E à 10ª edição a Festa da Solidariedade, promovida pela CNIS, é já um evento incontornável no panorama do Setor Social Solidário, que este ano decorrerá em Coimbra, no próximo dia 30 de setembro, e contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“A Festa da Solidariedade faz-se no sentido de promover os interesses das instituições, criar um espaço e um tempo para que se fale das IPSS e também para se mostrar as boas práticas que as instituições desenvolvem no âmbito da sua atividade”, sustenta o dirigente Eleutério Alves.
Há 10 anos que, através da Festa da Solidariedade, a CNIS, em parceria com a União Distrital da cidade escolhida para receber o evento, promove a confraternização e a partilha entre instituições, mas também entre as instituições e as comunidades onde o convívio acontece. E também por todos os locais por onde a Chama da Solidariedade passa antes de iluminar o palco onde as festividades decorrem.
“A Festa este ano vai ser num formato diferente, pois será a uma sexta-feira quando sempre foi ao sábado. A União Distrital de Coimbra propôs fazer o evento numa sexta-feira por considerar que a festa terá mais visibilidade e assim também promover melhor os interesses das instituições do distrito”, explica Eleutério Alves, que revela ainda: “Este ano contaremos com a presença do senhor Presidente da República, com toda a animação a ser feita por instituições de Coimbra e de outros pontos do País e ainda alguns grupos locais”.
A este propósito, Horácio Santiago, presidente da União Distrital de Coimbra, avança que pela Praça do Comércio, também conhecida por Praça Velha, com início às 16h00 e até às 21h00, para além das habituais atuações dos grupos das IPSS de diversos pontos do País, pelo palco passará ainda “um grupo folclórico, duas tunas académicas, grupos de fados e uma banda filarmónica”.
Já na véspera, a União Distrital vai promover um jantar, no Palácio de S. Marcos, na freguesia de S. Silvestre, para o qual estão a ser convidados os diretores das instituições e algumas entidades oficiais.
Este será, aliás, o local onde a Chama pernoitará antes de ir iluminar a Festa, num percurso que terá início pelo distrito no dia 26 de agosto.
Assim, os dirigentes da UDIPSS Évora entregarão a Chama da Solidariedade, no dia 26, em Condeixa à UIPSSD Coimbra, recolhendo-se o facho em Arganil. Até chegar ao terreiro da Festa, na Praça Velha, a Chama viajará daí pelo distrito, ficando em Penacova, primeiro, e já em Coimbra, no dia 28.
“O papel da Chama é que em cada concelho por onde ela passa se consiga, pelo menos, promover a fraternidade e a solidariedade entre instituições”, defende Eleutério Alves, ao que o diretor Executivo João Dias acrescenta: “A Chama é a prova da capilaridade que existe da resposta das IPSS em termos nacionais. Em todas as freguesias há uma instituição. E de facto representa os valores das IPSS em cada um dos territórios, em cada um dos concelhos, em cada uma das freguesias junto da população. E representa ainda outra coisa que é muito importante, que é a capacidade de mobilização da sociedade civil e que as IPSS são pioneiras e o seu expoente máximo. É que quando a Chama se associa a outras organizações para além das IPSS está a promover essa mobilização em torno da solidariedade. A Chama é isso, juntar na mesma rua pessoas que vêm de organizações diferentes e que à volta do conceito da solidariedade se juntam para transportar esse símbolo até ao ponto seguinte”.
Horácio Santiago está “esperançado que entre as instituições do distrito haja um crescendo de entusiasmo que culmine, no dia 30, com uma grande Festa”, sublinhando que “a Festa será sempre aquilo que as instituições quiserem que seja”.
Quando já se está na reta final da organização daquela que é a X Festa da Solidariedade, o líder da União Distrital de Coimbra deixa um desejo: “Espero que a Festa seja um ponto de encontro das instituições e uma boa forma de darmos a conhecer o bom trabalho que é desenvolvido por estas instituições de solidariedade e o quão elas são importantes para o País”.
A este propósito, Eleutério Alves lembra que, para além das atuações e dos discursos oficiais, este ano com convidado de primeira linha, haverá a habitual mostra da muita atividade de ordem cultural, recreativa, artesanal e gastronómica das instituições, “numa demonstração de que estas não são só locais de acolhimento de pessoas carenciadas”.
