A vila piscatória de Rabo de Peixe é a localidade dos Açores com mais beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), apoiando 2.429 pessoas, o que as autoridades locais atribuem ao aumento do desemprego e diminuição dos rendimentos na pesca.
Dados avançados à Lusa pela Secretaria Regional da Solidariedade Social do Governo dos Açores indicam que em novembro de 2013 os Açores tinham 17.549 beneficiários de RSI e 17.516 no mesmo período do ano passado.
Os Açores são a terceira região do país com mais beneficiários em termos absolutos, depois dos distritos do Porto e Lisboa. No entanto, atendendo a que vivem nos Açores 2,5% da população do país, esta é a região com maior taxa de beneficiários.
Dentro dos Açores, São Miguel surge como a ilha com maior número de pessoas que recebem RSI, com 12.750 beneficiários, e o concelho de Ponta Delgada é aquele com mais habitantes a receber RSI (5.206).
"Esta posição de S. Miguel é expectável uma vez que esta é também a ilha com mais habitantes (mais de metade da população do arquipélago, segundo os censos de 2011)", realça fonte da secretaria.
Para o presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, Jaime Vieira, o desemprego que se tem vindo a acentuar, devido à crise na construção civil, e a perda de rendimentos na pesca constituem dois dos fatores que levam a uma maior número de beneficiários na vila piscatória, que fica no concelho da Ribeira Grande, ilha de São Miguel.
"A atividade relacionada com a pesca está a entrar numa crise aliada também à crise que se faz sentir noutros ramos de atividade como a construção civil que provocou uma grande falta de empregos. Esta conjuntura, aliada ao facto de sermos das maiores vilas em termos populacionais, faz com que também tenhamos a maior taxa de pessoas a candidatar-se ao RSI", afirmou Jaime Vieira à Lusa.
Com cerca de 9.600 habitantes, Rabo de Peixe, elevada a vila em 25 de abril de 2004, tem cerca de 1.200 pessoas que trabalham na pesca e 96 embarcações.
O presidente da Junta de Freguesia, que tomou posse em 2014, disse que existem duas realidades distintas na vila piscatória.
"Há duas realidades nas pescas. Há os donos dos barcos que ainda conseguem viver com alguma tranquilidade, mas depois existem aqueles que só ganham quando vão para o mar. E são essas famílias que tiram rendimentos de 200 euros, que estão com muitas dificuldades", sustentou, admitindo que devido ao desemprego, cada vez "mais pessoas procuram a junta" e solicitam também ajuda alimentar.
O autarca defende por isso a necessidade de dotar as juntas de outro tipo de capacidade financeira que permitam respostas mais eficazes a tantas solicitações.
No seu entender, seria altura de pensar no sistema político administrativo das juntas e "dotar as mesmas de outras capacidades financeiras que permitam respostas imediatas" para as muitas famílias que as procuram.
"Era necessário que o sistema político administrativo das juntas ficasse menos dependente do Governo Regional e das câmaras", defendeu Jaime Vieira.
O presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe sublinhou ainda a importância do RSI para os agregados familiares carenciados, a par do Fundo de Emergência Social criado pela Câmara Municipal da Ribeira Grande e que "tem sido uma grande ajuda às famílias".
"Claro que o RSI ajuda estas famílias, mas sendo certo que esta não é a resposta para os problemas que se fazem sentir. Agora a resposta seria termos outra capacidade empregadora para que as pessoas pudessem ter o seu ganha-pão e não estar à espera do RSI", disse.
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