É a maior União Distrital de IPSS (UDIPSS) do país, agregando para mais de 500 instituições do distrito de Lisboa. José Carlos Batalha é o presidente da UDIPSS Lisboa, cargo que assumiu pela primeira vez em 2016, cumprindo atualmente o segundo mandato, e considera que em 20 anos “muito mudou” no Sector Social Solidário, mas “muito há ainda para mudar, refletir e melhorar”. Sobre o passado, sustenta que, para a União Distrital, “estes 20 anos foram de trabalho, consolidação, resposta e acompanhamento das IPSS associadas”.
Quais os principais marcos nestes 20 anos de história da União Distrital?
Muito mudou nestes 20 anos, no país e no Sector da Economia Social. E muito há ainda para mudar, refletir e melhorar. E há três aspetos ainda a melhorar: sustentabilidade das instituições; esclarecer a questão da ‘Tutela’ das IPSS; o diálogo do Sector Social Solidário com o Estado, com o governo e as autarquias. Para a União Distrital, estes 20 anos foram de trabalho, consolidação, resposta e acompanhamento das IPSS associadas. Alguns pontos fortes: Alargamento e fortalecimento das assessorias como resposta às necessidades das instituições; Linha de entendimento colaborativo com a CNIS, que progressivamente se foi fortalecendo e consolidando; Realização de cerca de duas dezenas de seminários, colóquios, conferências, com a presença de membros dos diversos governos, membros do comité económico e social europeu, autarcas, universitários, promotores sociais, instituições de todo o país, abordando diversas temáticas de atualidade.
Que balanço faz do legado que recebeu dos seus antecessores?
Desde o antigo Secretariado Distrital de Lisboa da, então, UIPSS, anterior à constituição da UDIPSS Lisboa, que estou, bem como o José Casaleiro, ao serviço das instituições deste distrito. Muitos foram os que fizeram parte dos diferentes órgãos sociais nestas duas décadas, nesta missão de representação e de apoio, nesta que é a maior organização distrital representativa do Sector Social Solidário. Assumi na tomada de posse, em 2016, que a nova equipa da União Distrital não era um começo, mas uma continuidade. E assim continua a ser. O trabalho que fizeram antes de nós, foi importante para lançar as sementes de uma União que está presente num espaço geográfico tão importante como o do distrito de Lisboa. Claro que depois, e foi o que fizemos e continuamos a fazer, trouxemos novas ideias e estratégias para enfrentar os desafios (que são muitos!) do Sector e para contribuir para a discussão de medidas que garantam a dignidade, relevância e a sustentabilidade das instituições. Só garantindo o futuro das IPSS (e do serviço inestimável que prestam a crianças, jovens, idosos e famílias) é que podemos honrar o nosso passado.
Quais os maiores obstáculos à ação da União Distrital?
Desde logo, alguma dificuldade de entendimento com o poder político. Às vezes, parece que estamos a falar de uma realidade (que nós conhecemos do terreno) e o que está vertido na legislação não corresponde, não responde às necessidades ou, mesmo, representa um travão. Podemos falar ainda dos requisitos para as obras em lares e creches, e do rácio de pessoal/utentes que comporta um peso financeiro enorme e que coloca sérias dificuldades às instituições em alturas como a que atravessamos agora, de aumento de preços, energia, etc., vindos de uma pandemia. Um outro obstáculo, e que urge resolver, é o distanciamento das IPSS. A União Distrital tenta, de várias formas, aproximar-se de todas as IPSS, procurando divulgar os serviços e assessoria que presta às associadas, mas há ainda muito trabalho a fazer.
Quais os grandes desafios para a UDIPSS no presente e, em especial, no futuro?
Estar presente para as IPSS associadas, através da Direção e da assessoria técnica que responde às solicitações, mas também através da informação, quer das newsletters informativas, quer através do boletim trimestral que fala das atividades das associadas. A formação tem e vai continuar a merecer muita atenção. As IPSS precisam atualizar os seus recursos humanos. A relação com a Comunicação Social deve ser mais “friendly”, se queremos que a opinião pública se lembre do Sector da Economia Social pelo que faz e vale e não apenas pelas notícias negativas.
Como caracteriza a relação da UDIPSS Lisboa com as IPSS associadas?
Considero que a UDIPSS Lisboa tem uma relação de proximidade e relevância com as IPSS suas associadas. A Direção procura conhecer e estar presente nas IPSS dos vários conselhos do distrito de Lisboa. Desde sempre procurámos ir ao encontro das associarias, realizando, sistemática e periodicamente, reuniões concelhias, envolvendo também e sempre que possível as respetivas autarquias. Relativamente à reflexão e abordagem de temáticas atuais e relevantes para as dinâmicas das instituições, já referi os diferentes encontros realizados, procurando sempre confrontar as linhas de pensamento da Academia, a perspetiva das entidades oficiais e da Igreja e o sentir feito de experiência da realidade do terreno vivido pelas instituições. Da parte das IPSS associadas, considero que recebemos o reconhecimento pelo nosso papel e importância, enquanto entidade agregadora das instituições do distrito, representando-as junto da CNIS.
Como é o relacionamento com a CNIS? Em que pode ser melhorado e potenciado em favor das IPSS associadas?
Considero que é de elevado valor. Prova disso está no facto de vários elementos dos órgãos sociais da UDIPSS Lisboa fazerem parte de órgãos sociais da CNIS. Se pode ser melhorado em prol das IPSS Associadas? Penso que tem estado a ser feito tudo o que pode ser feito em defesa das IPSS do distrito de Lisboa.
Pensam assinalar o 20º aniversário de alguma forma particular? Se sim, o que pretendem fazer?
Os 20 anos da UDIPSS Lisboa vão ser assinalados com um debate intenso sobre o que foi feito e o que falta fazer no Sector Social Solidário. Dada a proximidade do processo eleitoral da CNIS, decidimos realizar este debate no início do 2023, em datas a anunciar oportunamente.
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