Constituída como infantário apenas em 1978, a Creche e Jardim-de-infância de Grândola começou, de facto, a sua actividade cerca de cinco anos antes, sendo que era, na altura a única resposta na vila de Grândola.
Uns anos mais tarde, fruto da doação de um grandolense, a Câmara Municipal apoiou a construção de raiz do equipamento onde a instituição funciona actualmente, algo presente nos termos da oferta. O edifício continua a ser municipal, mas, entretanto, a instituição estabeleceu um contrato de comodato com a Autarquia.
Sobre o papel desempenhado pela Creche e Jardim-de-infância de Grândola, o seu presidente Rafael Rodrigues sustenta o bom trabalho que tem sido feito, expresso na ocupação total das vagas e mais houvesse: “A instituição tem mantido a sua actividade em contínuo desde o início e sem falta de utentes. Aliás, sobre os últimos 10 anos em que esta equipa está envolvida nos órgãos sociais, temos mantido, infelizmente, uma lista de espera, mais evidente na creche. Mas mesmo depois de nos últimos anos em que começou a parte de jardim-de-infância do sistema público – o infantário público aqui na vila foi inaugurado em 1994 –, temos preenchido sempre as vagas”.
Para já, segundo Rafael Rodrigues, os problemas relacionados com a fraca taxa de natalidade de que muitas regiões do País já se queixam ainda não se fazem sentir em Grândola.
“Efectivamente ainda não sentimos a quebra da taxa de natalidade, mas no próximo ano não sabemos. O que se nota, e é evidente são as dificuldades que as famílias sentem”, destaca, referindo que a crise também se tem reflectido na vida da instituição “de diversas maneiras”.
“Por um lado, pela redução das comparticipações das famílias. Se dantes havia uma certa percentagem de famílias com rendimentos mais elevados e que tinham uma mensalidade superior, a partir de determinado momento, ou por situação de desemprego ou de redução de salário, a sua comparticipação diminuiu. Esse é um dado evidente e, para este ano lectivo, as nossas previsões são de uma redução de cerca de dois mil euros mensais na comparticipação das famílias. Numa instituição desta natureza é extremamente complicado. No ano passado já se verificou essa redução, ligeiramente inferior, mas este ano a nossa expectativa é que possa atingir esses valores. Apesar disso, temos conseguido manter todas as actividades que tínhamos. Por outro lado, a redução também é visível nos apoios que a instituição pode obter, até mesmo a nível de algumas campanhas que fazíamos juntos dos nossos principais fornecedores de bens. Por vezes falávamos com eles para que dessem uma pequena contribuição para uma festa ou outra iniciativa e as pessoas dão na mesma, mas já não dão o que davam. Tudo isto se reflecte nas finanças da instituição”, sustenta o líder da instituição, acrescentando: “Outro aspecto, e aí tentamos dar a resposta possível, é no atraso do pagamento das mensalidades por parte das famílias. Temos os regulamentos que dizem que tipo de atitude perante os atrasos deve ser tomada, mas o que está em causa é a criança e a nossa função é acolher as crianças. Esta instituição só faz sentido estando ao serviço das crianças e, portanto, nunca tomamos as decisões mais drásticas, porque falamos com os pais e com as famílias que passam por essas dificuldades e percebemos e que, na maioria dos casos, os atrasos não acontecem porque as pessoas não querem pagar. Não pagam porque não têm, realmente, condições para pagar. Nesses casos, mantemos as crianças, porque muitas das vezes sabemos que as refeições que as crianças fazem aqui são as únicas que tomam no dia”.
Apesar destas dificuldades e obstáculos que se lhe vão deparando, a instituição vive em equilíbrio financeiro.
