A nova presidente da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social (UDIPSS) de Santarém quer pôr na agenda o debate sobre alternativas à institucionalização dos idosos e a valorização de trabalhadores e dirigentes do sector.
Sónia Lobato, que tomou posse no dia 13 de janeiro como presidente da Direção da UDIPSS Santarém, considera que vem "do terreno" e traz consigo uma "agenda muito própria, muito diferente", sendo um dos seus desafios aproveitar um momento em que "nunca se falou tanto do sector" para lançar um debate e uma reflexão profunda sobre a institucionalização.
Referindo as inúmeras situações de lares ilegais que a pandemia da Covid-19 revelou, deixando à vista de todos a carência de soluções para grande parte da população idosa do país, Sónia Lobato pensa ser altura de debater e começar a preparar "outras soluções".
Para a também dirigente do Lar Evangélico Nova Esperança, é preciso que as pessoas, quando for a hora de decidir, possam ter a possibilidade de escolher entre ficar numa instituição ou nas suas casas, sabendo que, se assim for, terão ajuda na adaptação dos espaços e uma "rede forte de apoio domiciliário".
Sónia Lobato defende que, para melhorar a capacidade de resposta do sector, é preciso que este passe a atrair pessoas qualificadas e motivadas, pelo que se vai bater pela contratação coletiva e uma regulação laboral específica para o terceiro sector, que assegure a valorização e salários dignos para funcionários e pessoal técnico.
"Não se pode exigir um serviço de qualidade quando os salários começam, desde 1 de janeiro, nos 685 euros, para pessoas que têm de prestar cuidados de higiene a idosos e lidar com situações de doença e, por vezes, de demência", e que têm de ser tratados "com toda a dignidade", sustenta em declarações à Lusa.
Da "agenda" que vai levar já à próxima Assembleia Geral da CNIS consta ainda a "responsabilização dos dirigentes", com exigência de uma "boa gestão dos dinheiros" das instituições, o que, no seu entender, tem de passar pela capacitação e profissionalização.
Do programa da candidatura «Todos Somos União» faz ainda parte a defesa da redução da TSU para o terceiro sector, a revisão dos acordos de cooperação (mínimo 50%), a definição legal da categoria de Diretor-Técnico e a formação profissional.
Sónia Lobato considera ainda essencial assegurar a capacidade de comunicar para acabar com a imagem de que os idosos não são devidamente cuidados nas instituições e também para que as informações divulgadas, nomeadamente, sobre surtos da Covid-19, dadas com grande relevo num momento inicial, forneçam um retrato da sua evolução e um contexto quando existem mortes de utentes.
Foto: Correio do Ribatejo
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