Inspirei-me nesta mensagem de S. Marcos (9.38-40) para partilhar com os leitores do SOLIDARIEDADE um processo de análise de comportamentos humanos que não é muito habitual na abordagem de quem faz sondagens para interpretar o sentir mais comum de grupos e/ou multidões, sobretudo em momentos que antecedem a realização de eleições.
Não deixa de ser curioso o contexto em que esta mensagem foi produzida por S. Marcos, a saber: a manifestação de ciúmes, por parte dos discípulo de Cristo, por verem que, afinal, não era deles o “exclusivo de fazer milagres”, uma vez que outros, que não eram do seu grupo, também faziam o bem em benefício do povo!
Esta dialética entre “os nossos” e “os deles” continua a servir de referência para classificar comportamentos humanos, ao nível religioso, social, político, desportivo, etc!
Curiosamente, a frase dita por Jesus (referida no título desta crónica), costuma ser desvirtuada ao ser substituída por esta versão: ”quem não é por nós, é contra nós”!
Aos mais diversos níveis de comportamentos humanos, será fácil concluir que há muito mais gente do que imaginamos disponível para conhecer melhor os nossos pontos de vista, as nossas ideias e os nossos valores, ou seja, gente que não é contra nós…mas de nós espera que as nossas obras e posicionamentos de vida pessoal e coletiva nos confiram autoridade ética e moral que os convençam a associar-se às nossas CAUSAS!
Felizmente, o tempo dos proselitismos, a todos os níveis, passou à história! E desengane-se quem considera que o “proselitismo” foi apenas uma prática da Igreja!
Partidos políticos, clubes desportivos, movimentos laicos, agnósticos e maçónicos são todos “praticantes” desta espécie de proselitismo que distingue e qualifica “os nossos” e “os outros”!
Há ainda um longo caminho a percorrer na qualificação da nossa cidadania, de modo a que o direito à diferença e o direito à igualdade de oportunidades e à cultura de uma prática inclusiva que não exclua ninguém do convívio humano, a partir da suas diferenças e diversidades!
Pensando bem…talvez possamos concluir que, afinal de contas, haverá mais gente a nosso favor do que contra nós, se a nossa visão da Vida e do Mundo não se deixar contaminar por “miopias ideológicas” e de “grupos ou classes”!
Pe. José Maia
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