Momento alto do programa de celebração do 20º aniversário da União das IPSS do Distrito de Bragança (UIPSSDB), a homenagem a Alfredo Castanheira Pinto, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros, simboliza o reconhecimento do trabalho desenvolvido há mais de 50 anos em prol da solidariedade social.
Decano dos provedores das misericórdias portuguesas, no cargo há 49 anos, aos 86 anos continua a ser um exemplo para todos os que se realizam no ajudar o outro.
Em reconhecimento por mais de meio século de dedicação à causa da solidariedade, a UIPSSDB, do qual foi fundador e primeiro presidente, tendo já anteriormente liderado o Secretariado Distrital, decidiu celebrar o labor de Castanheira Pinto na fundação das diversas estruturas que têm alicerçado a defesa das IPSS. Juntamente com Eleutério Alves, vice-presidente da CNIS e provedor da Misericórdia de Bragança, Castanheira Pinto também esteve na criação da União das IPSS, como lembrou o padre Lino Maia durante a sua intervenção.
Na sessão comemorativa do 20.º aniversário da UIPSSDB, que decorreu no NERBA, em Bragança, os diversos participantes relevaram a importância da existência da União Distrital no apoio às instituições associadas.
“A União Distrital nasceu há 20 anos para apoiar as IPSS, funciona como um porto de abrigo e procura ser a voz das instituições. Quisemos criar um espaço de partilha entre as IPSS associadas, pois a União existe para as IPSS e para ser a ponte entre elas”, começou por dizer Paula Pimentel, presidente da UIPSSDB, sublinhando a pretensão de que fosse “um dia de partilha no sentido de que as instituições interajam umas com as outras”.
No final da sua intervenção, a presidente da União Distrital de Bragança recordou que as instituições são “um pilar fundamental da sociedade e um exemplo de superação”, terminando com uma pertinente pergunta: “Se fecharmos, o que acontecerá?”.
Deixada a questão no ar, cuja resposta é óbvia, mas uma espécie de elefante no centro da sala, a sessão prosseguiu com a intervenção do presidente da CNIS, que começou por lembrar a diversidade de instituições que compõem a União Distrital, e igualmente a Confederação, frisando que “é na comunhão das instituições que se pode fazer caminho”.
Sobre a aniversariante, o padre Lino recordou que a União de Bragança foi das primeiras a ser criada e sublinhou o “dinamismo, congregação e promoção de iniciativas de encontro e de interajuda” como as principais características da estrutura brigantina.
“A União Distrital de Bragança é dinâmica e ativa, congrega todas as instituições sociais, o que a nível nacional é o melhor exemplo de congregação, e promove iniciativas junto das IPSS. Hoje, devido a essa promoção, estamos mais enriquecidos pelas iniciativas da União de Bragança”, argumentou o líder da CNIS, acrescentando: “No princípio, muitos se perguntavam para que servem as Uniões Distritais. Aqui em Bragança está justificado para que servem”.
Apontando de novo as vantagens da ação social praticada pelas IPSS e sublinhando que isso “não desobriga o Estado das suas obrigações”, o padre Lino Maia defendeu que, “apesar das dificuldades, é obrigação da CNIS apoiar as Uniões Distritais e as IPSS”, o que faz “no diálogo com o Governo para que mais apoios cheguem às IPSS”.
Já sobre o futuro próximo, o presidente da CNIS deixa cair um: “Não estou otimista”.
“O Orçamento de Estado, que está em discussão na especialidade, não é favorável ao Sector Social, pelo que vamos tentar introduzir algumas alterações no sentido de atenuar as dificuldades vividas e as que se avizinham”, afirmou, asseverando: “Com muitas dificuldades, as IPSS não viram a cara e tentam ajudar. Apesar dos aumentos dos custos, as IPSS não deixam ninguém para trás. Por isso, peço-vos, continuem resilientes, porque sem as instituições muito mais gente estaria abandonada na pobreza. Se hoje são 19,8% da população, não fossem as instituições e seriam o dobro”.
Já o diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Bragança, Orlando Vaqueiro, começou por relevar a importância das instituições.
“As IPSS, hoje, são uma muleta, um apoio imprescindível à sociedade”, sustentou, deixando um agradecimento “a todas as IPSS pelo trabalho e dedicação durante a pandemia”.
Já para o presidente da autarquia brigantina, “a pandemia foi uma oportunidade de as instituições mostrarem a sua maturidade”, para além de que “tiveram que se reinventar, um trabalho dedicado de dirigentes e trabalhadores”.
Já no que toca ao papel que está a ser pedido aos municípios, Hernâni Dias considera que “as competências não podem ser passadas só porque sim”, apelando a que “o Estado possa dotar financeiramente as IPSS para estas poderem cumprir as suas missões”.
A manhã encerrou com uma intervenção sobre ciber segurança, a cargo de Filipe Cruz, que deixou conselhos muito úteis para se evitarem ataques informáticos nas instituições.
Da parte da tarde, Filipa Magalhães, assessora jurídica da UIPSSDB, resumiu a sua intervenção a “um elogio” pelo que o Sector Social Solidário fez no combate à pandemia.
“Finalmente, com a pandemia o Estado olhou-nos como parceiro e não, como habitualmente, como um devedor desse mesmo Estado”, afirmou.
A sessão comemorativa dos 20 anos da União Distrital de Bragança terminou com a apresentação de boas práticas por diversas instituições associadas.
A saber: Apresentação do GEC - Grupo de Emergências e Catástrofes, pela Cáritas Diocesana de Bragança-Miranda; testemunho da Equipa do Serviço de Apoio Domiciliário da Fundação Betânia - Centro Apostólico de Acolhimento e Formação; «As Mais-valias/Vantagens do Processo Individual do Utente Informatizado», pela Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Bragança; apresentação do Projeto Museu das Memórias, pelo Centro Paroquial Social de Lagoaça; apresentação do «Reinserir para Criar – Projeto de Inovação Social», pelo Centro Social Paroquial de Santo Condestável; testemunho da APPACDM Mirandela sobre «A relação da UIPSSDB com a ‘nossa’ Instituição».
Nota ainda para a distinção entregue também a Nuno Fernandes, presidente do Aero Clube de Bragança, que fruto dos voos solidários já ofereceu uma carrinha à UIPSSDB.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
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