Segurança Social eram para lares pequenos, o nosso era para 17 camas, mas agora isso já não é sustentável… Por isso, agora temos que remodelar o projecto e o nosso objectivo é construir instalações para estas valências que já temos e o lar, apesar de ser muito necessário, terá que ser para um futuro próximo”.
Segundo a directora-técnica da instituição, “o lar é, de facto, muito necessário, mas para já essa necessidade vai sendo colmatada com o apoio domiciliário, mas também há uma necessidade grande do Centro de Dia”.
Já quanto à creche, cujo acordo de cooperação é para 22 crianças e acolhe apenas 19, a responsável é clara: “Reconhecemos que temos que melhorar a nossa resposta em termos físicos para cativar os pais a deixarem-nos os filhos, porque em termos de recursos humanos tenho um grande orgulho em todas elas. Aliás, a maioria começou na empresa de inserção, ou seja, oriundas de famílias mono-parentais ou desempregadas de longa-duração e o Centro é praticamente a vida delas”.
Actualmente, os 21 funcionários do Centro Social de Famalicão prestam serviço a 19 crianças em creche e a 34 idosos em Serviço de Apoio Domiciliário, para o qual tem um acordo de cooperação apenas para 21.
“Nessa resposta estamos muito acima do protocolo de cooperação, mas na creche estamos abaixo pela quebra da natalidade e também devido à crise que se sente, porque, devido ao desemprego, alguns pais estão em casa e ficam com as crianças”.
ATL MUITO PROCURADO
Para além destas respostas sociais, a instituição tem ainda uma Cantina Social, que serve 100 refeições diárias e ainda outras tantas às crianças das escolas da freguesia.
“Das 100 refeições que servimos na Cantina Social, na freguesia de Famalicão ficam, talvez, 30, o grosso vai para a Nazaré, onde levamos as refeições todos os dias”, explica Paula Marques.
Se o pré-escolar é assegurado pela resposta pública, durante as férias, sejam de natal, da Páscoa ou de Verão, o ATL da instituição cresce exponencialmente em termos de utentes.
Os 10 petizes que frequentam a valência durante todo o ano, em regime de pontas, este Verão são já cinco dezenas.
“Durante as férias a instituição abre-se à comunidade e, neste momento, que é Verão, frequentam o ATL quase 50 crianças”, revela Paula Marques, que não se cansa de elogiar o “enorme carinho da população pela instituição”: “Sempre que precisamos de ajuda a comunidade responde positivamente. No jantar de aniversário tivemos que colocar mesas na rua, porque as pessoas não cabiam todas, eram cerca de 200… Nota-se nos pormenores um grande carinho da comunidade pela instituição… E há um grupo de 17 idosas, onde há apenas um senhor, todas na casa dos 70 e 80 anos, que às segundas e quintas-feiras à tarde se reúne aqui no Centro para fazer o que for necessário para ajudar a instituição, essencialmente, fazendo pequenas coisas para depois vender. No ano passado, nas festas da padroeira da freguesia conseguiram 1300 euros que entregaram à instituição. Isto é uma ajuda importante e com a obra das novas instalações é com estas pequenas ajudas que a casa se vai mantendo”.
Mesmo assim, Paula Marques olha com optimismo o futuro, pois está certa de que com as novas instalações poderão cativar mais pais a deixar as suas crianças na creche e mais idosos frequentarão a instituição através do novo Centro de Dia.
Para tal, pensa já num novo projecto, importante também para alcançar este desiderato: “A certificação da qualidade é um projecto a curto prazo que aguarda pelas novas instalações. As obras estarão prontas até ao final do ano e, posto isso, pensamos avançar para a certificação”.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
Não há inqueritos válidos.