Parece que o mundo ultrapassou recentemente mais uma crise ameaçadora para a Paz no mundo. Falamos, claro está, da surpreendente aproximação entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos. E se dizemos “parece” é porque o historial de Kim Jong-un não permite confiar em absoluto na sua conversão e na conversão do seu regime. Ainda há poucos dias, um alto responsável político norte coreano criticava a política de Washington em termos pouco compatíveis com o novo quadro de relações acabado de inaugurar. Por outro lado, e no que diz respeito aos Estados Unidos, começam a ouvir-se algumas vozes de aviso contra os excessos de confiança relativamente à Coreia do Norte.
Seja como for, é neste contexto que, apesar disso, é aparentemente favorável à Paz, que estamos a assistir à ameaça de uma outra guerra que parece não preocupar grandemente a Humanidade, mas cujo impacto não se deve subestimar. Falamos de uma guerra diferente, porque não se trava com armas mais ou menos modernas e letais em terra, no mar ou no ar, já que o seu campo de batalha se situa na esfera do comércio internacional. Trata-se de uma guerra em que os principais intervenientes são, naturalmente, as grandes potências económicas, com os Estados Unidos e a República Popular da China à frente da lista, mas cujos efeitos atingem, ou podem atingir, quase todos os países do mundo
Vivemos num tempo que é marcado, ao mesmo tempo, pela realidade da globalização e pela tentação do populismo nacionalista, uma espécie de religião que tem em Donald Trump um dos seus apóstolos mais fervorosos. Foi com a apologia deste nacionalismo, “a América primeiro”, que ele venceu as eleições que o levaram à Casa Branca, e bem se pode dizer que, pelo menos até agora, ele não atraiçoou esta “religião”, embora a sua fidelidade àquele princípio já tenha acarretado muitos e graves prejuízos à imagem o seu país. Daí, não se poder dizer que esta fidelidade deva ser entendida como um elogio. Bem pelo contrário.
Foi em nome desta fidelidade que ele decidiu abrir, na área do comércio internacional, uma guerra contra diversos países, incluindo a China, vítima principal das novas taxas alfandegárias aplicadas a produtos exportados para os Estados Unidos, taxas que foram criadas em nome da defesa das empreses norte-americanas. Mas se a China foi o alvo principal desta nova política de Trump, ela atingiu mesmo países amigos e aliados, o que provocou já graves perturbações no quadro das relações internacionais.
Naturalmente, a primeira reacção da grande maioria dos empresários e trabalhadores americanos foi de aplauso a estas medidas proteccionistas. E assim será, pelo menos até estes sentirem o impacto da resposta que vão receber de países atingidos por elas…Uma coisa porém é certa: vivemos sob a ameaça de uma guerra comercial de consequências que podem ser muito graves.
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