Para o dirigente da CNIS, “mostrar a todos que há muito mais vida nas IPSS para além do resgatar os mais carenciados é o papel da Festa da Solidariedade”.
ENCONTRO NACIONAL
A mudança de dia, de sábado para uma sexta-feira, não é a única novidade da 10ª edição do evento da CNIS. Em simultâneo com a Festa da Solidariedade, decorrerá, ao longo de todo o dia, no auditório do Conservatório de Música de Coimbra, um Encontro Nacional intitulado «IPSS Promotoras de Saúde».
Ainda antes de rumar à Festa, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa fará o encerramento do dia de trabalho no Conservatório de Coimbra, que prevê a abordagem de três temas: Cuidados Continuados Integrados; Envelhecimento Ativo; e Saúde Mental.
“Esta é uma área que está em crescimento no âmbito das instituições, que a CNIS quer valorizar e que faz todo o sentido tendo em conta o envelhecimento da população”, argumenta João Dias, acrescentando: “E é uma área que faz todo o sentido ser abordada porque as estruturas que, neste momento, as IPSS têm seriam para pessoas seniores mas com saúde e não é esse o caso. As demências são uma realidade crescente naquilo que são as residências que as instituições têm e isto tem que ser tratado de uma forma transversal. Ou seja, quer do ponto de vista técnico e da competência técnica para dar resposta às necessidades, quer do ponto de vista do financiamento, porque é uma resposta com custos obviamente diferentes”.
Esta preocupação é partilhada por Eleutério Alves: “As instituições ainda não estão preparadas para lidar com esta questão das dependências e das demências que, cada vez mais, afetam os utentes. E este Encontro Nacional vem no sentido de dotar os funcionários com mais competências e criar uma nova forma de estar perante estas situações, garantindo assim que as IPSS ficam com mais capacidade de atuação no âmbito desta nova realidade”.
Com o pelouro da Saúde na Direção da CNIS, Maria João Quintela é quem tem estado no centro da organização do encontro, intitulado «IPSS Promotoras de Saúde – Uma influência positiva nos determinantes da saúde».
Sobre os objetivos, a dirigentes refere: “Um dos propósitos deste Encontro Nacional é precisamente o de chamar à reflexão as instituições de solidariedade sobre o enorme papel que desenvolvem no âmbito da Saúde e que, muitas vezes, não está bem consciencializado, quer na opinião pública, quer a nível governamental, quer mesmo ao nível de muitas instituições. De uma forma clássica as instituições eram consideradas de Saúde ou mais ligadas à Segurança Social, hoje temos consciência que os múltiplos determinantes da saúde não acabam nem começam só em uma área. Imbricam-se uns nos outros, quer nas áreas socias, quer nas económicas, quer nas da saúde, quer nas jurídicas, quer nas ambientais e em muitas outras. Ora, as IPSS, na sua circunstância, conhecedoras das populações locais e próximas dos cidadãos são o agente de eleição na prestação de cuidados e de apoio de uma forma global, respondendo efetivamente às necessidades das populações que recebem a influência desses múltiplos determinantes da saúde, ambientais, sociais, sociológicos, políticos e que lhes influenciam a saúde”.
Para a CNIS, “este objetivo passa por consciencializar os vários setores e, cada vez mais, as IPSS de que elas na sua ação quotidiana já trabalham a área da saúde”, afirma Maria João Quintela, acrescentando: “Apesar de não terem um protocolo específico com a Saúde, é preciso que o Estado também reconheça o papel das IPSS na promoção da saúde e na prevenção da doença”.
Para a dirigente da CNIS, não há dúvidas: “As IPSS, de um modo geral, promovem a saúde, pelo que fazer crescer essa consciência de que são também agentes promotores de saúde é um dos grandes propósitos deste Encontro Nacional”.
A CNIS conta ainda com a presença de alguns membros do Governo, inclusive para a Sessão de Abertura, agendada para as 9h30, do dia 30 de setembro.
Pedro Vasco Oliveira (texto)
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