Nos últimos dias e a propósito de um conjunto de estatísticas publicadas na comunicação social, demonstrando (com números fiáveis) que Portugal voltou aos níveis de pobreza de há dez anos, os pobres têm servido de pingue pongue para o combate político, quando seria expetável que merecessem mais respeito por parte, tanto de quem é Poder como Oposição. Claro que, para além da classe política, a sociedade no seu conjunto, não poderá alhear-se dos dramas sociais que estão a atingir, de forma persistente e continuada, mais de dois milhões de portugueses!
Para fugir aos números, transcrevo apenas, como exemplo, este título de um jornal: “…um casal, duas filhas e nenhum emprego” (Jn-31-01-2015).
Aliás, um casal com estas caraterísticas inscreve-se na percentagem das aproximadamente 12 mil famílias que no ano 2014 se declararam em situação de insolvência.
Será que este dado, associado às centenas de milhar de pessoas em situação de desemprego, de crianças e idosos sem apoios básicos para a sua subsistência, não bastaria para questionar a sério as políticas sociais de um Governo que se preze?
Mas, como este, são mais que muitos os gritos lancinantes que, através da comunicação social, nos vão chegando todos os dias, interpelando-nos e exigindo AÇÃO!
Sabemos que muito se tem feito para o saneamento das contas públicas, invertendo ciclos em que sucessivos governos gastarem o que não havia, hipotecando o futuro. Porém, não se acautelou como devia a situação social que resvalou para níveis insustentáveis de pobreza!
A gente interroga-se: como explicar o zelo pelo cumprimento de medidas duríssimas que a troika impôs ao Governo para cortar nas despesas sociais (algumas das quais serviam de almofada para centenas de milhar de pessoas em situação de pobreza extrema), quando centenas e centenas de milhões de euros do “grande capital” escaparam à suposta vigilância técnica destes senhores?
Pe. José Maia
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