UNITATE, VILA VIÇOSA

Facilitar o trabalho em rede na Economia Social

A UNITATE – Associação de Desenvolvimento da Economia Social é uma IPSS de âmbito nacional, fundada em Outubro de 2013 e sedeada em Vila Viçosa, cujo principal objetivo passa pela promoção do desenvolvimento da Economia Social, mediante a prossecução de atividades e ações com vista à capacitação das instituições sociais.
“A UNITATE é uma IPSS que rompe um bocadinho com a lógica comum do que é uma IPSS, ou seja, é uma IPSS atípica, principalmente porque a sua intervenção principal não é a ação social”, começa por explicar Tiago Abalroado, presidente e criador da instituição, salvaguardando: “Atualmente já tem uma pequena atividade social, mas, no global e na sua razão de ser, a UNITATE não existe para fazer ação social”.
O seu carácter inovador prende-se com o facto de, para além de o seu propósito não ser a ação social direta, pretender congregar esforços entre os diferentes agentes da Economia Social, assumindo um papel de facilitador da sua ação com vista à obtenção de ganhos de eficiência e eficácia.
“A UNITATE existe para tentar, em primeiro lugar, identificar na sociedade todas as partes interessadas na Economia Social, desde as instituições, que são as principais executantes, a todas as pessoas e a todos os agentes que se relacionam com as instituições, sejam fornecedores, financiadores, empresas ou elementos da sociedade civil em geral. Ou seja, todos os agentes do setor que de algum modo interagem pela sua responsabilidade social com a Economia Social”, explica Tiago Abalroado, que acrescenta: “A ideia da criação da UNITATE é estabelecer pontos de contacto, numa filosofia de rede, entre todos estes agentes. Tudo começou por uma ideia a que depois tivemos que dar forma”.
Nesse sentido, o primeiro passo foi enquadrar legalmente a associação, uma vez que se trata daquilo a que podemos chamar de uma instituição atípica. Inicialmente foi constituída uma associação e posteriormente veio o reconhecimento como IPSS.
Como refere o mentor da instituição, “o objetivo é dentro da rede estabelecer pontos de contacto” e, nesse sentido, o âmbito de ação da UNITATE prevê, entre outras, o apoio às IPSS nas áreas da consultoria jurídica, gestão, emprego, consultoria fiscal e financeira, contabilidade, gestão de projetos, formação, apoio técnico a respostas sociais, gestão da qualidade e assessoria técnica a projetos de construção, tendo sempre subjacente o estabelecimento de parcerias com os diferentes agentes que operam no Terceiro Setor.
Após um primeiro diagnóstico, os responsáveis pela UNITATE estruturaram a ação da instituição em três eixos de intervenção: Social Economy Network (Rede da Economia Social); Unitate Duo Media; e Unitate Round Table.
Relativamente ao eixo Social Economy Network “é a filosofia de rede aplicada a ferramentas de trabalho”, refere Tiago Abalroado, explicando: “Desenvolvemos o portal UNITATE que tem no seu interior três plataformas. Uma virada para os fornecedores, que colocam na plataforma os seus produtos, já a um preço competitivo porque sabem que estão em concorrência direta com outros fornecedores, e as instituições através da plataforma conseguem melhores preços, seja diretamente através da plataforma ou pressionando os seus fornecedores a fazerem um preço mais competitivo. As instituições não compram através da plataforma, porque esta é apenas informativa, pelo que é, essencialmente, um instrumento de estímulo à concorrência entre fornecedores, de minimização de custos para as instituições e informativo. No fundo, é um instrumento facilitador da gestão. Temos ainda uma plataforma de Emprego, com o objetivo de as instituições divulgarem as ofertas de trabalho, de voluntariado e outras, e temos ainda um diretório que pretende elencar todas as respostas sociais de todas as IPSS, façam parte da rede ou não, que vem sendo desenvolvida há mais de um ano e que ainda está longe de estar concluída. São