ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA

A Coreia do Norte e as provocações

São tantas as guerras que se vão travando pelo mundo, que algumas delas já não têm um grande impacto junto da opinião pública. A não ser que o centro dos combates se situe muito próximo ou a opinião pública tenha acesso ao dramatismo das suas imagens, muitos desses conflitos já não provocam reacções generalizadas de pânico ou de alarme. De resto, poderá mesmo dizer-se que uma das consequências da multiplicação das notícias sobre guerras é precisamente a da sua banalização.

Hoje, o maior receio da Humanidade no que diz respeito à Paz no mundo, tem a ver, para a maior parte das pessoas, com o perigo de uma guerra nuclear. Na verdade, grande parte dos habitantes do nosso planeta tem consciência de que o mundo, tal como o conhecemos hoje, não sobreviveria a um conflito nuclear de grande dimensão e isso chega para justificar todo a angústia gerada à volta da possibilidade de uma guerra atómica.

Vem isto a propósito do agravamento das tensões entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos. O pretexto para esse agravamento, que não cessa de aumentar, têm sido os lançamentos repetidos e bem sucedidos, de mísseis nucleares cujo alcance é cada vez maior. O primeiro desses lançamentos ocorreu no dia 4 de Julho, e foi na linguagem provocatória dos responsáveis políticos norte-coreanos, uma espécie de presente para esses “bastardos” de Washington, em plena comemoração da sua festa nacional. Foi um aviso de que a distância já não chega para os americanos dormirem tranquilos quanto ao perigo dum ataque nuclear. Pelo menos, e para já, os americanos que residem ou trabalham no Alasca. Há poucos dias, o exército norte-coreano fez mais um lançamento que sobrevoou o Japão, o maior aliado dos Estados Unidos na Ásia.

Para Donald Trump, um homem demasiado cioso do seu poder e aparentemente incapaz de se conter, as provocações de Pyongyang devem ter sido extraordinariamente difíceis de ultrapassar, como se pode depreender das suas violentas ameaças ao líder do regime comunista norte-coreano. De qualquer modo estes sucessivos episódios serviram para duas coisas. Antes de mais, para demonstrar que, em momentos decisivos, até os responsáveis políticos que julgamos mais desequilibrados, como é o caso de Donald Trump, não podem reagir a quente a provocações demasiado perigosas para o presente e para o futuro do mundo. Depois, e de qualquer modo, servem também para lembrar que o nosso mundo pode ter de enfrentar uma ameaça contra a qual não há muita defesa.

Não conhecemos ainda tudo acerca do regime norte-coreano e do comportamento do seu líder, mas há motivos suficientes para temer que, apesar de todas as pressões internacionais, este possa levar as suas provocações demasiado longe…

 

 

Data de introdução: 2017-09-10



















editorial

NO CINQUENTENÁRIO DO 25 DE ABRIL

(...) Saudar Abril é reconhecer que há caminho a percorrer e seguir em frente: Um primeiro contributo será o da valorização da política e de quanto o serviço público dignifica o exercício da política e o...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Liberdade e Democracia
Dentro de breves dias celebraremos os 50 anos do 25 de Abril. Muitas serão as opiniões sobre a importância desta efeméride. Uns considerarão que nenhum benefício...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Novo governo: boas e más notícias para a economia social
O Governo que acaba de tomar posse tem a sua investidura garantida pela promessa do PS de não apresentar nem viabilizar qualquer moção de rejeição do seu programa.