CENTRO SOCIAL DO VALE DO HOMEM, VILA VERDE

Depois do Felizmente Lar, Braga vai ter o «Clube dos Pequenos»

O Centro Social de Vale do Homem (CSVH) está sedeado em Vila Verde, mas estende a sua atividade, não só a mais dois outros concelhos banhados pelo Rio Homem (Amares e Terras do Bouro), mas agora também à capital de distrito, Braga, onde em janeiro inaugurou oficialmente o Felizmente Lar, na freguesia de Gualtar.
Sendo o primeiro projeto da área social financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a entrar em pleno funcionamento, a cerimónia de inauguração contou com a presença do primeiro-ministro António Costa, reconhecimento da importância e relevância do equipamento, o que deixa os responsáveis pelo CSVH “muito orgulhosos”.
Apesar da inauguração ter acontecido em janeiro, o Felizmente Lar já acolhe idosos desde Novembro, num processo gradual de admissão, para que que não haja sobressaltos no arranque e funcionamento da estrutura. E com esta resposta social já em marcha, o CSVH tem já outra lança espetada em África (leia-se, Braga), uma creche inovadora que pretende servir trabalhadores e utentes do Hospital e também da Universidade do Minho.
“Já lançámos concurso público para a obra de construção de uma creche, que é uma parceria com o município de Braga, que cedeu o terreno, e com a anuência do Conselho de Administração e da Comissão de Trabalhadores do Hospital de Braga e também do Conselho de Administração da Universidade do Minho. Estas entidades deram parecer favorável, pois sentem que os próprios colaboradores têm necessidade desta resposta. É uma creche diferenciadora, pois funcionará no período diurno e noturno. Para além disso, terá um serviço inovador de babysitting, para que, quem tiver que ir a uma consulta ou assistir a uma aula, possa deixar no «Clube dos Pequenos», que é assim que se chamará o berçário e creche, os seus bebés durante uma ou duas horas”, explica Jorge Pereira, presidente do CSVH.
O «Clube dos Pequenos» será constituído por duas unidades com capacidade para 84 crianças e está previsto abrir no início de 2024.
E, colocando em marcha o dinamismo que pauta a ação da instituição de Vila Verde, o Centro Social do Vale Homem tem já um projeto para outro concelho do distrito minhoto, mais concretamente para Barcelos, no âmbito da deficiência.
“O CSVH tem um projeto em Barcelos, fruto de uma candidatura realizada em dezembro ao PRR, que são as denominadas «Casas do Minho», para um CACI e Residências de Autonomização e Inclusão, mas em sistema cohousing, o que é uma inovação nossa”, revela Jorge Pereira, lembrando que há mais: “Ainda no âmbito do PRR, temos mais um projeto para Vila Verde, que é uma quinta de três hectares, propriedade do Centro Social, onde vamos recuperar a casa-mãe e ali instalar a sede institucional e tudo o que são serviços administrativos que andam espalhados pelos diversos espaços e que não estão relacionados com a área social, nem a saúde. Para além disto, serão criados um CACI e uma Residência de Autonomização e Inclusão”.
O presidente da instituição avança ainda que “um dos hectares da quinta vai ser dedicado à economia circular”, mais um elemento diferenciador e que visa ainda outros propósitos.
“Foram já plantadas 200 árvores de fruto e mais de cem metros de uma ramada, para receber uvas de mesa, kiwis e framboesas. Haverá ainda uma zona, com um estábulo, onde haverá um burro, galinhas, porcos e coelhos. Depois, é um espaço que funcionará, igualmente, como uma espécie de quinta pedagógica para os nossos utentes de todas as respostas que o Centro Social promove”.
Jorge Pereira refere que a instituição “trabalha muito na base de parcerias e têm surgido algumas oportunidades”, que são avaliadas e “quando têm pernas para andar, o Centro Social avança”.
A sede é em Vila Verde, mas os estatutos após a última alteração conferem à instituição uma abrangência nacional e até internacional. No entanto, o âmbito de atuação preferencial do CSVH é o distrito de Braga.
“Atualmente, podemos ter projetos com outros países, posicionando-nos já para poder fazer projetos e candidaturas diretas a programas da União Europeia, que dão alguma prioridade a projetos que envolvam instituições de países diferentes com uma candidatura conjunta”, sustenta, revelando: “Aliás, estamos já a preparar uma candidatura com uma instituição de Vigo, na Galiza, que trabalha muito bem a área das demências, precisamente para tentar obter essa majoração”.
Segundo Jorge Pereira, a para a criação do FelizMente Lar, a instituição foi desafiada.
“O município de Braga era o dono deste espaço, que cedeu à Junta de Freguesia de Gualtar, que tinha esta ambição há décadas. O edifício estava em ruínas, houve mesmo uma associação que se propôs fazer algo, mas nunca avançou, e o CSVH foi desafiado, avaliou o posicionamento no mercado, as necessidades nesta envolvente e as condições, feitas as contas, porque trabalhamos com uma gestão muito rigorosa e empresarial, chegou-se à conclusão que era viável e, então, avançou-se”, afirma Jorge Pereira, sublinhando: “Cumprimos todos os prazos e fizemos muito mais do que o inicialmente previsto, porque era para ser apenas ERPI, mas acrescentou-se o SAD, por isso são 90 utentes e não os 50 previstos”.
