1. O Dia Mundial da Doença de Alzheimer é celebrado a 21 de setembro.
Pensa-se que existam cerca de 60 mil pessoas com doença de Alzheimer em Portugal, enquanto no mundo serão 35,6 milhões. Entretanto, estima-se que o número venha a duplicar até 2.030.
A Alzheimer é uma patologia do cérebro de causa desconhecida, com agravamento progressivo, lento e irreversível, que afeta principalmente as funções intelectuais: a atenção, a compreensão, a memória, a orientação e o pensamento. É a forma mais comum de demência, surgindo principalmente a partir dos 65 anos. Doença que ataca metade da população a partir dos 85 anos.
Não foi ainda descoberta a cura para esta doença, sendo que o tratamento é feito com recurso a fármacos que atenuam os seus sintomas.
2. A Demência é um conjunto de situações clínicas que pode incluir uma diminuição acentuada da memória, dificuldade de realizar as atividades comuns da vida diária, como vestir ou comer, e alterações da personalidade, humor ou comportamento, crónicos e progressivos. Estima-se que o número de pessoas com demência mais do que triplique até 2050, constituindo já uma das causas mais significativas de incapacidade nas pessoas de mais idade. A mais frequente, mas não única, é a demência associada à Doença de Alzheimer.
De entre os fatores de risco mais significativos, o mais importante é a idade – a partir dos 65 anos, a prevalência duplica a cada 5 anos – mas também fatores genéticos e outros fatores de risco como a diabetes, a hipertensão, a obesidade, a depressão e a baixa escolaridade, além dos hábitos mais ou menos saudáveis ao longo da vida, como o fumo do tabaco, o isolamento social e a inatividade intelectual e física.
Um outro fator de risco, para o qual há evidência científica, é o da institucionalização, pelo que se torna muito importante manter as pessoas, durante o maior tempo possível, no seu meio familiar e habitual de vida, e é premente o apoio aos prestadores de cuidados e o envolvimento, sensibilização e formação da comunidade, envolvendo nomeadamente o setor social e solidário, pelas suas inerentes características de proximidade e humanização, para melhorar os aspetos preventivos e de promoção da saúde e os cuidados aos doentes.
São fundamentais as práticas de um envelhecimento ativo e saudável, ao longo da vida, o diagnóstico precoce do risco e do aparecimento da doença, visando a implementação de medidas que minimizem o seu impacto, quer atrasando a sua progressão, quer modulando o seu curso e reduzindo os sintomas.
A falta de resposta às necessidades das famílias, sentidas e expressas, é muito relevante, pelo que se considera muito importante promover o levantamento dessas necessidades, bem como o estudo de caraterização de necessidades para a população em apreço.
Em consonância com as orientações técnicas nacionais e internacionais, a CNIS está a desenvolver todos os esforços para consolidar a sua afirmação neste domínio da saúde mental e da saúde e envelhecimento, no sentido da investigação, da parceria e da articulação de esforços, para a melhoria do apoio às IPSS que prestam cuidados nestas matérias. O objetivo é promover a melhoria dos serviços prestados à população afetada por demências e, bem assim, às suas famílias e prestadores de cuidados e apoio, de proximidade, na comunidade e em meio institucional, com a preocupação maior de promover o mais possível a autonomia, a independência e os direitos das pessoas e populações que cuidam, num quadro cada vez de maior humanização e qualidade de cuidados.
3. Envelhecer é um processo natural, inevitável e irreversível e não é sinónimo de doença. E, inquestionavelmente, o aumento da longevidade é uma das maiores conquistas da humanidade e um triunfo do desenvolvimento. Mas reconhece-se com facilidade que a qualidade de vida não vem acompanhando o crescente aumento da esperança de vida da população porquanto os idosos convivem durante mais tempo com doenças crónicas típicas da faixa de idade, nomeadamente com doenças mentais.
São muitos os desafios que se perfilam com o envelhecimento da população, até porque a partir de uma perspetiva pessoal, o envelhecimento tem uma dimensão existencial, que modifica a relação do individuo consigo mesmo, com o outro, com o mundo e com o tempo.
É preciso resistir e é preciso sonhar. Mais do que nunca é preciso ter coragem e força para enfrentar o presente e é preciso ter engenho para abraçar o futuro. É necessário alimentar os sonhos e concretizá-los dia-a-dia no horizonte de novos tempos mais humanos, mais justos, mais solidários.
São necessárias soluções médicas, sociais, económicas e políticas.
Sabem-no muito bem as Instituições de Solidariedade, que para a população idosa idealizaram várias respostas sociais e que vêm apoiando muitos idosos.
Cada vez mais e cada vez durante mais tempo muitos utentes apoiados pelas Instituições de Solidariedade são idosos que sofrem, também, de doenças mentais. Da Doença de Alzheimer, mas não só.
No apoio de dia, domiciliário, de noite e residencial urge-se um apoio integrado. De saúde e social. Com menos tabus e com mais recursos. Com menos inflexibilidade e com recursos mais especializados.
Urgência, também, na cooperação...
Lino Maia
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