Tem sido uma tradição ver a comunicação social a acompanhar com interesse a Via Sacra celebrada pelos sucessivos Papas na semana santa em Roma, uma vez que a mensagem papal dessa noite costuma ter presentes os maiores dramas humanos e sociais da Comunidade Internacional!
O Papa Francisco, com a sua habitual frontalidade, na noite da última Sexta-Feira Santa, foi especialmente duro na sua mensagem, ao afirmar:
“É vergonhoso dar como herança ao futuro um mundo fraturado por divisões e guerras, um mundo dominado pelo egoísmo onde os jovens, os fracos, os doentes e os idosos são marginalizados…Sintam vergonha por terem perdido a vergonha”.
Eis o contexto em que o Papa pronunciou estas denúncias:
- extermínio na Síria e falta de respeito ao direito humanitário para permitir que a população local tenha acesso à ajuda;
- confrontos entre Israel e Palestina com muitos mortos e milhares de feridos;
- a situação vivida no Iémen, país devastado por três anos de guerra;
- Crise política e humanitária na Venezuela, que o Papa classifica como uma “terra estrangeira” no seu próprio país;
Apesar de não se ter referido à grave crise de muitos sintomas de “guerra fria” que está ameaçar a paz internacional, as situações desumanas anteriormente referidas são motivo bastante para o seu apelo aos governantes das nações para que redescubram a capacidade de sentir vergonha pelo seu papel em relação aos problemas do mundo!
E concluiu o Papa: “…a vergonha deve ser vista como uma graça, uma virtude”!
Em face desta original e pouco habitual catequese do Papa sobre a vergonha, confesso que dá para entender melhor expressões como “desavergonhados” muitas vezes aplicadas a pessoas que desconhecem o sentido da palavra VERGONHA em comportamentos individuais, familiares e sociais!
Com a devida vénia do Papa Francisco, permito-me incluir nesta crónica algumas faltas de vergonha que têm acontecido neste país à beira mar plantado, atentatórias do bem comum, da justiça, da equidade, com a complacência de quem, sendo Poder, se tem revelado forte com os fracos, mas muito fraco com os fortes!
Como explicar o abuso de aumentos permanentes de impostos e taxas, obrigando muitos, demasiados portugueses, a viver a experiência amarga de desigualdades sociais para, com o seu sacrifício, ajudar a “limpar” contabilidades manhosas do “poder económico e financeiro” (PPP e Sistema bancário) que têm sabido obter de sucessivos governos luz verde para “privatizar lucros” e “nacionalizar prejuízos”!
É uma VERGONHA! NÃO HÁ DIREITO!
Pe. José Maia
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