“Felizmente, temos todas as contas em dia, com o esforço dos trabalhadores, dos pais e da Direcção temos conseguido, ao longo do ano, promover um conjunto de iniciativas de recolha de fundos, particularmente, nas festas e outras celebrações na vila a que nos associamos, e conseguimos algum dinheiro. Não é muito, mas ajuda. É um pouco este exercício permanente na tentativa de racionalizar as despesas e angariar algumas receitas. O nosso objectivo primeiro são as crianças que aqui estão, às quais procuramos dar resposta sem oscilações e para que elas possam aqui ser acolhidas com qualidade, que tem sido a prática ao longo dos anos e que é reconhecida pela comunidade. E, depois, cumprindo com os nossos fornecedores, com o Estado e com os funcionários”, afirma, indicando ainda algumas ajudas fundamentais pata manter as contas da instituição sustentáveis: “É importante o apoio que recebemos anualmente da Câmara e da Junta de Freguesia de Grândola. Para além deste apoio anual, a Câmara, sempre que há alguma intervenção mais estrutural, apoia sempre. E temos ainda procurado apoio em alguns programas e campanhas que há, a que nos candidatamos sempre que possível. E é assim que vamos tentando resolver alguns problemas”.
O exercício constante para manter o equilíbrio financeiro da instituição é, no entender do seu presidente, a principal dificuldade que a IPSS enfrenta.
“Temos que procurar desenvolver uma série de iniciativas fora do nosso campo de actividade para complementar parte do nosso orçamento. Por exemplo, se não mobilizássemos os trabalhadores, os membros dos órgãos sociais e alguns pais para um conjunto de iniciativas ao longo do ano, teríamos algumas dificuldades em cumprir com as nossas obrigações. Essa é a principal dificuldade, porque, quanto ao resto, temos um grupo de funcionários extremamente dedicado, que dá uma resposta muito capaz e de qualidade. O facto de continuarmos a manter uma lista de espera e de termos as vagas todas preenchidas é sinal de que estamos a trabalhar bem e com qualidade”, afirma.
Para melhorar ainda mais este aspecto, a instituição está a desenvolver um processo de certificação da qualidade (ISO9001/2008), com o apoio da CNIS, no âmbito do FAS3, que vai entrar na fase final de avaliação externa, provavelmente ainda este mês de Setembro.
Para Rafael Rodrigues, as vantagens da certificação da qualidade são várias e de importância relevante: “Mais do que ter um documento que certifique a qualidade, a permanente avaliação que todo este processo obriga, não só na sua construção, mas também na sua manutenção, vai obrigar o nosso corpo de funcionários a manter a sua avaliação e a sua atitude crítica perante o seu desempenho. E ainda o facto da permanente monitorização e acompanhamento de todo este processo obrigar os próprios funcionários a incorporarem novos modelos de funcionamento e novas atitudes que levem a uma prestação mais qualificada. Do ponto de vista da imagem exterior, obviamente que, tendo a certificação, é um instrumento de promoção e de afirmação da instituição, junto das outras entidades e dos próprios pais, de que está a ser avaliada e alguém a certifica como de qualidade”.
Com um quadro de pessoal de 32 funcionários, a que se juntam sempre três a quatro estagiários, a Creche e Jardim-de-infância de Grândola está aberta 12 horas por dia e acolhe 140 crianças igualmente divididas pelas valências de creche e de pré-escolar.
Tendo já referido o importante papel dos colaboradores da instituição, Rafael Rodrigues reforça serem estes a grande virtude da casa: “O grupo de trabalhadores que ao longo dos anos, mais dos que as Direcções que vão passando, tem conseguido dar uma resposta de qualidade aos nossos utentes e que determinam a procura e a qualidade de resposta que temos, que é regularmente auditada pela Segurança Social e pelo Ministério da Educação, são a grande virtude desta instituição”.
Durante a paragem de 15 dias em Agosto, a Creche procedeu a algumas obras no edifício.
“Durante o mês de Agosto procedemos a uma intervenção estrutural, que resulta de uma candidatura ao PRODER. Assim, requalificámos a estrutura do telhado e, em resposta a uma visita da Segurança Social, construímos mais uma casa-de-banho para apoio a uma das salas e realizámos ainda umas melhorias na cozinha. Grosso modo estas são as últimas intervenções no equipamento, que representam um investimento de cerca de 80 mil euros por parte da instituição com financiamento de fundos comunitários”.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
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