No último dia de Natal, por ocasião da bênção Urbi et Orbi, o Papa Francisco lembrou as suas grandes preocupações, face aos problemas que atingem hoje, de modo muito particular, algumas regiões do mundo. É certo que a maior parte dessas preocupações não constituíram propriamente uma novidade para a maioria das pessoas que vão acompanhando diariamente a vida internacional, mas a verdade é que as referências públicas do Papa a esses problemas servem ao menos para recordar as situações dramáticas, e muitas vezes esquecidas, em que vivem milhões de pessoas.
Alguns desses problemas motivam um maior interesse da Comunicação Social e são por isso mais conhecidos, seja pela dimensão de que se revestem, seja pela área geográfica e política em que se situam. Outros não merecem uma atenção tão grande, e arriscam-se mesmo ao esquecimento, pelo menos até ao momento em que algumas das grandes potências do mundo deem sinais de uma preocupação que normalmente tem motivações políticas, militares ou económicas. De acrescentar, por último, o peso diferente que as alianças históricas baseadas na religião têm nessas preocupações.
Na rápida volta ao mundo que fez por ocasião da sua bênção natalícia “Urbi et Orbi”, o bispo de Roma não se ficou pelos graves problemas que enfrentam hoje as comunidades cristãs em geral e as católicas em particular, algumas das quais são vítimas da perseguição e da intolerância das próprias autoridades oficiais, como acontece nomeadamente em alguns países da Ásia e da África. Mas o Papa Francisco não esqueceu também as dificuldades que enfrentam os habitantes de outros países, independentemente da sua religião, como que assumindo as suas próprias dores.
É verdade que os problemas decorrentes da violência que há anos vem martirizando a “amada” Síria e os que resultam da guerra civil que martiriza o Iémen já não são novidade, como já não são novidade os conflitos entre judeus e árabes na Palestina. Pouca gente, no entanto, terá hoje uma ideia dos perigos para a Paz no Médio Oriente visíveis agora no Líbano, um país que ainda não há muito era conhecido como a Suíça daquela região pelo seu nível económico e financeiro, mas sobretudo pelo clima de tolerância que marcava as relações entre comunidades religiosas diferentes, cristãs e não cristãs, num cenário que já deixou de existir.
Em dia de Natal, o Papa Francisco assumiu, pois, um papel de pastor universal, preocupado com o presente e o futuro de todos os homens, justificando assim a razão pela qual a Igreja de Jesus Cristo se chama Católica.
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