ELEUTÉRIO ALVES, VICE-PRESIDENTE DA CNIS, E O MOMENTO ATUAL

Lares e UCCI deviam ser prioritários no acesso a material de proteção individual

A CNIS continua preocupada com “a falta de equipamento individual de proteção nas instituições”, que, tal como as demais entidades, “foram apanhadas de surpresa e desprevenidas”, começa por dizer, ao Solidariedade, Eleutério Alves, vice-presidente da Confederação.
“As instituições não tinham luvas, máscaras e gel desinfetante em quantidades tais que pudessem responder a esta situação e o mercado não respondeu”, sustenta, revelando o que se tem passado: “Por um lado, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) absorveu tudo e, por outro, a especulação que tem existido em torno desses produtos é inaceitável e condenável”.
O vice-presidente da CNIS refere que “há empresas a pedirem pagamento à cabeça, mas apenas entregam os produtos passadas uma semana ou duas”. Porém, mais grave: “Os preços pedidos são quatro, cinco ou seis vezes superiores ao que era habitual”!
A CNIS está no terreno e já procedeu a um levantamento das necessidades de luvas, máscaras e gel desinfetante.
“São muitas as necessidades, como se pode imaginar, e a CNIS já enviou ao Governo essa listagem”, afirma Eleutério Alves, que deixa um alerta: “O Governo devia considerar os lares de idosos e as unidades de cuidados continuados integrados (UCCI) como prioritários neste combate e ter o mesmo tratamento dos equipamentos do SNS”.
Quanto aos planos de contingência, o «vice» da CNIS está convicto que “as instituições associadas todas já os implementaram”, aliás, “já antes disto as instituições os tinham até para outra qualquer situação”.
Eleutério Alves defende que “todas as instituições sabem comportar-se nesta situação e não é por falta de planos de contingência e empenho de todos que a situação se agravará”.
A CNIS já identificou um outro problema a que é preciso dar atenção e que é “o problema com o pessoal”.
Ou seja, “apesar dos lares e das UCCI terem os quadros de pessoal completos, até porque lhes é exigido, tem havido ruturas em algumas instituições, com alguns trabalhadores a terem que ficar de quarentena”.
Para piorar as coisas, “não há candidatos”, afirma, acrescentando: “Já havia falta de mão-de-obra, com poucos candidatos antes desta situação, mas agora piorou. Ainda para mais, por causa da doença as pessoas têm receio”.
Num esforço para que a vida dos utentes seja o menos alterada possível, “algumas instituições já acordaram com os trabalhadores para estes ficarem a pernoitar nas instituições, como forma de salvaguarda”.
Neste sentido, Eleutério Alves deixa uma palavra de apreço para “dirigentes e trabalhadores pelo esforço e dedicação neste momento difícil para todos”, pelo que “as instituições têm dado e dão garantias de segurança”, para além de que estão dispostas a “apoiar na resolução de outros problemas a nível social”.
A CNIS está no terreno, estando “a receber muitos pedidos de orientação a que tem dado resposta”. Também a CNIS implementou o seu plano de contingência, pelo que os serviços na sede são assegurados por uma pessoa rotativamente.
O vice-presidente da CNIS refere-se ainda a uma questão que tem suscitado muitas dúvidas no seio das IPSS e que se prende com as prestações mensais dos utentes, em especial no que às respostas de infância diz respeito.
Com as creches, pré-escolar e ATL encerrados, muitas instituições querem saber como proceder na hora de cobrar as prestações aos utentes.
“Este é um assunto que preocupa a CNIS e já o colocou à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Para já, há a garantia do Governo de cumprir com os acordos de cooperação. No entanto, sabemos que dois terços dos custos dessas respostas são cobertos pela comparticipação familiar”, argumenta, avançando com a visão da CNIS sobre a situação: “A orientação da Confederação é para que as instituições deviam cobrar uma percentagem da prestação mensal. Até para não haver desistências e para que as famílias se sintam interessadas em manter a inscrição. No entanto, esta é uma matéria da autonomia de gestão que cada instituição tem”.
Por fim, e em virtude de os serviços estarem a funcionar em plano de contingência, as informações da CNIS para as associadas será feito a partir dos sites da CNIS e do jornal Solidariedade.

 

Data de introdução: 2020-03-23



















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