O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) alertou hoje que o setor está a ter problemas acrescidos com o aumento "muito significativo" dos preços, mas salientou que a urgência agora é acolher os refugiados ucranianos.
Falando à agência Lusa sobre os impactos da guerra na Ucrânia nas instituições, depois de dois de pandemia, o padre Lino Maia afirmou que irá trazer mais dificuldades e exigências ao seu trabalho.
"Dificuldades com certeza que sim, até porque esta situação, por um lado, traz mais pedidos, mais exigências às instituições que são chamadas e estão disponíveis a colaborar. Podem apoiar os refugiados e integrá-los nas suas instituições", adiantou Lino Maia.
Por outro lado, disse, esta situação provoca "um aumento de preços muito significativo em coisas básicas para as instituições, nomeadamente de energia, combustíveis", entre outros.
"Portanto, são mais problemas para as instituições, mas penso que uma vez mais as instituições estão a corresponder", declarou.
O presidente da CNIS salientou que há "uma grande disponibilidade" de muitas instituições em acolher refugiados e integrá-los até como trabalhadores, bem como acolher as crianças ucranianas em creches, infantários e ATL (ateliers de tempos livres), e em coordenar também alguns serviços na comunidade.
Sobre se o contexto que se vive pode fazer aumentar ou agravar as situações de pobreza, afirmou: "Lamento, mas é inevitável".
"Mais pedidos, mais serviços e menos recursos leva, por um lado, a dificuldades das instituições, mas também ao aumento da pobreza na comunidade", disse, rematando: "Temo muito os próximos tempos que serão de agravamento das situações".
Questionado se devia haver uma estratégia por parte do Governo para reforçar o apoio às instituições, Lino Maia afirmou que neste momento o executivo tem de enfrentar esta nova situação dos refugiados.
"Um aumento de recursos não é expectável tem é de haver uma disponibilidade das instituições, da comunidade e esperamos que a situação não seja muito prolongada", disse Lino Maia.
Mas, sustentou, "os próximos tempos são para acolher, integrar, apoiar com custos de facto significativos, mas sem recursos".
"Nós temos bastantes refugiados para acolher, já vieram cerca de 14.000, e é expectável que venham outros tantos ou mais".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
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