É em 1906 que Tomar vê nascer a Creche Asilo Nossa Senhora da Piedade e posteriormente a Sopa dos Pobres e ainda o Asilo dos Inválidos do Trabalho. Em 1933 estas duas últimas instituições fundem-se emergindo a Casa dos Pobres, ao passo que a Creche Asilo Nª Sª da Piedade evoluiu para Centro de Apoio Social à Infância de Tomar (CASIT).
Então, em 1950, ou seja, há 66 anos, da fusão da Casa dos Pobres com o CASIT nasceu o CAST e, aí também, a denominação de Lar de S. José à valência lar de idosos e pelo qual muita gente no concelho de Tomar conhece o CAST.
Para o presidente da instituição tomarense, “passo decisivo” na evolução do CAST “foi a construção do novo lar”, em 2004, que oferece outra capacidade e outras condições, mas “também o crescimento da área infantil”, que em 2009 investiu numa creche, hoje com 37 crianças.
“Na altura foi a Câmara que colaborou com o CAST no sentido da criação de um jardim-de-infância. A atual creche funciona num edifício que foi sempre do CAST. Todo o terreno que agora é do jardim-de-infância e da antiga escola primária foi cedido ao CAST para construir essa resposta, isto em 1979”, recorda Pedro Marques.
“A instituição sempre procurou andar um pouco à frente na prestação dos serviços. Tanto é que em 2000, 2001 verificou-se que as instalações iniciais do lar eram insuficientes e evoluiu-se. Diria que até 2004, 2005, incluindo o projeto de reconversão energética, sempre houve a preocupação por parte das Direções em adequar os espaços físicos à prestação do serviço, não descurando o elemento humano”, conta Rui Pascoal, chefe do Departamento Administrativo e responsável pela gestão da qualidade, revelando: “A partir de 2011, e tendo os espaços físicos em consonância com aquilo que se entendia ser necessário, houve um investimento no sistema de gestão e é quando surge a implementação do sistema de gestão da qualidade. E, neste momento, já estamos novamente a pensar em espaços físicos, a fim de continuarmos a andar um passo à frente das necessidades”.
O CAST espalha-se por três núcleos, onde funcionam as diversas valências, sendo que um deles, na zona histórica, hoje apenas acolhe os serviços administrativos e financeiros. Assim, a resposta à terceira idade é dada no Lar de S. José, no lugar do Carrascal, onde funciona igualmente o Centro de Dia (10 utentes), o Centro de Convívio (10) e o SAD (para 50 utentes). A ERPI, de momento, tem capacidade para 65 idosos.
A área da infância funciona na cidade, num edifício que vem da origem da instituição, denominada Área Infantil de S. José. Ali, em creche estão, atualmente, 37 crianças, sendo que no Pré-escolar o número sobe para 75.
Depois, a instituição gere ainda a Creche Familiar, que tem 10 amas ao serviço e que acrescenta mais 40 crianças aos números da instituição.
Para além disto, o CAST tem uma Cantina Social, com protocolo para 30 refeições diárias, mas que nem sempre é assim devido às necessidades.
“Muitas vezes servimos mais refeições do que as previstas no acordo e, depois, quando enviamos os mapas, a resposta da Segurança Social é rápida e muito clara em dizer-nos para refazermos os mapas para poderem ser processados, pois estamos a servir mais refeições do que as que estão protocoladas”, conta Rui Pascoal.
O presidente da instituição acusa mesmo que “esta foi uma resposta criada para ser temporária, mas só quem não conhece o país é que a pode encarar como tal”, deixando um apelo: “A sensibilidade que tem que existir nas área social e saúde tem que ser diferente e a realidade tem que ser encarada”.
Nesse sentido, e perante as necessidades, os responsáveis pela instituição olham a ampliação e remodelação das instalações do lar como a melhor forma de dar resposta às necessidades existentes e emergentes, implementado que está o sistema de gestão da qualidade.
Pedro Marques foi reconduzido na presidência da Direção em novembro, aquando das últimas eleições para os órgãos sociais, e olha o futuro na continuidade.
“Venha que quem vier tem que ter como objetivo continuar o trabalho feito e, neste trabalho, a gestão da qualidade é fundamental. Quando a instituição atinge, como atingiu, padrões de qualidade classificados pelos auditores como excelentes, sem descurar pormenores meramente formais, isto obriga a que os procedimentos sejam melhorados e isso acaba por dar uma melhor qualidade de vida aos utentes, que é o essencial. Por outro lado, os funcionários também vão melhorando no serviço, o que é fundamental”, sustenta.
O processo de implementação do sistema de gestão da qualidade demorou pouco mais de dois anos e foi feito pela aposta decisiva da instituição.
