ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA

Carros e camiões: a nova arma do terrorismo

O recente atentado de Westminster veio confirmar a impossibilidade, de uma vitória definitiva no combate ao terrorismo. Os grandes responsáveis pela política mundial não se cansam de prometer aos cidadãos que esse triunfo está próximo, mas quando o fazem, logo surgem notícias da ocorrência de mais um atentado que vem desmentir esse optimismo. Foi o que aconteceu recentemente em Londres. Mesmo admitindo que as suas consequências não foram catastróficas, se comparadas com outras ocorrências do mesmo género, a opinião pública europeia reagiu com sinais de grande perturbação e receio, efeitos que, de momento, parecem constituir o primeiro objectivo dos ataques deste tipo.

Nos últimos tempos, e a nível militar, o Daesh foi sofrendo sucessivas derrotas, tendo perdido já o domínio geográfico de algumas áreas da Síria e do Iraque que, apesar de pequenas, lhe davam argumentos para reclamar para si, embora sem qualquer fundamento jurídico ou político, o nome de Estado, e tudo indica que essas áreas de domínio geográfico vão encolher ainda mais, arriscando-se mesmo a desaparecer de todo. Apesar da militância e do fanatismo dos seus seguidores, aquele movimento radical não tem hipóteses de resistir militarmente ao poder da aliança internacional, que não obstante os muitos problemas que a sua criação teve de enfrentar, se formou contra ele.

Os líderes do chamado “estado islâmico” perceberam isso e tudo indica que já mudaram de estratégia. Convencidos de que uma vitória sobre o “inimigo” é impossível do ponto de vista militar, decidiram assumir-se apenas como movimento terrorista, que nunca deixou de ser, e para quem todos os meios são legítimos no combate aos infiéis, sobretudo do Ocidente. Nesta perspectiva mais redutora, decidiram utilizar novas armas neste combate, ou pelo menos juntar novas armas ao arsenal terrorista já conhecido. Uma dessas novas armas, de fácil acesso e aquisição, passou a ser a utilização de camiões e automóveis para seus atentados. Foi assim na Alemanha, na França e agora em Londres. Prepara-se um voluntário para a tarefa, escolhe-se um veículo e o local mais adequado em termos impacto público e, depois, é carregar sobre a multidão. E contra esta nova arma não há muitas defesas.

Certamente que os responsáveis operacionais do Daesh não vão insistir sistematicamente nesta opção “motorizada” para os seus ataques. O recurso aos métodos tradicionais vão continuar. Mas o grupo tem operacionais suficientemente fanáticos e criativos para utilizar novas “armas”. Este grupo e os restantes que mais ou menos mediaticamente continuam a semear a morte e o medo em várias regiões do mundo. O que justifica a afirmação de que uma vitória definitiva sobre o terrorismo é praticamente impossível.      

 

Data de introdução: 2017-04-14



















editorial

NOVO CICLO E SECTOR SOCIAL SOLIDÁRIO

Pode não ser perfeito, mas nunca se encontrou nem certamente se encontrará melhor sistema do que aquele que dá a todas as cidadãs e a todos os cidadãos a oportunidade de se pronunciarem sobre o que querem para o seu próprio país e...

Não há inqueritos válidos.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Em que estamos a falhar?
Evito fazer análise política nesta coluna, que entendo ser um espaço desenhado para a discussão de políticas públicas. Mas não há como contornar o...

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Criação de trabalho digno: um grande desafio à próxima legislatura
Enquanto escrevo este texto, está a decorrer o ato eleitoral. Como é óbvio, não sei qual o partido vencedor, nem quem assumirá o governo da nação e os...