O Felizmente Lar resulta da recuperação de uma antiga casa senhorial e é composto por duas alas, cada com capacidade para 20 utentes, e ambas já lotadas, e ainda por um espaço denominado «Casa de Charme», que ocupa a antiga casa da família, com capacidade para 10 clientes, e onde já se encontram dois. A «Casa de Charme» funcionará como uma resposta privada.
“Recuperámos a identidade da casa original e, aproveitámos o primeiro andar, que era a casa dos senhorios, e deixámos essa função também aqui no lar, mantendo os espaços o mais possível, podendo os 10 utentes ter usufruto dessa vivência. Por exemplo, mantivemos as antigas namoradeiras e as portadas de madeira nas janelas. Ou seja, associámos o antigo à modernidade, diferenciando a «Casa de Charme» do Felizmente Lar”, sustenta Jorge Pereira, para quem, no entanto, o que realmente diferencia esta ERPI das demais é o Centro de Reabilitação Motora (CRM).
“O que diferencia o Felizmente Lar, desde logo, é o Centro de Reabilitação Motora, que é o somatório de todas as pequeninas coisas que já temos em todos os edifícios da instituição. Aqui temos tudo concentrado. Apesar de estarmos na cidade, temos espaços ao ar livre. Temos um grande controlo de acessos, que serve para organizar serviços e para segurança dos utentes. Tivemos igualmente grandes preocupações com a sustentabilidade do edifício e colocámos painéis solares para aquecimento de águas e painéis fotovoltaicos”, revela, concluindo: “É tudo isto que diferencia e torna este lar um lar diferente, único no concelho de Braga e, porventura, um dos melhores lares da cidade. Aguardamos, agora, o licenciamento da Entidade Reguladora da Saúde do Centro de Reabilitação Motora, para que todas as respostas de spa, piscina, ginásio e fisioterapia possam abrir à comunidade e, assim, angariar receitas. Aliás, as 90 crianças do jardim de infância que está aqui ao lado são os primeiros ‘clientes’ da piscina, numa parceria que já estabelecemos”.
Para já, e apesar de muito que se ouve falar quanto ao PRR, para já apenas os projetos realizados no âmbito do PARES têm acordos de cooperação garantidos.
“Quando iniciámos o projeto sabíamos com o que podíamos contar, ou seja, com nada! O Estado chega sempre tarde. Nós avançámos, lançámos o projeto, garantimos o financiamento bancário e foi assim que arrancámos com a obra. Entretanto, fizemos uma candidatura ao PRR, que foi aprovada, mas quando foi aprovada já a obra estava em execução. Aliás, tivemos no Dia de Reis a presença do senhor primeiro-ministro na inauguração do Felizmente Lar, porque foi a primeira obra da área social, no âmbito do PRR, a estar em pleno funcionamento em Portugal. Face à dimensão do PRR, é um orgulho para o CSVH”, afirma Jorge Pereira, indicando que “o custo previsto, inicialmente, era de três milhões de euros, mas acabou por custar mais 1,7 milhões, porque foi acrescentado um piso e houve ainda o aumento de preços devido à inflação”.
Se o custo aumentou devido a algo planeado, como a construção de mais um piso, outros custos surgiram inesperadamente.
“A meio do processo alterámos o projeto, porque o piso -1 não existia inicialmente. Surgiu a possibilidade de construir a cave, o que veio melhorar tudo o que é apoio à logística, também pudemos criar uma morgue e ainda um ginásio maior, com fisioterapia e ainda fica espaço para poder crescer nessa área. Houve este aumento de custos, mas também de mais 400 mil euros devido à revisão de preços. Este valor teve que ser pago sem haver mais trabalhos. É um custo que ninguém prevê, mas que nos aconteceu e que tivemos de suportar. Depois, ainda houve o aumento de custos devido à criação das zonas do SAD”, revela.
O SAD, inaugurado no passado dia 1 de março, vai funcionar só com viaturas 100% elétricas e terá serviços inovadores, como o apoio técnico de psicomotricista e enfermagem nas residências dos utentes, para além dos serviços mais normais de higienes e alimentação.
“Vamos apostar em serviços de bem-estar e de saúde no apoio domiciliário”, sustenta o presidente do CSVH.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2023-03-08



















editorial

TRANSPORTE COLETIVO DE CRIANÇAS

Recentemente, o Governo aprovou e fez publicar o Decreto-Lei nº 57-B/2024, de 24 de Setembro, que prorrogou, até final do ano letivo de 2024-2025, a norma excecional constante do artº 5ºA, 1. da Lei nº 13/20006, de 17 de Abril, com a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

A segurança nasce da confiança
A morte de um cidadão em consequência de tiros disparados pela polícia numa madrugada, num bairro da área metropolitana de Lisboa, convoca-nos para uma reflexão sobre...

opinião

EUGÉNIO FONSECA

A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
No passado dia 17 de outubro assinalou-se, mais uma vez, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Teve início em 1987, quando 100 000 franceses se juntaram na...