CENTRO SOCIAL DA FREGUESIA DE FAMALICÃO, NAZARÉ

I Talento Sénior foi um êxito e é aposta de futuro

Com o passar dos anos e a entrada na velhice (leia-se, idade idosa, ou seja, «legalmente» depois dos 65 anos) começa a ter-se mais passado do que futuro, sendo que o presente ganha ainda mais importância. Por isso mesmo, há que viver o mais e melhor possível o presente, não deixando de olhar o futuro, assente numa nostálgica e reconfortante vivência do passado (assim como assim, é o grosso da vida de quem ultrapassou a barreira que dita a passagem à terceira idade).
E a iniciativa «I Talento Sénior», promovida pelo Centro Social da Freguesia de Famalicão (Nazaré), deu corpo a esta ideia, juntando-lhe a valorização dos idosos que participaram.
Esta primeira edição, que decorreu no passado mês de abril, no Pavilhão Gimnodesportivo da Nazaré, reuniu nove instituições do distrito de Leiria, num total de 250 pessoas.
Para além da instituição anfitriã, marcaram presença no concurso a Casa da Família (da Associação de Solidariedade Social de Acipreste), o Solar de Cister, o Lar de 3ª Idade da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, a Santa Casa da Misericórdia do Vimeiro, o Hotel Lar Picamilho, a Santa Casa da Misericórdia de Aljubarrota, o Lar de Fanhais e a Santa Casa da Misericórdia de Alfeizerão. Presente esteve ainda a Cercina e a Santa Casa da Misericórdia de Almeirim.
Inspirados pela participação, em 2016, no IV concurso Miss & Mister Sénior, organizado pela Cediara, de Albergaria-a-Velha, os responsáveis pelo Centro Social de Famalicão aventuraram-se a realizar, também eles, uma atividade do género, sem deixar de lhe dar um toque particular.
O «Talento Sénior» consistia na realização de quatro desfiles pelos utentes das diversas instituições presentes. Assim, pela passerelle desfilariam em traje típico, em roupa desportiva e em traje de gala. Por fim, uma prova/desfile de um talento à escolha de cada instituição.
Nesta última prova as participações foram bastante diversas, o que acabou por dificultar a tarefa do júri. Houve quem apresentasse números de dança, encenações musicais, demonstração de como se põe a mesa segundo as regras da etiqueta e desfile de trajes antigos, como aquele que uma senhora de 99 anos apresentou.
Provas à parte, era notória a satisfação dos participantes. Mais um dia diferente da maioria, em convívio com os seus pares e exibindo os seus dotes. Valente presente que deixas visitar o passado sem deixar de mirar o futuro.
E por falar em futuro, seria interessante as instituições, para além de replicarem ainda mais estes exemplos de boas práticas, equacionarem a sua realização em dias que os familiares e demais membros da(s) comunidade(s) pudessem assistir, emprestando assim um maior colorido e também um ambiente mais festivo ainda, afetuoso e… familiar.
O júri – composto por Regina Piedade, vereadora da Câmara Municipal da Nazaré, Filipa Lopes, dos quadros da autarquia nazarena e responsável pela Universidade Sénior, a Miss Portuguesa Cristiana Viana, Joaquim Paulo, do jornal Região de Cister, e Pedro Vasco Oliveira, do Solidariedade –, após aturada ponderação e uma sã discussão, deliberou atribuir os seguintes prémios: Simpatia - Hotel Lar Picamilho; Atitude - Casa Família (Associação de Solidariedade Social do Acipreste; Boa Forma - Santa Casa da Misericórdia de Aljubarrota; Beleza - Lar de Fanhais (a dita senhora dos… 99 anos); Criatividade - Solar de Cister.
A estas distinções juntaram-se ainda as três do Prémio Talento: 1º lugar – Santa Casa da Misericórdia de Alfeizerão; 2º lugar – Centro Social da Freguesia de Famalicão; 3º lugar – Santa Casa da Misericórdia de Vimeiro.
Era bem visível a satisfação de todos os envolvidos, em especial dos idosos. Pedro Rei, diretor-técnico da instituição anfitriã, resumiu o dia da seguinte forma: “Penso que esta primeira iniciativa correu muito bem, as instituições participaram, foram criativas, houve solidariedade entre elas e um espírito leve e muito agradável. A noção que tenho é que as pessoas levam daqui um dia diferente e bem passado”.
O responsável técnico pelo Centro Social de Famalicão afirmou ainda a vontade de repetir o evento no futuro, defendendo que a aposta é em proporcionar dias diferentes aos utentes: “Tentamos primar pela diferença e a diferença não é ser melhor do que os outros. Percebemos é que há uma lacuna que queremos preencher, porque os utentes que estão institucionalizados ou que estão em centro de dia não têm respostas, não têm local onde se encontrar e onde partilhar. Por vezes é difícil encontrar um espaço, é difícil trazer estes utentes para realizar atividades, pelo que tentamos marcar a diferença nesse ponto”.

 

Data de introdução: 2017-05-11



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE

As questões da sexualidade e das relações de intimidade das pessoas mais velhas nas instituições são complexas, multidimensionais e apresentam desafios para os utentes, para as instituições, para os trabalhadores e para as...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Orçamento Geral do Estado – Alguns pressupostos morais
Na agenda política do nosso país, nas últimas semanas, para além dos problemas com acesso a cuidados urgentes de saúde, muito se tem falado da elaboração do...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

O estatuto de cuidador informal necessita de ser revisto
Os cuidadores informais com estatuto reconhecido eram menos de 15 000 em julho, segundo os dados do Instituto de Segurança Social[1]. Destes, 61% eram considerados cuidadores principais e apenas 58%...