Criada a 15 de Janeiro de 1981, a União das Instituições Particulares de Solidariedade Social elegeu os seus primeiros corpos sociais oito dias depois, em Assembleia Geral realizada no Centro de Caridade da Nossa Senhora do Socorro, no Porto, com uma única lista a sufrágio, encabeçada pelo padre Orlando Mota e Costa.
A 17 de Novembro de 1984, no Centro Social de S. José, em Coimbra, a União elegeu Ernesto Marques Campos, o único laico a liderar a UIPSS.
O padre José Martins Maia, na Assembleia Geral de 6 de Fevereiro de 1988, realizada no Seminário Maior de Coimbra, foi eleito para o primeiro de cinco mandatos. Foram 14 anos de presidência que culminaram com a transformação da UIPSS em CNIS.
A 23 de Novembro de 2002, em Fátima, realiza-se uma Assembleia Geral extraordinária, com 278 instituições presentes, que aprova os Estatutos e a designação CNIS/UIPSS.
Nos dias 24 e 25 de Janeiro de 2003, o Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, acolheu o I Congresso da CNIS/UIPSS, no qual foram eleitos e tomaram posse os primeiros órgãos sociais da estrutura liderados pelo padre Francisco Pereira Crespo.
A 28 de Janeiro de 2006, no II Congresso da CNIS, é eleito como presidente o padre Lino Maia que se mantém na liderança da Confederação até hoje.
Recorda-se da sua chegada à presidência da CNIS?
PADRE JOSÉ MARTINS MAIA - Apesar de na altura não estar no país, estava em São Tomé e Príncipe, recordo que foi aqui no Porto que teve lugar a primeira reunião para a constituição da União das Instituições de Solidariedade Social. Foi o padre Marinho Cia, com o padre Orlando Mota e Costa, que faleceu recentemente, desde a primeira hora muito ligados ao movimento, que organizaram essa primeira reunião. As instituições foram-se associando, a sede ficou no Porto, até hoje. Teve vários dirigentes, como o padre Orlando que foi o primeiro presidente da União, depois o Dr. Ernesto e depois assumi eu a presidência e, de facto, estive alguns anos na liderança. Essa União transformou-se em Confederação em 2003. Eu andei por aí acompanhado de muitos outros dirigentes e recordo esses tempos com a sensação de dever cumprido. Vejo com agrado que ainda há no ativo muitos dirigentes com quem tive o privilégio de trabalhar. Demos um contributo, em boa hora, à solidariedade do país.
Sente que deu a essa organização uma dimensão nacional com influência política?
Na altura fui-me apercebendo, nas reuniões em que participávamos, que havia uma certa conversa que não me agradava muito. Já na altura, se calhar mais do que agora, - ou talvez não, que isto agora também não está bom -, havia uma vontade dos organismos do Estado em pôr a pata, salvo seja, nas instituições de solidariedade. Houve necessidade de defender sempre a autonomia das IPSS. O decreto-lei 119/83, era o decreto-lei pelo qual nos batíamos todos, exatamente por causa dessa dificuldade. Era uma tentação normal do Estado, e dos seus funcionários, que considerava que a participação financeira que tem nas despesas das IPSS em prol das comunidades, lhe dava o direito de mandar nas instituições. Foi uma luta dura e só ao cabo de muitos anos é que conseguimos o grito de Ipiranga para nos libertarmos gradualmente dessas garras dos funcionários, sobretudo da Segurança Social. Foi uma pedagogia que se fez e que levou à motivação das pessoas e instituições. Essa vontade de identidade e a fuga ao domínio do Estado congregou muita gente de muitas instituições do país que posteriormente contribuiu para a constituição da CNIS, uma forma superior de organização quer sedimentou várias conquistas ao nível político. Por exemplo, a conquista de um lugar no Conselho Económico e Social.
Um dos instrumentos mais importantes foi o Pacto de Solidariedade que faz 25 anos. Lembra-se desse momento?
Se lembro... Esse pacto surgiu nesta onda crescente do reconhecimento das IPSS pelo valor do seu trabalho. Foi em Fátima numa Assembleia Geral para debater situações das IPSS, era primeiro-ministro António Guterres, com quem tínhamos estabelecido aproximações importantes, a ponto de ele ter ido a Fátima ouvir-nos exigir um estatuto próprio. Ele foi sensível e entendeu a importância do Pacto de Cooperação de Solidariedade Social que é uma espécie de Concordata que, independentemente de governos e ministros, era uma plataforma que reconhecia o papel das instituições e das suas organizações representativas, bem como outros parceiros como as Misericórdias e as Mutualidades que também foram abrangidas.
Esteve 14 anos à frente da União e promoveu a passagem para a CNIS. Desses tempos quem recorda como personagens importantes para este setor social solidário?
Foram muitas pessoas. Recordo o ministro Silva Peneda porque foi com ele que iniciámos esta batalha da autonomia das IPSS e da própria União e depois Confederação. Nós tínhamos uma boa relação, independentemente dos partidos no poder e dos governantes. Recordo Rui Cunha, um secretário de Estado muito empenhado na Cooperação, o próprio ministro Ferro Rodrigues... enfim, os governantes a princípio manifestavam desconhecimento do sector, mas depois entendiam os nossos propósitos e o diálogo era fácil. Houve alguns que não entenderam mas a vida é assim... Julgo que se conseguiu para as instituições um patamar de organização que acautela bem os seus interesses.
Como avalia estes últimos anos da CNIS?
Tem conseguido os seus intentos. Houve vários dirigentes, concretamente o cónego Crespo e o padre Lino Maia. Quero aproveitar para dar uma palavra de muito apreço ao Lino Maia a quem, apesar da saúde bastante débil, reconheço o empenho, a inteligência e a estratégia. Fui muito bem substituído por alguém mais inteligente do que eu e com uma estratégia que se tem revelado adequada em tempos mais difíceis do que aqueles que eu passei. A liderança da CNIS tem estado à altura dos desafios.
Texto e fotos – V.M.Pinto
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