Com a transformação, em 2001, da UIPSS em CNIS, a necessidade de criação de autonomia por parte dos Secretariados Distritais, estruturas intermédias da União, levou à criação das Uniões Distritais. E se as primeiras surgiram ainda em 2001, é no ano seguinte que muitas se constituíram, como é o caso da UDIPSS Porto, fundada em abril de 2002.
Na passagem de duas décadas de atividade, o SOLIDARIEDADE questionou o presidente da União Distrital portuense, Rui Leite de Castro, sobre o passado, presente e futuro da estrutura que lidera.
SOLIDARIEDADE - Quais os principais marcos nestes 20 anos de história da União Distrital?
Rui Leite de Castro - Tal como em grande parte das Uniões Distritais, o seu nascimento adveio da necessidade de criação de autonomia por parte dos Secretariados Distritais. O do Porto não foi diferente, até porque a cidade do Porto sempre foi um grande alfobre do associativismo social no País e a sua União refletiu e reflete ainda hoje essa força associativa da sua população. Do Secretariado, a União herdou a sede, o «Palacete do Carvalhido», e o Gabinete de Contabilidade, implementado aquando da criação do Plano Oficial de Contas das IPSS. Dos marcos da história da União de assinalar a sua criação, em 2002, por escritura, um ato testemunhado por 39 associadas, iniciando-se assim um novo ciclo no associativismo social no Distrito do Porto. Dos diversos mandatos podemos assinalar importantes marcos, como a requalificação da sede, iniciada em 2010 e terminada em 2018 e o crescimento do número de associadas e de serviços prestados. De projetos financiados, destaque para a participação em cursos de pós-graduação, publicação de três livros do sector, criação do Programa MAIS e ainda a bandeira da Inovação Social, entre outros, como a criação da empresa social Cálculo 3S - Sociedade de Contabilidade, Unipessoal LDA. Já em 2016, desenvolveu a plataforma informática «Plataforma Ser IPSS», mas são as sessões de esclarecimento e a realização de Redes de Proximidade que mais têm aproximado a União das associadas. Com início em 2018, o curso «Ser dirigente IPSS» já conta três edições, que estão na génese de formações específicas e dinamizadas atualmente. Por fim, referir que hoje a União agrega 400 IPSS associadas.
Que balanço faz do legado que recebeu dos seus antecessores?
Um balanço positivo. Desde a sua criação, a União tem tido dirigentes que se interessaram vivamente pelos problemas e dificuldades inerentes à sua atividade. Procuraram sempre, desinteressadamente, contribuir para o bom desenvolvimento do percurso da União e para trazer mais-valias na ação junto das associadas. Respondendo à questão em si, o legado deixado foi bastante profícuo no aumento da capacidade de conseguir responder às diversas necessidades das Associadas. Ao nível do reconhecimento das associadas sobre o papel da União no setor, dizer que o distrito de Porto teve e tem uma grande envolvência, solicitações e participação.
Quais os maiores obstáculos à ação da União Distrital?
No desenvolvimento da sua ação, a União, por vezes, encontra algumas dificuldades na sua operação, nomeadamente quando há picos na sua procura por parte das associadas. Quadros legislativos ou novos programas dirigidos ao sector social acarretam um aumento de pedidos de esclarecimento por parte delas, localizados no tempo é certo, mas que exigem da União um esforço acrescido no seu atendimento. Por outro lado, o não cumprimento atempado de várias exigências processuais por parte das diversas autoridades, referente a vários programas governamentais, provoca dificuldades acrescidas ao sector.
Quais os grandes desafios para a UDIPSS no presente e, em especial, no futuro?
Os processos de decisão por parte das nossas associadas necessitam de ser cada vez mais acelerados e fundamentados. Isso acarreta a necessidade de se munirem de conhecimentos, seja na área legislativa, seja na área da gestão, seja também na área social e humana. Sendo os cargos dos órgãos sociais das IPSS e das Uniões Distritais não remunerados, por vezes é difícil o seu preenchimento por elementos com os perfis mais adequados a uma administração mais profissional e informada. Um dos desafios importantes da UDIPSS Porto será o de encontrar associados interessados e atuantes, que detenham as características já referidas, e que, depois, se reflita nos órgãos sociais das IPSS.
Quais as grandes oportunidades para a UDIPSS no presente e, em especial, no futuro?
Sendo o canal de comunicação com as associadas tão estreito, a União tem a capacidade de prestar serviços adequados às suas necessidades. A vertente empreendedora está na nossa génese e é característica dos seus dirigentes e trabalhadores. Assim, vemos oportunidades de crescimento da União na melhoria de práticas no trabalho das associadas, na criação de ferramentas que facilitem a gestão e no aumento da prestação de serviços e ações de formação. Vemos ainda a possibilidade de criação de mais empresas especializadas, dada à elevada procura sentida.
Como caracteriza a relação da UDIPSS Porto com as IPSS associadas?
Cada vez mais, o relacionamento das IPSS associadas com a União tem sido estreitado. Isso o demonstra o aumento da procura pelos nossos serviços, bem como o interesse demonstrado pelas variadas ações de formação e informação que temos desenvolvido. A «Plataforma Ser IPSS» foi um passo decisivo nessa relação. Pode parecer caricato, mas o que nos une ainda bastante é o facto de respondermos a todos os e-mails e atendermos todos os telefonemas.
Como é o relacionamento com a CNIS? Em que pode ser melhorado e potenciado em favor das IPSS associadas?
Existe com a nossa União um bom relacionamento institucional e o desenvolvimento de um trabalho conjunto na resolução dos diversos problemas que se apresentam. Como oportunidades de melhoria, os canais de comunicação poderiam ser melhorados, com informação de relevo sobre a cooperação, não ocorrendo apenas em reuniões de Conselho Geral e Assembleias Gerais. A realização de reuniões temáticas específicas entre as Uniões, com dirigentes e assessores, seria uma boa oportunidade de dinamização de informação e capacitação das UDIPSS.
Porque escolheram celebrar o 20º aniversário da forma que o vão fazer?
A celebração dos 20 anos da UDIPSS Porto foi pensada de forma a tornar essa ação num evento com características mistas de comemoração e festa. Tentaremos fazer um evento que traga o maior número de representantes das IPSS associadas para passarem um bom fim de tarde, aproveitando para se conhecerem ou reverem, para confraternizarem e para descobrirem também qual foi a nossa ação nestes últimos 20 anos.
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