“Em Portugal existiram os FAS que apoiaram as instituições a implementarem os sistemas de qualidade. Infelizmente, o CAST nunca foi contemplado, apesar de ter apresentado candidaturas. No entanto, não foi isso que impediu a Direção da altura de avançar”, recorda Rui Pascoal, que considera ter sido isso algo de decisivo: “O facto de termos avançado com meios próprios foi determinante. Ter sido a instituição a investir, e ainda foi um investimento significativo, foi determinante porque, se uma mancha muito grande de instituições que via FAS foram apoiadas financeiramente nunca conseguiram a concretização da implementação, nem a certificação, nós conseguimos, porque nos apropriámos do sistema, que se enraizou desde o início na casa”.
Para o responsável pela implementação do sistema no CAST, “a certificação é importante e o reconhecimento via certificação é importante, não pode ser escondido, mas o mais importante para a instituição é o reconhecimento na comunidade pelo conhecimento que tem do serviço prestado”, pelo que “a certificação não é um fim, é um objetivo, mais importante são os procedimentos”.
Com os procedimentos de qualidade implementados, a instituição olha já as necessidades que advêm das listas de espera nas quatro respostas à terceira idade.
“Temos um projeto para aumentar a capacidade nas diversas respostas. Aqui para o Lar queremos aumentar para 80 camas, que é o máximo permitido. Na área infantil o projeto passa por dar melhores condições às crianças e, para o antigo lar, temos um projeto para criar residências assistidas, se entretanto a necessidade não reclamar outra coisa”, revela Pedro Marques, deixando uma garantia: “O edificado vai crescer e vai haver uma remodelação do espaço atual, porque só três quartos têm casa de banho privativa e a intenção é que todos tenham. Também aqui a intenção é melhorar a qualidade do serviço”.
Por outro lado, o crescimento do lar tem como propósito ainda a sustentabilidade da instituição, garantido mais economia de escala, principalmente depois do investimento em recursos humanos na área da saúde.
“Nos últimos tempos, passámos a ter enfermeiros a tempo inteiro, médico duas horas por dia, quando era duas horas por semana, e uma psicóloga, que entretanto saiu, mas que é uma vaga que queremos colmatar”, justifica Pedro Marques, asseverando: “Tudo isto traz mais encargos financeiros, mas que o crescimento do lar resolverá, devido à economia de escala que se conseguirá”.
Para o presidente do CAST a situação é clara: “O drama é não podermos dar resposta e daí a intenção de alargar a capacidade para 80. E se fosse para 100 também ficaria completo”.
A instituição tem os projetos elaborados e aprovados, mas Pedro Marques alerta: “Só com financiamento público conseguiremos avançar”.
“É fundamental haver um maior esforço financeiro do Estado para apoiar as IPSS, porque não vale a pena ignorarmos que muitas instituições alertaram que não teriam capacidade para suportar os custos com o aumento do salário mínimo. E é bom que haja consciência disso e do serviço público que as IPSS prestam, que é bem do conhecimento da população. Por isso, é fundamental que houvesse um apoio substancial para que as IPSS possam fazer face aos encargos que têm. Se assim não for, estou certo que em muitos sítios a qualidade do serviço ficará em causa. Aqui faremos tudo para que não aconteça”, assegura Pedro Marques.
Rui Pascoal, por seu turno, duvida que, “em termos de rácios de pessoal que são exigidos para as creches, alguma creche seja financeiramente equilibrada”.
Apesar de não ter sentido diminuição de crianças, a instituição viu as mensalidades decrescerem bastante pelas dificuldades das famílias.
E depois… “Todos os negócios têm incumprimento e o nosso por apoiar, na maior parte dos casos, pessoas desfavorecidas esse incumprimento ainda é maior. No entanto, o serviço não deixa de ser prestado porque há dificuldades financeiras das famílias. Há dívidas superiores a mil euros que estão a ser abatidas aos 20 euros por mês”, afirma Rui Pascoal.
E como seria Tomar sem o CAST? Enquanto o presidente diz, ironicamente, que “o CAST é a Santa Casa da Misericórdia de Tomar, no sentido em que todos recorrem à instituição”, Rui Pascoal deixa desafio: “Se perguntar no concelho qual é o lar de Tomar toda a gente lhe dirá que é o Lar de S. José e nem somos o maior. Gostaríamos de ser para poder dar mais resposta, mas não é ser o maior que nos move. O que procuramos é ser reconhecidos pela comunidade e, de facto, a comunidade retribui com esse reconhecimento. A história da instituição e, especificamente, do Lar de S. José confunde-se um pouco com a história recente de Tomar”.
Não há inqueritos válidos.