Ao ser convidado para participar na edição do Solidariedade deste mês, ocorreu-me tratar vários temas, que atravessam hoje a sociedade portuguesa, mas resolvi destacar a questão das promessas da campanha eleitoral.
Os políticos, que estão agora no governo, prometeram que as camadas trabalhadoras e os portugueses com mais fracos recursos, "agora sim!", iriam ser ouvidos; prometeram que iriam inflectir nas políticas até então praticadas porque (apregoavam eles na campanha) já chegava de tanta injustiça social.
Infelizmente o que foi dito, pelos vistos, não era para se cumprir. Os dirigentes políticos, assim que eleitos, puseram uma vez mais na gaveta as promessas e aí estão, tal como antes das eleições, a fazerem praticamente a mesma política dos seus antecessores, implementando medidas contra aqueles que juravam ir defender.
E assim, aí estamos de novo com aumento de impostos, nomeadamente o IVA, em que vão continuar a sofrer os trabalhadores e outros que têm baixo nível dos salários, porque inevitavelmente tudo vai subir. Podem dizer: cá estão "eles" outra vez! Mas a verdade é que são sempre os mesmos que pagam a crise.
É um ultraje para todos aqueles que vivem do seus salários ou pensões. Apenas lhes toca a eles a crise, pois continuamos a assistir (particularmente por parte da banca e das grandes empresas, sustentáculos do capital) a pagamento de impostos sobre os lucros abaixo de outros sectores de actividade. Daí os estrondosos lucros que continuam a crescer nas mãos de alguns, situação a que urge por cobro. Qual a razão porque não são cobrados impostos diferenciados às empresas, independentemente da área do negócio que realizam? Assim, e só com esta medida, o Governo poderia arrecadar milhões de Euros e poderia fazer uma maior e melhor política social.
São as nossas Instituições que igualmente estão a ser discriminadas pela falta de apoio ao desenvolvimento da sua actividade.
É urgente e imperioso reforçar os apoios às IPSS para que possamos dar apoio àqueles que de nós necessitam e a quem nós propusemos a nossa solidariedade.
São milhares de horas de serviço de voluntários e de trabalhadores que connosco colaboram a servirem de almofada orçamental para que se enfrente uma política baseada, não no pobrezinho ou na caridade…(zinha), mas no direito que as pessoas têm em ter uma vida digna.
Não podemos baixar os braços, pois se o fizermos permitiremos que novos fossos sociais venham a aparecer, trazendo mais insegurança, mais infelicidade.
A hora é das Instituições de Solidariedade Social e de todos aqueles que connosco lutam por exigir uma política de inclusão das pessoas, e não apenas continuar a apostar em projectos que depois na sua execução prática servem apenas para encher uma ampola de oxigénio que depois de gasta deixa tudo na mesma.
* Membro do Conselho Nacional da CNIS
Data de introdução: 2005-07-30