No começo do mês de Outubro, um dos grandes temas dos noticiários internacionais voltou a ser o conflito israelo-palestiniano que, pelo menos aparentemente, se arrisca a superar, nos próximos tempos, o interesse mediático provocado pela tragédia dos refugiados. Antes de mais, porque a opinião pública não tomou conhecimento de novidades significativas no desenvolvimento deste processo e, depois, porque ninguém sabe até onde pode ir o agravamento das tensões entre judeus e palestinianos. De momento, todos parecem temer que estejamos assistir a assistir ao início de uma nova “intifada” a terceira na história recente das relações entre israelitas e palestinianos.
O primeiro levantamento popular contra a ocupação israelita ocorreu em Dezembro de 1982 e, entre outros motivos, passou à História por causa das armas mais utilizada pelos manifestantes palestinianos. Na memória de muita gente estão ainda as imagens de jovens atacar à pedrada os soldados judeus, cujo armamento de pouco servia numa guerra bem diferente daquela para que se tinham preparado. Por isso, ficou conhecida como a guerra das pedras. Foi uma guerra que não fez muitas vítimas nem grandes estragos materiais, mas que teve efeitos psicológicos e políticos consideráveis. A imagem e o prestígio de Israel começaram a ser questionados, mesmo entre países tradicionalmente amigos. Um efeito da conhecida imagem bíblica de David e Golias, mas ao contrário.
No mês de Setembro do ano 2000, Ariel Sharon forneceu aos palestinianos o pretexto para um novo levantamento popular. O famoso general e político decidiu deslocar-se ao Monte do Templo, lugar que é sagrado para os judeus, mas que hoje é mais conhecido como a esplanada das mesquitas, com particular destaque para a mesquita de Al Aqsa, o terceiro lugar sagrado dos muçulmanos. Sharon fez essa visita num estilo que estes consideraram provocatório, o que incendiou os seus ânimos em Israel e em todo o mundo. Foi o começo da segunda Intifada.
Esta assumiu contornos mais graves, porque acabou por degenerar num conflito militar que terminou, mais uma vez, sem vencedores ou vencidos declarados. A partir daí, a situação no terreno acalmou, mas os palestinianos foram alcançando êxitos políticos significativos, sobretudo a nível internacional, com especial incidência na ONU, onde a Palestina acabou por conseguir um estatuto muito próximo daquele que se atribui a um estado.
Ora, este cenário de paz podre acaba por ser posto em causa por notícias que apontam para o início de um novo levantamento popular, em que os palestinianos, embora utilizando ainda como arma o lançamento de pedras, recorrem agora a outros meios, como facas punhais e…carros. De momento, ninguém pode imaginar ainda como poderá terminar esta terceira “intifada”.
Não há inqueritos válidos.