O Teatro-Cine de Torres Vedras recebeu a nona edição dos Prémios Cooperação e Solidariedade António Sérgio, relativos ao ano de 2020.
O destaque da cerimónia vai para a distinção atribuída a José António Vieira da Silva, antigo ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e da Economia, que recebeu o Prémio António Sérgio 2020 - Honra e Carreira.
As primeiras palavras do galardoado foi para agradecer a distinção: “É uma honra ter sido nomeado por todas as instituições da Economia Social para receber este prémio que decidiram atribuir”.
Vieira da Silva lembrou “a figura de enorme grandeza do século XX” que foi António Sérgio, “que viveu em tempos de obscurantismo”. No entanto, “como democrata que era, não chegou a viver a experiência democrática”, mas, segundo o ex-governante, o seu exemplo “serve de alerta contra a indiferença”.
Depois, Vieira da Silva sublinhou que a União Europeia necessita de um “verdadeiro plano de ação para a Economia Social”, com instrumentos de apoio financeiro que ajudem a consolidar o sector e no âmbito do qual não seja discriminado no acesso às políticas públicas.
“Esperam-se passos seguros da União Europeia na evolução da Economia Social”, asseverou, apontando, de seguida, os “quatro desafios” que a Europa tem pela frente e que terá que dar resposta: “a crise climática e ambiental; a evolução digital, tendo que mostrar capacidade de responder harmoniosamente, procurando saber qual o lugar do ser humano num mundo de máquinas; o desafio demográfico; e a emergência de riscos políticos com que a Europa não se defrontava há décadas”.
A terminar, José Vieira da Silva lembrou que “toda a economia deve ser social, mas nem toda a economia é social”, sublinhando que “é necessário afirmar a Economia Social na Europa, o que será uma luta de valores”.
Ainda na sessão de abertura, o secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos, frisou que, com este prémio, “é todo o sector que expressa uma palavra de gratidão e de justíssimo reconhecimento” a Vieira da Silva, “alguém comprometido com a causa pública” e que dedicou mais de 20 anos “à linha da frente da Economia Social”.
Por isso, “todo o sector lhe presta homenagem e reconhece o seu empenho, o legado humanista e de defensor de um Estado Social forte”.
Também o presidente da CASES - Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, Eduardo Graça, sublinhou, já na sessão de encerramento, que Vieira da Silva “tem contribuído para iluminar os caminhos deste sector pela sua reflexão e ação política”.
Numa cerimónia, naturalmente, condicionada pela pandemia foram ainda atribuídos os prémios das demais categorias, com destaque para a distinção atribuída ao Espaço t – Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária, grande vencedor da Categoria Inovação e Sustentabilidade, com o projeto «Palcos Para a Inclusão».
O projeto vencedor do Espaço t, fruto da parceria com os investidores sociais Câmara Municipal do Porto/Domus Social e SONAE/Fundação Belmiro de Azevedo, leva aos bairros sociais do Porto, Trofa e Maia, durante três anos, 300 atividades realizadas pelos utentes do Espaço t (duas a três vez por semana a cada bairro).
«Palcos Para a Inclusão» leva o trabalho que é desenvolvido pelos alunos do Espaço t, ao nível da expressão artística, a crianças e jovens em risco de exclusão. Desenvolver e melhorar o acesso à cultura e ao lazer nos bairros sociais do Porto, Maia e Trofa, aumentando dessa forma a qualidade de vida dos que neles vivem e o bem-estar social, é o grande objetivo do projeto.
Os alunos do Espaço t são na grande maioria, indivíduos com problemáticas biopsicossociais. Os espetáculos nos bairros são o culminar do seu processo de afirmação pessoal, pois esta afirmação é transferida para a sociedade, permitindo uma ligação à comunidade e um bem-estar emocional pelo entendimento de serem úteis e capazes para a sociedade, pela partilha de momentos de alegria e também por vezes de ansiedade, que culmina numa sólida perceção do ser, aumentando a sua autoestima.
Nesta categoria receberam ainda menções honrosas a CAID – Cooperativa de Apoio à Integração do Deficiente, pela sua Bolsa de Serviços, em concreto o serviço «Jardin’ART», e o Movimento de Defesa da Vida, pelo «Projecto Família».
Diana Andreia Santos Queirós venceu na categoria de Estudos e Investigação, enquanto a vencedora da categoria Estudos e Investigação na Lusofonia recaiu sobre Deborah Nicchio Sathler.
O Agrupamento de Escolas Caldas de Vizela venceu a categoria Trabalhos de Âmbito Escolar, com o projeto «Lápis Solidário» e na categoria de Trabalhos Jornalísticos, a vencedora foi a jornalista da SIC Catarina Marques.
O prémio Honra à Capacidade Empreendedora foi atribuído a Frederico Cruzeiro Costa, presidente da SEAcoop, e a Salvador Mendes de Almeida, presidente da Associação Salvador.
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