CASCB – CENTRO DE APOIO SOCIAL DO CONCELHO DE BEJA

O SAD é essencial para dar qualidade de vida aos nossos idosos

«Cuidar dos nossos idosos é respeitar o nosso próprio futuro» é o lema do Centro de Apoio Social do Concelho de Beja (CASCB), instituição que nasceu do impulso inicial de quatro freguesias bejenses. Derivou de um projeto da Câmara Municipal de Beja (Integrar Medida 1), que contemplava o apoio ao desenvolvimento social. Com o fim do projeto em 1999, os presidentes das Juntas de Freguesia envolvidas, entenderam desenvolver esforços para que em conjunto se encontrasse uma solução para assegurar a continuidade do apoio domiciliário aos idosos das quatro freguesias envolvidas.
“O Centro nasceu da parceria entre as quatro freguesias do concelho de Beja, Albernoa, a qual eu presidia na altura, Beringel, Mombeja e Baleizão. Esta freguesia acabou por ficar de fora, porque chegámos a acordo com uma outra associação que lá existia com a mesma resposta, pelo que foi uma solução mais eficiente, face ao número de utentes e de funcionários, que integrámos em Baleizão. É uma grande distância que nos separa e, como havia lá uma instituição com a mesma resposta, não se justificava ficar lá”, conta António Custódio, presidente do CASCB, recordando ainda que, “um ano e meio depois, mais três freguesias São Matias, Trindade e Santa Vitória envolveram-se no projeto, formando os técnicos e funcionários. Como já existíamos, essas freguesias juntaram-se e é o que temos hoje, seis freguesias envolvidas”.
Da cooperação entre o município de Beja, a Associação Alentejo XXI e as quatro freguesias fundadoras, a instituição arrancou, suportada financeiramente pela Câmara e pelas quatro juntas de Freguesia, até que em julho de 2000 lhe foi reconhecido o estatuto de IPSS e estabelecido o protocolo de cooperação com a Segurança Social.
Desde, então, o Serviço de Apoio Domiciliário, a única resposta social que a instituição desenvolve, funciona todos os dias do ano, fins-de-semana e feriados incluídos, e recentemente, para além das seis freguesias que integram o Centro, estendeu a sua ação a mais duas: Trigaches e São Brissos.
O SAD do CASCB presta quatro serviços aos cerca de 140 utentes inscritos: alimentação, higiene pessoal, higiene habitacional e lavandaria.
“Temos quatro lavandarias, ou seja, uma aqui na sede em Beringel, outra em Albernoa e ainda outras duas em Santa Vitória e em São Matias. Esta localização prende-se com o número de utentes que servimos em cada freguesia. Já em termos de cozinhas, temos duas, uma aqui na sede que dá apoio a Santa Vitória, São Matias e Mombeja, e outra em Albernoa que dá apoio à freguesia e a Trindade”, explica o líder da instituição, que lembra ainda o protocolo com a autarquia para fornecimento de refeições às escolas: “Com a Câmara Municipal temos um protocolo estabelecido para fornecimento de refeições nas escolas, para o Pré-escolar e 1º Ciclo, que são aqui confecionadas e entregues nas escolas localizadas onde temos idosos”.
Neste particular, na cozinha de Beringel são confecionadas 105 refeições/dia e na de Albernoa mais 30, depois entregues nos estabelecimentos de ensino.
Desde que nasceu, o CASCB tem crescido paulatinamente, abarcando mais território e utentes e fá-lo há duas décadas.
“Têm sido 20 anos de muita dificuldade, porque, ao longo destas duas décadas, fomo-nos adaptando às novas realidades que foram surgindo. Daí termos crescido, sem dúvida. Basta olhar para os números de utentes, funcionários [42 no momento atual], viaturas, quilómetros percorridos. Cada viatura das nove que temos faz uma média de 25 mil quilómetros por ano”, afirma António Custódio, deixando um lamento: “Uma das grandes dificuldades que sentimos é com o parque automóvel, porque sempre que precisamos de fazer uma troca de viatura, as dificuldades são muitas. Raramente conseguimos adquirir viaturas novas, são em segunda mão, em bom estado e que nos dão garantias face aos meios financeiros disponíveis”.
A escassez de meios leva os dirigentes do CASCB a fazerem uma gestão muito rigorosa e “não se gasta mais do que se recebe”.
“Não temos dívidas, apesar de todas as dificuldades. Há muitos anos que fechamos as nossas contas sempre com saldo positivo, não é muito mas é alguma coisa, e não temos dívidas nem a funcionários, nem a fornecedores. Isto é muito importante para termos condições para cumprirmos o serviço. Muitas vezes perguntam-me como é que conseguimos suportar uma casa destas com a dimensão que ela tem, pois estamos bastante dispersos no território. Só entre Beringel e Albernoa são quase 40 quilómetros”, argumenta, acrescentando: “Com a dedicação e a responsabilidade da Direção e da equipa, temos levado o barco a bom porto. A casa é gerida ao milímetro, e sei porque estou cá desde a fundação, e tem sido um trabalho sempre no sentido de não termos dívidas. Posso afirmar que 80% dos gastos que temos no Centro são pagos no momento da entrega da fatura”.
