TRABALHO

Este ano, morreram 151 pessoas em acidentes de trabalho

Os acidentes de trabalho mataram este ano 151 pessoas. No ranking dos sectores mais perigosos surge, na frente, o da construção com 74 mortes, seguido pelo da indústria extractiva de minerais não metálicos com 15 casos. Os dados foram avançados pela Inspecção-Geral do Trabalho, divulgados num seminário em Lisboa.

Os dados, contabilizados até 15 de Outubro, referem ainda que o número de acidentes mortais tem vindo a diminuir desde 2001, ano em que se verificaram 280 casos, dos quais 156 na construção. Em 2002, o total de acidentes mortais foi de 219 (103 na construção) e no ano passado 181 (88 na construção). A principal causa de morte este ano foi a queda em altura (46), seguindo-se o esmagamento (30).

As questões de segurança, saúde e higiene no trabalho, nomeadamente nas autarquias, foram abordadas num seminário promovido pelo Instituto do Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT) e pela Câmara Municipal de Lisboa.

A parceria entre as duas entidades resultou na publicação de um manual de boas práticas, com conselhos para a entidade empregadora e para os trabalhadores, que passam pela utilização de equipamentos adequados às tarefas, vigilância médica e formação e informação dos funcionários.

Este manual destina-se a melhorar as condições de trabalho dos funcionários afectos à recolha e transporte de lixo do município de Lisboa, mas o IDICT diz receber muitos pedidos de informação das autarquias sobre como prevenir acidentes de trabalho noutras áreas.

Os pedidos de esclarecimento incidem especialmente sobre a protecção para evitar quedas em altura de trabalhadores das brigadas de arvoredo, electricistas e outros expostos a este risco, segundo o representante do IDICT, Ernesto Dias.

O administrador da Valorsul e vereador na Câmara de Loures José Manuel Abrantes afirmou que a actividade de recolha de resíduos sólidos urbanos, em particular as tarefas desempenhadas pelos cantoneiros de limpeza, é hoje "a mais geradora de acidentes entre os trabalhadores das autarquias".

José Manuel Abrantes apresentou como exemplo os Serviços Municipalizados de Loures e os dados de 2003 relativos a acidentes de trabalho: "Os cantoneiros de limpeza representam cerca de 20 por cento do total de trabalhadores, sofrem 56 por cento dos acidentes de trabalho, resultando em 2.148 dias de trabalho perdidos com baixa por acidente", indicou.

O responsável considera que as causas dos acidentes estão relacionadas com a natureza do próprio trabalho, "altamente exigente em termos físicos" e desenvolvido em grande parte à noite em condições climatéricas muitas vezes adversas, num ambiente não controlado como é a via pública.

Aponta também como origem dos acidentes a falta de formação profissional antes do início de funções, ritmos de trabalho elevados e desaconselhados, equipamentos de deposição (contentores) pouco pensados em termos do seu manuseamento em segurança e "pouca sensibilidade para uso de equipamentos de protecção individual, quando existem".

José Manuel Abrantes defende que a situação pode ser melhorada com formação prévia no início de funções, fixação e fiscalização de adequados ritmos de trabalho e a exigência, aos fabricantes de equipamento para recolha de resíduos, de maiores preocupações com o manuseamento na concepção dos produtos.

 

Data de introdução: 2004-11-17



















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