CENTRO DE APOIO SOCIAL DE PORCHES, LAGOA

Instituição aposta em nova ERPI para 80 utentes para gerar sustentabilidade financeira

O Centro de Apoio Social de Porches (CASP) surgiu em 2009 como Centro de Noite, para 13 utentes, uma realidade que um par de anos depois se alterou, face às necessidades.
“Verificou-se que as pessoas não precisavam só de apoio à noite”, afirma Salvador da Silva, vice-presidente da instituição, acrescentando: “Então, passados uns dois anos da criação da instituição, entre 2011 e 2012, resolveu-se passar isto a lar”.
Construído de raiz para Centro de Noite e Creche, com uma candidatura ao Fundo de Desenvolvimento Social, a conversão em Estrutura Residencial Para Idosos (ERPI) deu-se pela constatação da, cada vez maior, dependência dos utentes.
“A necessidade da conversão surgiu porque, quando se criou o Centro de Noite, as pessoas eram autónomas e vinham pernoitar, por causa da solidão, do isolamento, do conforto. Entretanto, as pessoas começaram a ficar mais dependentes e todo o processo de inscrição e admissão noutro lar era muito difícil, ficando as pessoas desprotegidas”, sustenta a diretora-técnica Cláudia Mestre, que acrescenta: “Então, a Direção tomou a iniciativa de pedir a conversão da resposta social em ERPI, porque era a mais adequada, uma vez que se trata de uma freguesia envelhecida”.
Com a conversão em ERPI, a capacidade do equipamento também cresceu, mas outros problemas surgiram.
“Os 13 utentes passaram para lar e em 2014 metemos um projeto de aumento de capacidade para 20. Essa transformação não alterou o edifício, foi apenas uma requalificação interior pelo aproveitamento de espaço. Foi tudo aprovado, vistoriado, mas para termos o sim da Segurança Social, começaram sucessivamente a pedir coisas… E temos andado assim desde 2015 com ‘agora falta isto, agora falta aquilo? E não saímos disto”, lamenta Salvador da Silva.
Estando tudo bem, a instituição poderá candidatar asa sete vagas que faltam ao Procoop.
“Neste momento, já temos parecer favorável, mas tivemos que fazer as obras, estando agora à espera de nova vistoria”, conta Maria Inês Correia, presidente do CASP.
Com resposta de creche desde a sua criação, a presidente da Direção vê com bons olhos a medida de gratuitidade.
“Nesta comunidade, cuja população é muito desfavorecida, as nossas crianças pagam tão pouco para frequentar a creche, que a gratuitidade da creche é-nos favorável. A maior parte dos pais das nossas crianças tem rendimentos muito baixos, devemos ter dois ou três que pagam a mensalidade mais alta, por isso, quando começarmos a beneficiar da medida, vai ser favorável para a instituição. A creche a nós não acrescenta nada, aliás dá sempre prejuízo”, refere Maria Inês Correia, ao que o seu «vice» acrescenta: “Os valores que os pais das crianças pagam é muito baixo e os custos com o pessoal são muito elevados”.
Em creche, a instituição tem 23 crianças, a que se juntam 17 do Pré-escolar… que não está coberto por acordo de cooperação.
“A instituição tem jardim de infância, mas é privado, porque a Segurança Social não faz acordo de cooperação”, frisa a presidente do CASP.
A instituição está em processo de regularização, estando pendente do projeto de acessibilidades, para avançar para o Procoop.
Tudo isto acarreta problemas e preocupações para a instituição e os custos são elevadíssimos.
“Basta fazer contas de mercearia. Se temos 20 utentes que pagam, quase todos, mil euros cada, temos um rendimento de cerca de 23 mil euros, se os gastos só com pessoal são cerca de 37 mil euros! Depois, a Segurança Social costuma dar-nos 14 mil euros dos quais 10 mil são devolvidos ao Estado em impostos… Falta-nos sempre dinheiro. A instituição subsiste porque a Câmara de Lagoa ajuda. Sempre que vamos pedir qualquer coisa à Segurança Social a resposta é sempre a mesma: ‘É pequeno de mais, pensem em fazer uma coisa maior’. Se tivéssemos os 20 utentes em acordo já equilibrava as coisas um pouco mais. E com este quadro de pessoal poderíamos chegar aos 25 utentes”.
E como «small is beautiful», mas não é sustentável, o CASP já deu entrada com um projeto na Câmara Municipal para a construção de uma nova ERPI, num terreno propriedade da instituição, a poucos metros das atuais instalações, com capacidade para 80 utentes.
“Pode parecer que 80 vagas é muito, mas a necessidade hoje em dia justifica uma obra deste tamanho, basta ver que temos uma lista de espera com 250 nomes”, indica Cláudia Mestre.
Apesar das dificuldades financeiras, das constantes e («curiosas») exigências da Segurança Social e da falta de acordos de cooperação, a presidente da instituição releva a qualidade do serviço prestado.
“É uma casa onde os utentes vivem bem e nós tentamos dar-lhes o máximo de carinho e de conforto para que possam viver o melhor possível a fase final das suas vidas. O que nos preocupa muito é proporcionar as melhores condições aos nossos utentes. Foi muito difícil estes últimos anos, principalmente por causa da Covid, porque as pessoas sentiam-se muito presas. Porém, tentámos sempre que se sentissem o melhor possível”, afirma Maria Inês Correia, sublinhando que a média de idades dos 20 utentes em lar é superior a 90 anos.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2023-05-10



















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