PADRE JOSÉ MAIA

Partilha e Bem comum

Há já muitos anos que os pobres têm sido muito descurados, sobretudo por parte dos sucessivos Governos a quem incumbe a responsabilidade de erradicar as causas de tanta pobreza, ao nível das comunidades locais, das comunidades familiares e de muitas, demasiadas pessoas singulares, a quem está a ser negado o mais elementar direito de acesso a condições mínimas de DIGNIDADE HUMANA!

O atual Governo prometeu-nos que iria acabar com os “tempos da austeridade”, revertendo medidas que a promoviam, com a garantia de que, dessa forma, os 25% de portugueses que vivem em situação de pobreza, iriam “ver também revertida” esta experiência amarga de um pobreza permanente (que atinge pais e filhos, jovens e idosos, crianças e desempregados)!

Porém, para além do apoio social a quem dele tanto necessita para sobreviver, o que mais deverá continuar a preocupar o Governo é o processo de empobrecimento (gerador de novos pobres) que não se reverte apenas com “apoios sociais”, precisando, isso sim, de uma “outra economia” que garanta o acesso a trabalho com direitos, de uma “outra política fiscal” que desencoraja quem dá trabalho e quer trabalhar, centrada apenas no saque aos cidadãos menos indefesos, de “um outro ordenamento do território” que assegure maior coesão social e um PIB (geração de riqueza a nível de cada concelho e distrito) que terá de ser a alavanca de um desenvolvimento económico e social, só possível com a construção de uma “economia de proximidade”!

A quem for tentado a argumentar que a existência dos pobres é uma fatalidade (sempre existiu e continuará a existir, nas palavras do próprio Cristo), informo que o contexto desta referência é muito outro e, de forma alguma, recomenda a resignação perante a fatalidade da existência de pobres.

Aliás, a fonte de inspiração para as primeiras comunidades cristãs está contida nos Atos dos Apóstolos (2,44 e seguintes) onde pode ler-se: “todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum; vendiam as suas propriedades e os seu bens e dividiam-nos por todos, segundo as necessidades de cada um”. Ou seja: a partilha e a defesa do bem comum estão no coração da doutrina social da Igreja!

Se este Governo, e sobretudo alguns dos partidos que o apoiam, em vez de acusar as IPSS de assistencialismo na sua prática social junto de milhares de cidadãos, de forma protocolada com o Estado, no que se refere ao Subsistema de Ação Social, há já muitos anos… decidir assumir a responsabilidade (que é toda sua) pela implementação efetiva da Lei nº 83-A/2013, e nomeadamente, do “Sistema de proteção social e cidadania”, o “Subsistema de solidariedade social”, o “Subsistema de proteção familiar e o Sistema Previdencial”…ficará na história como um Governo a sério! Não se peça por solidariedade o que é devido por direito e justiça!

Pe. José Maia

 

Data de introdução: 2016-03-10



















editorial

O COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO: SAÚDE

De acordo com o previsto no Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário, o Ministério da Saúde “garante que os profissionais de saúde dos agrupamentos de centros de saúde asseguram a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Imigração e desenvolvimento
As migrações não são um fenómeno novo na história global, assim como na do nosso país, desde os seus primórdios. Nem sequer se trata de uma realidade...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Portugal está sem Estratégia para a Integração da Comunidade Cigana
No mês de junho Portugal foi visitado por uma delegação da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância do Conselho da Europa, que se debruçou, sobre a...