UDIPSS ÉVORA

Queremos despertar as IPSS e as comunidades

Aos 25 anos é o mais novo presidente de uma UDIPSS e um dos mais jovens dirigentes do Setor Social Solidário. Tiago Abalroado assumiu a presidência da União Distrital de Évora em fevereiro do corrente ano e, logo no primeiro Conselho Geral em que participou, arrebatou a Festa da Solidariedade para a capital do seu distrito. À frente da UDIPSS Évora já conseguiu aumentar em cerca de 20 instituições o número de associadas (atualmente são 80), congratulando-se com o facto de “todos os meses há tem havido novas adesões”.

SOLIDARIEDADE - O que é para Évora receber a Festa da Solidariedade?
TIAGO ABALROADO - É talvez uma forma mais imediata que vamos ter para poder abanar esta coisa toda, passo a expressão, e para dizer que estamos aqui. Faz falta às comunidades do nosso distrito um abanão destes a fim de as despertar. E este vir da Chama, que tem um valor tão simbólico e importante, é também o chegar às populações de diversos concelhos e vai fazer essas pessoas mobilizarem-se em torno daquele valor, o que considero muito importante. Primeiro, até por esta imagem que o Alentejo tem, que não se passa aqui nada e que está tudo adormecido, portanto é uma forma de revitalizar o Alentejo e, depois, conseguirmos, juntamente com as instituições, mobilizá-las. Se estamos, como União, a querer dar um salto qualitativo na nossa presença no distrito, ele tem que ser acompanhado pelo salto das instituições, daí tentar chamá-las para a rua com os seus utentes e colaboradores para festejar a solidariedade e envolver as comunidades também. Penso que é muito importante para a cidade e para o distrito receber a Festa e a Chama da Solidariedade e é quase como um assinalar do nosso primeiro ano de atividade na União Distrital.

Como foi o arranque de funções à frente da União?
Por um lado, houve a revitalização desta União que estava um pouco adormecida e as IPSS queixavam-se de alguma falta de resposta às solicitações e às necessidades. Nesse sentido, quisemos logo imprimir outra dinâmica e mudar a imagem da União na cabeça dos dirigentes e das instituições. E temos conseguido ver reconhecido este nosso esforço, porque onde vamos e com quem falamos é reconhecido o trabalho que temos feito.

Como tem sido estabelecido esse contacto com as IPSS?
Desde que assumimos funções todos os meses temos promovido um encontro sobre uma temática de interesse para as instituições. Por nossa iniciativa ou em conjunto com a CNIS desde fevereiro que tem havido sempre alguma atividade para as instituições. E temos também visitado algumas instituições. Temos andado a arrumar a casa, a conhecer as pessoas e as instituições e tem sido um trabalho muito construtivo.

Quais as grandes necessidades das IPSS quando contactam as instituições?
Sobretudo as questões jurídicas. Esta é, talvez, a área em que as instituições se mostram mais sedentas, a da parte jurídica, a da aplicação dos estatutos, as novas circulares, as orientações técnicas da Segurança Social, tudo o que está a mexer com a parte mais legislativa das instituições, elas estão a mostrar mais preocupação, mas também as questões do dia-a-dia, como as horas de trabalho, as remunerações, etc. Mais recentemente, a questão dos fundos comunitários. Nós fizemos um trabalho de divulgação intenso e em conjunto com a CCDR e a Segurança Social fizemos um mapeamento, porque havia a necessidade de fazer um reconhecimento no terreno dos projetos mais prementes, o que sensibilizou as instituições para os fundos europeus. Como não há verba para edificado, este era um passo necessário e um dos nossos primeiros contactos com as instituições foi esse, o que levou também as IPSS a contactarem-nos para esse efeito.

