Nos anos 80, com a aprovação pelas Nações Unidas do Relatório sobre Ambiente e Desenvolvimento, deu-se um impulso político ao conceito de sustentabilidade. Pouco depois, em 1992, teve lugar no Rio de Janeiro a primeira Cimeira da Terra. Estes passos iniciais deram lugar a uma forte sucessão de acordos e tentativas de acordos internacionais sobre os problemas do ambiente e da energia à escala mundial.
Hoje, em especial com os fenómenos extremos de temperatura, com as chuvas torrenciais, com o degelo crescente, os factos são tão evidentes que já ninguém duvida que as emissões poluentes que nas últimas gerações foram lançadas para a atmosfera, bem como com os resíduos atirados aos mares e aos solos, iniciou-se um ciclo de destruição da natureza que inviabiliza a qualidade de vida das populações.
Urgem medidas políticas enérgicas e concertadas com todos os países e em todos os sectores de atividade, sob pena de nos estarmos a auto destruir.
As instituições de solidariedade não podem ficar alheias a este fenómeno. Temos por isso que traçar objetivos específicos, progressivos e muito firmes. Cientes de que temos que realizar investimentos, desejavelmente apoiados, de modo a que se reduzam as emissões e se fomente ao mesmo tempo o uso de energias renováveis nas atividades do nosso sector.
Temos entre outras medidas, que apontar nos seguintes temas:
- aproveitamento dos telhados e coberturas das nossas instalações para a produção de energia solar, seja para auto consumo ou para venda à rede.
- utilização progressiva de viaturas elétricas ou de outras de sistemas híbridos ou de baixas emissões.
- introdução de biomassa (estilhas de madeira e pellets) para aquecimento de piscinas, em especial nas valências que delas precisam no trabalho com deficientes entre outros.
- apostar na produção de alimentos de base vegetal, especialmente nos terrenos próprios de algumas instituições.
- aproveitar o sol para as águas de aquecimento, sem gastar combustíveis.
- apostar na melhoria do comportamento térmico dos edifícios e instalações.
- incrementar campanhas de plantação de árvores.
- substituir sistemas de iluminação de sódios e mercúrio para leds.
- assumir uma filosofia de economia circular nos fluxos das instituições, com reaproveitamento dos resíduos de umas atividades para matérias essenciais para outras.
- fazer a adequada separação para recolha seletiva dos resíduos não aproveitados na própria instituição.
-gerar por compostores orgânicos o aproveitamento dos sobrantes de cozinha
Mas para o êxito destas e de outras ideias temos que envolver os colaboradores nestes objetivos. Para tal há que motivá-los e dar-lhes a adequada formação.
Algumas destas medidas têm que ser apoiadas com incentivos por parte das entidades oficiais.
A fiscalidade que incide sobre estas atividades tem que ser revista e deve gerar incentivos pela positiva, o que atualmente não acontece.
As taxas de IVA sobre os consumos de energia ou sobre a aquisição de viaturas menos poluentes são exemplos a ponderar.
Deveria em cada instituição ser feito um ponto de situação das emissões atuais com um diagnóstico específico de como melhorar esse balanço progressivamente, com cálculos económicos, de redução de emissões e de mudança de comportamentos.
Poderíamos replicar os bons exemplos e premiar simbolicamente os mais audazes nos resultados obtidos.
Um futuro Compromisso de Cooperação com o Estado, talvez tenha de ter também o Ministério do Ambiente e o das Finanças como subscritores a assumirem em conjunto com as IPSS objetivos concretos e ajudando à sua concretização.
A Cooperação com o Estado no domínio da mudança climática suscita outras dimensões de compromisso, para além das clássicas matérias da ação social, da saúde e da educação.
A produção dos nossos serviços e os equipamentos e instalações que usamos têm que merecer uma reflexão profunda. Não nos podemos alhear de um problema que é de todos.
Os milhares de edifícios que temos, as dezenas de milhares de viaturas que gerimos e as toneladas de resíduos que produzimos devem ser matéria para repensar soluções à luz das mudanças em curso.
A solidariedade tem hoje uma dimensão cada vez mais transversal e a resolução das grandes questões ambientais implica com todos nós e com as nossas instituições também.
José Macário Correia
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