Pedro Adão e Silva é o investigador coordenador pela área da Proteção Social do CoLABOR - Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social e lidera a equipa responsável pelo estudo sobre «O Impacto da Covid-19 nos Lares de Idosos», composta ainda pelos investigadores do Laboratório Daniel Carolo, Tatiana Marques e Pedro Estêvão e ainda os representantes da CNIS, Ana Rodrigues, e da SCML, João Afonso.
Para melhor se perceber o propósito do estudo agora lançado e a importância do mesmo e da participação das IPSS, o SOLIDARIEDADE questionou o coordenador Pedro Adão e Silva.
SOLIDARIEDADE - Quais os grandes objetivos deste estudo?
PEDRO ADÃO E SILVA - A crise pandémica tem afetado, um pouco por todo o mundo, de forma particularmente dramática os idosos e, em particular, aqueles que estão em lares. O nosso objetivo é compreender como é que esta realidade se manifestou em Portugal, comparando a primeira vaga com a segunda vaga. Compreender como é que as instituições sociais se prepararam e responderam à pandemia. Que tipo de estratégias desenvolveram, como é que se adaptaram. Mas, no essencial, a partir deste retrato, contribuir para o debate público sobre o futuro dos lares e a forma como devem estar preparados para enfrentar riscos, por definição, difíceis de antecipar.
A fidelidade do estudo depende muito da participação das instituições. Como motivá-las a participar?
Temos consciência da pressão a que têm estado sujeitas as instituições sociais neste ano muito difícil e das solicitações a que têm de responder. Por isso, decidimos alargar o prazo de resposta ao questionário. Mas sem um conhecimento aprofundado e sem um mapeamento da realidade o mais fidedigno possível, será sempre mais difícil projetar o futuro. É fundamental o envolvimento das próprias entidades neste retrato. As respostas solidárias serão tanto mais eficazes quanto mais as entidades responsáveis pela sua concretização no terreno participarem no diagnóstico e na definição de soluções. É essa a oportunidade deste estudo e o contributo que, com os nossos parceiros, queremos dar. Tem sido, aliás, fundamental, desde o início, o envolvimento muito ativo da CNIS e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mas, também, o apoio que temos tido do Ministério do Trabalho, da Solidariedade e Segurança Social, assim como da ALI e da União das Misericórdias.
Este é um estudo que versa mais aspetos quantitativos ou qualitativos?
Um pouco dos dois aspetos, mas com maior incidência na dimensão quantitativa. Se bem que no próprio questionário existam perguntas abertas. No entanto, gostávamos de, numa segunda fase, com base na informação recolhida, fazer uma análise mais aprofundada de experiências concretas, em casos selecionados, que deem conta das dinâmicas sociais locais que estiveram presentes na experiência de resposta à Covid-19 nos lares e nas estruturas de cuidados continuados.
Concluída a análise dos dados, o resultado final servirá para quê?
Esperemos que para aprender com o que de positivo, mas, também, de negativo aconteceu ao longo dos últimos 12 meses, de forma a ajudarmos a projetar um futuro mais solidário. Um futuro que saiba mobilizar a realidade tão rica que o sector social soube desenvolver, ao longo dos anos, na sociedade portuguesa.
Pode dizer-se que este é o grande estudo que falta sobre as unidades residenciais para os mais velhos, tão essenciais na nossa sociedade?
Uma das constatações que fizemos na preparação deste estudo foi, precisamente, a da ausência de um retrato desta realidade. Não há informação detalhada disponível. Que instituições compõe o nosso tecido social? Quais são as suas características, os seus aspetos distintivos, do ponto de vista institucional, dos recursos humanos, das instalações? Que variações existem no território? Ora, dificilmente se pode contribuir com políticas que melhorem uma realidade que se desconhece na sua globalidade. O conhecimento tem de ser cada vez mais um instrumento ao serviço do desenho de políticas, também neste sector.
Com o estudo «O Impacto da Covid-19 nos Lares de Idosos», o CoLABOR pretende compreender como é que a crise pandémica se manifestou em Portugal, comparando a primeira vaga com a segunda vaga.
Para além disto, através deste estudo, pretende-se ainda compreender como é que as instituições sociais se prepararam e responderam à pandemia, que tipo de estratégias desenvolveram e como é que se adaptaram.
Por outro lado, no essencial, a partir deste retrato, os investigadores querem contribuir para o debate público sobre o futuro dos lares. No sentido de tornar o estudo mais abrangente, o prazo de participação das IPSS foi alargado até ao próximo dia 13 de abril.Mais informações aqui.
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