Porque a solidariedade está no ADN dos Portugueses e porque não é comum Portugal virar as costas a quem precisa, foi apresentada nesta primeira sexta-feira de setembro a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), a resposta da sociedade civil portuguesa à crise de migração que o Mundo vive atualmente.
Fruto dos inúmeros conflitos armados que grassam no Médio Oriente, mais concretamente na Síria, Iraque e países limítrofes e ainda do Norte de África, mais concretamente da Líbia, mas não só, a vaga de pessoas que foge à morte e à fome tem crescido exponencialmente. Os dramas são diários e quem tem consciência não fica indiferente.
Por isso, um conjunto de organizações decidiu avançar para a constituição da PAR, que mais não é do que “uma rede de organizações da sociedade civil portuguesa para apoio aos refugiados na presente crise humanitária”.
A esta rede, a CNIS, assim que convidada, aceitou a participação, até porque, como disse ao SOLIDARIEDADE, o padre Lino Maia, “muitas IPSS têm vindo a disponibilizar-se junto da CNIS para receber, acolher e integrar refugiados que venham para Portugal”.
Para integrar a PAR basta que as organizações da sociedade civil se revejam na iniciativa e apresentem esse interesse. Para já foram muitas as organizações que aderiram ao repto lançado por Rui Marques, do Instituto Padre António Vieira, mentor e principal obreiro da iniciativa, a saber: CNIS, Amnistia Internacional, APGES, Cais, Cáritas Portuguesa, Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, Comissão Nacional Justiça e Paz, Comité Português da UNICEF, Comunidade Islâmica de Lisboa, Comunidade Vida e Paz, Corpo Nacional de Escutas, Conselho Português para os Refugiados, Cruz de Malta, EAPN/Rede Europeia Anti-Pobreza, Fundação EDP, Fundação Gonçalo da Silveira, Fundação Montepio, GRACE, Instituto Padre António Vieira, Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, Serviço Jesuíta aos Refugiados, Obra Católica Portuguesa das Migrações e OIKOS, entre outras.
Na próxima segunda-feira, a PAR estará presente na primeira reunião da comissão criada pelo Governo para tratar da questão portuguesa de acolhimento de migrantes, e que será presidida pelo ministro-adjunto Poiares Maduro, mas, para já, a Plataforma “irá identificar as necessidades que possam surgir para o cumprimento da sua missão” e, nesse sentido, lança, desde já, dois projetos: o PAR Famílias e o PAR Linha da Frente.
Com o PAR Famílias, a Plataforma pretende “criar um projeto de acolhimento e integração das crianças refugiadas e suas famílias em Portugal, em contexto comunitário, com o envolvimento das instituições locais (autarquias, IPSS, escolas, associações, etc.) que assumam essa responsabilidade face a uma família concreta”.
Já através do PAR Linha da Frente o propósito é o “apoio aos refugiados nos países de origem ou vizinhos, através do trabalho da Cáritas ou do Serviço Jesuíta aos Refugiados, recolhendo fundos para apoio ao trabalho local com a população em risco e refugiados, permitindo-lhes viver com mais dignidade e segurança”.
Após a apresentação da PAR, realizou-se a primeira reunião conjunta com o objetivo de definir propostas para apresentar segunda-feira ao Governo e delinear estratégia de abordagem à situação.
Na cerimónia de apresentação da Plataforma de Apoio aos Refugiados, para além do mentor Rui Marques, usaram ainda da palavra o presidente da CNIS, padre Lino Maia, o líder da Comunidade Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil, e ainda foi possível ouvir o testemunho pessoal de Sabina Karamehmedovic, que em 1992, então com 12 anos, chegou a Portugal com a família fugida da guerra na Bósnia-Herzegovina.
Na edição de Setembro o SOLIDARIEDADE dará conta mais pormenorizada desta apresentação pública da PAR.
P.V.O.
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