O único património que o Centro detém são as viaturas, de resto nenhum dos edifícios que ocupa é da instituição: “Isto é uma parceria que temos com as freguesias, que nos cedem espaços, muitas pagam a água e a luz e, parecendo que não, é uma ajuda importante e há que reconhecê-lo”.
Por tudo isto, António Custódio assegura que “a situação financeira do Centro é estável, não dá para grandes investimentos, especialmente nas viaturas, mas assegura-nos o dia a dia com horizonte de futuro”.
A situação financeira dificilmente poderia ser muito desafogada face à população que a instituição serve.
“As reformas é o que toda a gente sabe, são as reformas dos meios rurais que nunca foram muito abonatórias. São reformas que rondam os 300, 400 euros. Obviamente, no cálculo da prestação do utente esse fator entra em conta, pelo que as comparticipações são sempre baixas. Há sempre exceções, mas mais de 80% dos utentes são pessoas com reformas baixas”, sustenta, referindo, do total de utentes, “um número relativamente elevado está só, mas há também uma franja grande que tem acompanhamento familiar”.
Esta questão do acompanhamento familiar é essencial para António Custódio.
“É elemento é essencial, porque, apesar de trabalharmos 365 dias por ano, não o fazemos 24 sobre 24 horas. Temos um horário alargado, das 8h00 às 20h00, trabalhamos com dois turnos para assegurar todos os destinos. No entanto, as populações sabem que, apesar das rotas a percorrer, nós estamos sempre disponíveis para acudir a uma situação de maior emergência”, assegura.
António Custódio considera que o objetivo e a grande virtude do serviço que a instituição presta estão na qualidade do mesmo.
“Conseguirmos dar um serviço de qualidade aos utentes, ajudá-los e resolver-lhes os problemas o mais rapidamente possível é a nossa virtude. Isso é um trabalho que fazemos e que é reconhecido pelos nossos utentes e pela comunidade”, afirma com orgulho.
O modelo do Serviço de Apoio Domiciliário é, de todas as respostas sociais típicas, a que há mais tempo está há mais tempo a ser estudado no sentido de o tornar mais eficiente e eficaz. No entanto, a demora tem desesperado os dirigentes das instituições, pois todos consideram esta uma das mais importantes valências de apoio à população idosa.
E como seria possível melhorá-lo? “Em primeiro lugar, passaria por mais meios financeiros, porque quando há mais dinheiro as coisas melhoram logo ou, pelo menos, têm essa obrigação. Isso faria com que muitas coisas mudassem logo à partida. Por exemplo, em vez de carrinhas em segunda mão tinha novas e quando fosse necessário trocar fazia-se logo. Isso dar-nos-ia uma capacidade de resposta de qualidade em termos de meios e de tempo gasto”, defende, acrescentando: “Sem mais meios financeiros deve ser muito difícil. Isto se as instituições não tiverem viradas para o crédito e para se endividarem, mas não acho que esse seja o caminho. Se conseguirmos servir com qualidade dentro da capacidade que temos, está tudo bem, agora há instituições que se endividam por tudo e por nada. Havia por aqui algumas assim e que acabaram por cair. Quando se quer dar um passo maior do que a calça, o tecido não dá e rasga”.
E como seria o concelho de Beja sem o Centro? “Penso que tínhamos uma dificuldade muito grande, até ao nível das juntas de Freguesia, porque isto nasceu da iniciativa de quatro juntas de Freguesia, pois sabiam as dificuldades que tinham pela frente e não estão vocacionadas para este tipo de resposta social. O concelho de Beja, se acabasse um serviço destes, ia ter muita dificuldade em fixar as pessoas, porque só o internamento não chega”, argumenta António Custódio, enfatizando a importância da instituição criada em 1999: “Foi muito importante e muito bom este projeto ter aparecido e as pessoas, em regra geral, reconhecem que este serviço é uma mais-valia para ajudar as pessoas que estão sozinhas nas suas habitações. Este foi um projeto grande e espero que os responsáveis deste país, nas autarquias e no Governo, não deixem cair esta resposta social e deviam olhar para ela como um serviço para o bem do país. Toda a gente sabe que o custo ao Estado de um utente em SAD é muito menor do que o de um em internamento. Portanto, o Estado tem toda a obrigação e o direito de defender o Apoio Domiciliário. Para além de ter menos despesa, acaba por prestar um serviço essencial e por dar melhor qualidade de vida às pessoas, que é mantê-las em casa”.

 

Data de introdução: 2019-10-03



















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