Lacerda Pais, presidente da UDIPSS Aveiro, sublinha a importância da União Distrital ao longo destas duas últimas décadas e do papel que tem desempenhado no apoio às instituições associadas, sem as quais não teria razão de existir, e no contributo que tem dado, via CNIS, pela melhoria das condições de trabalho de todas as instituições que são o porto de abrigo de muitas pessoas, em especial as mais carenciadas. Sobre os 20 anos da União Distrital das IPSS aveirenses, o líder da estrutura intermédia da CNIS defende que a vida da instituição faz-se “honrando o passado, todavia, superando-o no presente e projetando-o para o futuro”.
SOLIDARIEDADE - Quais os principais marcos nestes 20 anos de história da União Distrital das IPSS de Aveiro?
LACERDA PAIS - Contar a história dos 20 anos da União é, simultaneamente, um desafio e um exercício sobre a sequência de um percurso na linha do tempo. Olhamos mais para a trajetória e para o longo prazo. Para aquilo que é comum ao longo do tempo. O que é estrutural. O que é marcante. O que perdurará. Um olhar para lá da conjuntura de um país que, em duas décadas, tanto mudou. Não houve fase da história da União em que não tivéssemos a certeza, como hoje, que permaneceremos. Temos a responsabilidade de sermos um projeto de solidariedade e essa missão marcou estes 20 anos.
Que balanço faz do legado que recebeu dos seus antecessores?
Honrando o passado, todavia, superando-o no presente e projetando-o no futuro. Tendo corrido um longo trajeto sempre a olhar em frente, contemplamos de longe o ponto de partida. Até porque avultam, lá nessa distância, os rostos de muitos sem os quais não estaríamos aqui. Cumpre-me associá-los a este momento de homenagem.
Quais os maiores obstáculos à ação da União Distrital?
As grandes angústias que se nos deparam são as angústias das instituições, nomeadamente na falta de informação atempada, partilha das decisões com o Governo e parceiros sociais, acesso burocratizado ao aumento/implementação de respostas sociais, acesso a programas nacionais e europeus, falta de apoio jurídico dos organismos do Estado, subfinanciamento crónico das respostas sociais, inconstância no modelo económico a prosseguir que, por um lado, pretende que o peso das transferências do Estado baixem a favor do aumento do peso dos serviços prestados e, por outro lado, assistimos à nacionalização dos serviços prestados na creche, via Orçamento do Estado sem sabermos, neste momento, quais as condições que vão ser implementadas no terreno.
Quais os grandes desafios para a UDIPSS no presente e, em especial, no futuro?
A notoriedade de uma instituição, sobretudo de uma instituição de pendor social como a nossa, com energia, originalidade e uma programação com personalidade, tem responsabilidade de permanecer uma estrutura com lógica, contexto e objetivos, que, conforme a sua identidade, referentes e estrutura organizativa, mantendo uma agenda de sequência linear e parâmetros de interesse social na medida compatível com o contexto e dimensão da União em ordem à possibilidade da sua concretização. Manter a sua funcionalidade de rotina, respondendo às exigências das instituições, auxiliando-as, mantendo a escala das ações e o contexto do programa, que viverá no seu tempo, incerto e na condição da sua imprevisibilidade, contudo, através de um prisma otimista. Esmerando sempre a sua prática em articulação com os parceiros sociais e promovendo os valores da cultura da solidariedade.
Como caracteriza a relação da UDIPSS Aveiro com as IPSS associadas?
Um percurso de 20 anos só é possível com convergência, comunicação, complementaridade e absoluta reciprocidade com as instituições. É uma relação muito além da dimensão estatutária. Somos com as instituições a medida representativa do conjunto. A União é como deve ser a sociedade portuguesa: uma casa onde há espaço para todos quantos se destaquem pelo seu trabalho social e partilhem os nossos valores. No momento, convergem na vida da União 200 IPSS. Esta é uma União que convida e saúda. Aqui acolhem-se instituições que juntas na sua ordem, simetria e padronização são uma admirável demonstração da permanência dos valores da solidariedade no tempo.
Como é o relacionamento com a CNIS? Em que pode ser melhorado e potenciado em favor das IPSS associadas?
A União estará sempre representada em todos os organismos nos quais se reveja, num contexto de cooperação, sendo instrumental na defesa dos valores e interesses das instituições. A CNIS representa a matriz orientadora e parametrizante da União e das instituições suas associadas, com razão e solidariedade. Com a CNIS temos uma visão de conjunto, alicerçada solidariamente num compromisso de cooperação claramente orientado para os interesses das instituições, da sua atividade e do seu modelo de gestão. A União tem com a CNIS uma relação e uma função partilhada, estando ancorada na circunstância fundamental de ser uma sua instituição de nível intermédio e com representação nos seus Órgãos Sociais e Conselho Geral. A União acompanhará a CNIS no seu trabalho.
Pensam celebrar o 20º aniversário de alguma forma particular?
Como forma de celebrar de modo despretensioso os nossos 20 anos será com este reconhecimento: a União celebrou 20 anos com as suas instituições o êxito do seu percurso, renovando o compromisso fundamental do projeto em torno do qual se mobiliza: valorizar a sua memória histórica, a riqueza e pluralidade das suas instituições, posicionando-se como promotora da defesa da ação integrada da Solidariedade, enquanto valor primeiro de cidadania global, sempre em direção a uma União que se constrói. Os nossos 20 anos são um galardão dos mais ilustres pelo élan e motivação que logramos em todos os que compõem o projeto da nossa vida institucional.
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