Que retrato traça das IPSS no distrito?
As instituições de Évora vão um bocadinho na linha daqueles que são os grandes desafios e do retrato das IPSS do resto do País. Em Évora temos um número razoável de IPSS, tendo em conta a densidade populacional do distrito. No total serão cerca de duas centenas e temos uma realidade que é muito marcada por pessoas que já levam muitos anos à frente de instituições e isso também traz algumas consequências para a própria gestão das instituições. Depois, temos a célebre questão dos Centros Sociais e Paroquiais em que os párocos estão a frente, mas depois os técnicos queixam-se das Direções ausentes. E há também a carência formativa, quer dos técnicos, quer da área operacional. Neste momento estamos a fazer um diagnóstico de formação ao nível das IPSS do distrito, para também elaborarmos um plano de formação que vá ao encontro das necessidades das IPSS. E temos também a questão da sustentabilidade, que vem sempre à baila nestas coisas, e a falta de sustentabilidade das respostas. Encontramos um conjunto de problemas nas IPSS muito direcionados para a sua gestão económico-financeiro, mas os problemas que aqui enfrentamos são idênticos ao resto do País.

A interioridade e as distâncias são obstáculos ao trabalho das IPSS?
Penso que não, porque, por exemplo, a interioridade o que fez foi com que surgissem muitas instituições, também devido às distâncias. Não existe falta de resposta, o que existe, talvez, é uma falta de articulação entre as instituições e isso, sim, poderia ser potenciado em benefício de todos. Ainda continuamos a ver as instituições muito voltadas para si próprias e para o seu quintal.

Esse é um desafio para a União?
Sem dúvida, porque temos que esbater esta prática. Temos cenários complicados por falta de articulação, porque instituições que estão na iminência de fechar creches com instituições ao lado que, se calhar, podiam absorver aquelas respostas e, durante um tempo, prestar assistência a algumas crianças… O objetivo é vencer a desertificação através das sinergias, porque há instituições com capacidade mas que não têm utentes. Neste sentido da partilha, a nível da União já temos um projeto, mais ou menos, estruturado e que passará por criar uma bolsa de técnicos, sobretudo na área da saúde e da reabilitação, que possa ser partilhada pelas instituições. Esta é uma ideia que queremos pôr em marcha já em Setembro. Assim, contribuímos para a empregabilidade dos técnicos e para aliviar os custos às instituições.

Como é a relação das IPSS com as autarquias?
Com as autarquias depende muito de concelho para concelho, pois há umas mais abertas e outras nem tanto. Ideologias à parte tem mais que ver com as pessoas.

E com o Centro Distrital da Segurança Social (CDSS)?
Com o CDSS a relação é excelente, porque tem sido, desde a primeira hora, um parceiro muito importante no distrito. A diretora distrital, a Dra. Sónia Ramos, tem-nos acompanhado em todas as nossas ações, tal como temos procurado ter uma participação ativa na CDAAPAC (Comissão Distrital de Acompanhamento e Avaliação dos Protocolos e Acordos de Cooperação). Ao nível da plataforma supraconcelhia da rede social também temos tentado enriquecê-la com o nosso contributo. Existe de facto uma relação de grande proximidade, pessoal e institucional, e que tem contribuído muito para desmistificar esta coisa de ver o Estado como tutela, mas como Estado-parceiro. Aqui podemos dizer que temos uma representação do Estado que realmente é nosso parceiro e que está para ajudar as IPSS.

E qual a grande necessidade em termos de resposta social no distrito?
Talvez ao nível da demência e da deficiência ainda falte alguma coisa. Parece-me que para fecharmos a rede de respostas na área da demência ainda falta alguma coisa. De resto, a rede de respostas são muitas e boas.

E como é ser o presidente de UDIPSS mais novo de todos, a larga distância de todos os outros?
É engraçado estar no Conselho Geral e toda a gente ser mais velha, mas ao mesmo tempo permite aprender, porque nestas coisas, seja entre mais velhos ou mais novos, a nossa postura deve ser sempre de aprendizagem e de poder tirar daquelas pessoas toda a sua experiência. Tem sido essa minha postura desde a primeira hora, dando também os meus contributos…

Pedro Vasco Oliveira (texto e foto)

 

Data de introdução: 2015-08-06



















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