Construído há 26 anos, mesmo junto à praia da Apúlia, concelho de Barcelos, o Centro Social João Paulo II é uma espécie de hotel social, em que pessoas de todas as idades, carenciadas ou não, têm a possibilidade de passar uns dias de férias junto ao mar e deste usufruírem.
Direccionado para a população do distrito de Braga, pois só para essa o Centro Distrital da Segurança Social estabeleceu acordo de cooperação, a instituição recebe, mesmo assim, pessoas de outras zonas do País, naturalmente sem o apoio estatal.
“O Centro está aberto todo o ano, durante o qual recebemos grupos apostólicos, de catequese e famílias cristãs e não cristãs, pois não fechamos a porta a ninguém e já cá tivemos grupos de outras religiões”, assegura Maria Teresa Falcão, presidente da Direcção, no cargo desde 2008.
Mas é na época alta que a azáfama e a actividade no Centro Social crescem exponencialmente, especialmente, devido às colónias de férias que a instituição acolhe e que é, no fundo, o seu principal
propósito.
“A prioridade é sempre dada às colónias de férias que podem não ser de IPSS, de Juntas de Freguesia, que conhecem, no seu território, quais as crianças cujas famílias têm mais dificuldades e, então, as seleccionam, trazendo-as para passarem aqui uns dias na praia”, explica Marisa Castro, directora-técnica da instituição.
Foi em meados de Agosto que o SOLIDARIEDADE visitou a Apúlia e o Centro Social João Paulo II, ou seja, em plena época alta e numa altura em que a instituição acolhia, para além de muitas outras pessoas, uma colónia de cerca de uma centena de crianças.
“Neste momento, a instituição está em plena actividade com esta colónia de crianças e, em Setembro, recebemos mais uma colónia, mas de idosos”, esclarece Marisa Castro, ao que a presidente da Direcção acrescenta: “Como não há colónias para idosos, nesta altura fazemos uma espécie de hospedagem. São famílias cristãs e té pessoas individualmente, com a qual até já há uma grande confiança, que vêm para cá… Aliás, neste momento, temos a casa cheia”.
CAPACIDADE NÃO APROVEITADA
Actualmente, a principal ambição dos responsáveis por este Centro Social da Apúlia é poderem receber mais utentes em colónia de férias, uma vez que o equipamento tem capacidade para acolher mais
pessoas, mas a falta de apoios não lhes permite concretizar esse desejo.
“A intenção da instituição é alargar o Acordo Cooperação, uma pretensão que já fizemos chegar à Segurança Social”, revela a presidente da Direcção, referindo que o actual protocolo com o Centro Distrital de Braga cobre apenas 680 idosos, 400 crianças e 30 pessoas portadoras de deficiência.
“Só para se ter uma ideia, o acordo é para 30 deficientes, mas temos recebido uma média de 100”, ressalva Marisa Castro, ao que a presidente acrescenta: “É um grande encargo para a instituição, que ainda faz uma atenção, pois trata-se de pessoas com deficiência e a maior parte oriunda de famílias carenciadas”.
A directora-técnica assegura que a instituição tem capacidade para acolher mais pessoas, avançando números: “Podemos ir para os 1000 idosos, para as 500 crianças e para as 100 pessoas com deficiência, aqui garantidamente, pois já é a média que recebemos. Felizmente ou infelizmente, temos muitas inscrições e temos que recusar algumas porque se torna insustentável receber mais pessoas sem o apoio da Segurança Social, mas capacidade para isso a instituição tem”.
No que diz respeito às colónias para a infância, a instituição apenas recebe petizes de idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, faixa etária coberta pelo acordo de cooperação, o que leva as responsáveis a deixar um lamento, disfarçado de crítica à Segurança Social.
“É uma pena que jovens dos 13 aos 18 anos não possam vir para a colónia balnear, porque a Segurança Social não comparticipa colónias de jovens. Nem que fossem só 50, pois já era qualquer coisa”, sustenta Maria Teresa Falcão, aludindo à enorme tristeza de muitos dos jovens que atingindo a idade limite dos 12 anos não mais podem regressar.
Neste particular refira-se que desta forma, pelo menos no que diz respeito ao distrito de Braga, os adolescentes dos LIJ (Lares de Infância e Juventude) estão excluídos pela não há comparticipação da Segurança Social. E, como se sabe, estes são daqueles jovens a quem melhor saberia um período de 10 dias (tempo que duram as colónias de férias na Apúlia) na praia, pois não será, seguramente, com as famílias das quais foram retirados que passarão férias de praia.
No Centro Social João Paulo II a programação das colónias de férias está bem definida, como refere a presidente da instituição: “Temos um acordo atípico com a Segurança Social mediante o qual começamos a funcionar com as colónias de férias para pessoas portadoras de deficiência, em Março, depois de idosos e, finalmente, acolhemos as colónias de crianças. Durante o resto do ano funcionamos mais aos fins-de-semana e com alguns retiros”.
O Centro Social dispõe de 44 quatros, entre individuais, duplos e triplo, e 150 camas repartidas por três camaratas. São dois espaços com 35 camas cada e um outro com cerca de 80 camas, servido por um
corpo de 20 funcionários, ao que no período das colónias é acrescido de monitores, coordenadores e um nadador-salvador recrutados para o momento.
Para melhorar ainda mais o serviço, a Direcção pretende realizar algumas obras, mas para a qual ainda não dispõe de verbas.
“Como todas as IPSS, que têm dificuldades, esta também as tem. Aqui debatemo-nos com a dificuldade de angariar meios para podermos fazer reparações muitas vezes necessárias. Concorremos, não há muito tempo, ao Fundo de Socorro Social (FSS), mas ainda não temos resposta. Temos um projecto na Câmara, que já foi aprovado, mas falta-nos dinheiro”, começa por lamentar Maria Teresa Falcão, acrescentando: “Há muita coisa para fazer nesta casa, mas há obras de grande necessidade, como a substituição da rede de abastecimento de água, que é a mesma desde a construção do edifício, o projecto de segurança ainda não está implementado na totalidade. Outro intervenção necessária tem que ver com as casas de banho, que tem que ser todas demolidas, porque não estão conforme a lei no que diz respeito às acessibilidades. E para isso é preciso uma verba elevada. As obras, neste momento, estão paradas por falta de verbas, mas nesta altura do ano também não poderiam ser realizadas”.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
Data de introdução: 2013-09-17