contactos diários que fazemos com as instituições no sentido de formar uma base de dados onde está a identificação e contactos das instituições, quantos utentes apoiam e que vagas têm disponíveis. O que falta muitas vezes são números, porque muitas vezes sabemos o que as instituições fazem mas é difícil quantificar e através deste diretório conseguimos um retrato da ação das instituições. As instituições têm a sua área própria, uma espécie de Facebook estatístico, onde podem colocar o que quiserem divulgar a todos os níveis. Potenciar recursos, facilitar o trabalho em rede e ajudar as instituições é o objetivo da plataforma”.
No que respeita ao Unitate Duo Media, Tiago Abalroado explica que surgiu após terem identificado a lacuna que é “a dificuldade que as instituições têm em comunicar”. Este ponto é relevado pelo líder da instituição pois é algo “que tem implicações no posicionamento das instituições e na confiança que transmitem à comunidade em que estão inseridas”.
Assim, “criámos esta área de intervenção que faz desde sites para a Internet a logótipos para instituições ou para respostas sociais. Temos vários pequenos projetos para instituições, todos relacionados com a questão da comunicação a todos os níveis”, sustenta, sublinhando: “A comunicação é muito importante, até para a credibilidade das instituições junto das comunidades. E uma instituição que sabe comunicar transmite credibilidade e este é um caminho que as instituições ainda têm que fazer”.
Por fim, a terceira área de intervenção é a Unitate Round Table na qual a instituição promove encontros, seminários, colóquios, workshops sobre tudo o que seja partilha de boas práticas.
“Temos feito algumas ações em diversos pontos do País, em especial em parceria com alguns municípios, não apenas para dar a conhecer mas para partilhar essas boas práticas. Em Outubro fazemos sempre um evento para assinalar esta nossa visão da Economia Social ligada a esta rede”, revela.
A iniciativa deste ano está agendada para dia 14 de Outubro, na CCDR Alentejo, em Évora, e denomina-se «Fórum Economia Social – Organização e Cooperação no Setor Solidário».
“Tentamos trabalhar muito esta partilha e também de criar formas inovadoras de ver as coisas. Estes acabam por ser espaços de diálogo muito interessantes, como esperamos que seja o deste ano”, afirma Tiago Abalroado.
Apesar de não ter por objetivo a ação social direta, a UNITATE presta, desde meados do ano, um serviço à comunidade que envolve quatro concelhos: Vila Viçosa, Borba, Alandroal e Redondo.
Fruto de uma candidatura apresentada ao projeto «Mais Para Todos», do Lidl Portugal e da SIC Esperança, a instituição criou o UNITATE Social Van, ou seja, uma carrinha social. Aliás, duas, porque com a verba auferida do projeto a instituição adquiriu duas carrinhas, uma de cinco e outra de sete lugares.
“Para não desvirtuarmos a nossa forma de estar e que passa por não fazer ação social direta, quisemos envolver as IPSS dos quatro concelhos aqui à volta. Assim, em conjunto com as IPSS, para as IPSS e para a comunidade em geral, transportamos as pessoas com mais de 55 anos de idade, seja para ir ao médico, ao banco ou ao mercado, porque a nossa realidade faz-se de muita gente que vive em lugares isolados, fazendo um serviço de proximidade. É um projeto que ainda está no início, mas já está a ter grande sucesso”, afirma, satisfeito, o presidente da UNITATE, que refere ainda a iniciativa da linha telefónica solidária, em que o objetivo é que a verba desse valor acrescentado seja repartida pelas instituições que fazem parte da rede ou seja atribuída a um projeto de mérito.
A UNITATE envolve diretamente 15 pessoas, dois trabalhadores a tempo inteiro na instituição, uma equipa técnica de cinco pessoas, em regime de prestação de serviços, e ainda um conjunto de oito voluntários.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2015-11-05



















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