Não existe desafio que as IPSS não encarem numa perspetiva de futuro e são muitos os desafios que hoje enfrentam, todos eles com efeitos no futuro próximo e determinantes para o cumprimento da sua missão.
Depois do importante papel que desempenharam, decisivo para suportar as consequências da grave crise que vivemos e ainda sem tempo de recuperar do esforço despendido, são confrontadas com novos desafios que não escolheram, mas que terão que enfrentar.
São muitos os olhares sobre este setor e muitas as vontades a quererem induzir caminhos diferentes, cheios de inovação, empreendedorismo, fórmulas milagrosas de redução de custos e moralização dos seus dirigentes, propostas assentes numa visão distorcida pelo preconceito, desconfiança e desconhecedora da realidade.
Nunca as IPSS foram resistentes a mudanças, ou fechadas em si mesmas, a sua enorme capacidade em adequar rapidamente os seus recursos a novas necessidades é notável, nunca deixa de ser feito o que tem que ser feito, no tempo em que deve ser feito.
Ainda há poucos dias, os menores não acompanhados chegados de campos de refugiados na Grécia, foram acolhidos, colocando o nosso País na linha da frente deste complexo processo, que exigiu e continuará a exigir de todos os parceiros envolvidos, entidades do Estado e IPSS, a capacidade de adequar recursos e procedimentos a esta nova realidade, que representa para todos nós um verdadeiro desafio, dadas as questões internas e internacionais que se colocam.
Esta é a realidade que felizmente outros olhares conhecem, de milhares de cidadãos deste País, mulheres e homens, voluntários e trabalhadores, crentes ou não crentes, de todos os quadrantes políticos que se têm dedicado ao outro, uma realidade progressivamente reconhecida pelo Estado e hoje garantida por um compromisso de cooperação.
É verdade que nem sempre temos conseguido garantir o tratamento adequado a todos nas suas necessidades específicas, no respeito da dignidade e garantia dos seus direitos, mas é nisso que todos estamos empenhados, acreditamos que o serviço público que as IPSS prestam de forma eficiente, deve ser mantido e aprofundado.
Manter e aprofundar a intervenção das IPSS, é uma questão de gestão inteligente dos recursos nacionais e sendo este setor Solidário, como parece ser, uma originalidade por esse mundo fora, não deve ser desperdiçado.
Nas nossas últimas Assembleias Gerais, tem sido manifestado por todos nós com determinação, a vontade de reforçar o papel das IPSS na garantia do acesso de todos ao Estado Social, de privilegiar esse acesso aos mais carenciados, de manter a cobertura Nacional, de garantir a sustentabilidade das Instituições, de reconhecer o papel dos seus trabalhadores através da contratação coletiva e salvaguardar a nossa identidade no contexto da economia social, garantindo sempre a representação do setor na “primeira pessoa”.
Assim será.
João Carlos Dias (Presidente Adjunto da CNIS)
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