O Governo Regional dos Açores criou uma lista única para acesso aos lares de idosos na ilha Terceira, o que permitiu apurar o número real de utentes em espera, e a iniciativa será alargada a outras ilhas.
"Permitiu apurar que dos 675 utentes inscritos a 10 de dezembro, apenas 153 estavam efetivamente em lista de espera a 03 de janeiro. Os restantes 522 diziam respeito a inscrições repetidas em várias instituições e a desistências por já terem sido admitidos ou encontrarem uma resposta mais adequada à sua situação", adiantou a secretária regional da Solidariedade Social, Andreia Cardoso.
A governante falava, em Angra do Heroísmo, na apresentação do balanço dos primeiros seis meses do projeto piloto desenvolvido pelo Instituto de Segurança Social dos Açores (ISSA), em parceria com as oito Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e Misericórdias da ilha Terceira que têm protocolos de cooperação com o executivo, com vista à criação de um sistema centralizado de gestão de vagas em estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI).
Segundo Andreia Cardoso, foi o aparente elevado número de inscrições e o tempo de resposta prolongado que levaram o executivo açoriano a promover este projeto, que acabou por apurar que muitas das inscrições estavam repetidas em várias instituições e que algumas pessoas poderiam ter acesso a outro tipo de respostas.
"A maior vantagem deste sistema passa por ser uma forma eficaz de identificar o número real e fidedigno de utentes inscritos, com interesse na integração em lares de idosos e aferir a efetiva necessidade de admissão", salientou.
O novo sistema garante que o utente possa escolher a instituição em que quer ser acolhido, mas permite a inscrição numa lista única para que possa ser integrado mais rapidamente num dos lares existentes, assim que abra uma vaga.
São também definidos critérios de prioridade, como o grau de dependência, o apoio familiar e a vulnerabilidade socioeconómica de cada utente, e enquanto não existir uma resposta num lar de idosos, é criado um plano de apoio complementar, que inclua, por exemplo, assistência no domicílio.
A secretária regional salientou que o sistema "garante respostas mais rápidas em situações que justifique o acolhimento de urgência e permite identificar as necessidades de apoio intercalar até à efetivação do acolhimento", acrescentando que também "facilita a adequação das respostas à efetiva necessidade, que pode passar pelo acolhimento em lar ou pelo encaminhamento das situações para outras respostas melhor ajustadas à situação em causa".
Nos primeiros seis meses do projeto, foram integrados 48 utentes nos oito lares de idosos da ilha Terceira e 56 inscrições foram arquivadas, por se terem encontrado outro tipo de respostas.
A lista de espera é atualmente de 74 utentes (40 anteriores a 2019 e 34 inscritos já este ano), sendo que "apenas um deles se encontra numa situação de verdadeira urgência", segundo Andreia Cardoso.
De acordo com a governante, a possibilidade de reforço no número de vagas contratualizadas com o Governo Regional em lares de idosos ou noutro tipo de valências será avaliada no final do projeto piloto, em dezembro de 2019, mas numa primeira análise o número atual parece dar resposta às necessidades.
"Na ilha Terceira, ao longo destes seis meses tivemos quase 50 admissões, o que revela que a rede de apoio social na ilha Terceira, ao nível das estruturas residenciais para idosos, é uma rede bastante robusta e que corresponde efetivamente às necessidades da população, sendo certo que há um trabalho que ainda não está fechado", avançou.
Questionada sobre o número de idosos em lista de espera nos Açores, Andreia Cardoso disse que o número fidedigno não é conhecido, porque podem haver repetições noutras ilhas, como se verificou na Terceira, mas anunciou a intenção de alargar o sistema centralizado a outras ilhas, a começar já pela de São Miugel, a mais populosa do arquipélago.
"Acreditamos estar em condições para iniciar de imediato a implementação deste sistema centralizado de gestão de vagas na ilha de São Miguel para que esta uniformização de procedimentos de inscrição e acesso de candidatos a lares de idosos e gestão de listas de inscritos comuns às entidades aderentes permita otimizar os serviços prestados para o aumento da qualidade na gestão de processos e sobretudo na vida dos idosos daquela ilha", adiantou a titular da pasta da Solidariedade Social.
Segundo Andreia Cardoso, será criada ainda uma plataforma digital, para que a população não tenha de se deslocar a uma IPSS ou Misericórdia para registar a inscrição na lista única.
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