1. No dia 14 de outubro, em Portalegre, haverá mais uma Festa da Solidariedade. Nos quatro dias anteriores, a partir do dia nove, a Chama da Solidariedade percorrerá os quinze concelhos daquele distrito.
Desde 2006, é a XVI Festa da Solidariedade, uma iniciativa conjunta da CNIS com as várias Uniões Distritais ou Regionais. As duas regiões autónomas e treze distritos já tiveram concorridas e animadas Festas da Solidariedade, ficando agora apenas 5 distritos - falta que será certamente colmatada sequencialmente nos próximos anos. Assim o queiram as respetivas Uniões Distritais com a CNIS. Apenas no período da pandemia, em 2020, não houve Festa da Solidariedade.
Com o percurso da Chama da Solidariedade tem-se conseguido envolver Instituições, com os seus utentes e dirigentes, e as comunidades, que, com marchas e as mais diversas expressões festivas, ficam irmanadas no ideal da solidariedade social ativa.
No convívio, nas representações, nos cânticos e nas atuações cénicas, com a Festa da Solidariedade visa-se celebrar festivamente o ideal do serviço solidário aos que mais precisam.
2. Ajudar os que mais precisam, socorrer os aflitos, sofrer com os que sofrem, chorar com os que choram (talvez mais do que rir com os que riem) é uma cultura que podemos rotular de judaico-cristã, muito assumida e vivida entre os portugueses. Quer vivam os que precisam ali mesmo, ao pé da porta, quer estejam mais distantes: quando num qualquer local avulta uma carência social, logo se multiplicam movimentos na comunidade para criar uma resposta. Abundam as iniciativas solidárias ativas perante azares, catástrofes, desgraças, infortúnios e necessidades. Quantos são os gestos anónimos de comunhão! Quantos, sobretudo, quantas se dedicam voluntariamente a causas e a pessoas! Quão numeroso é o serviço altruísta, com total dádiva e a fazer girar a economia! Quantas são as Instituições de Solidariedade por todo este país!
Para entusiasmar jovens, nada como desfraldar bandeiras solidárias de ação social. Para movimentar uma comunidade, nada como seduzi-la para causas solidárias. E, quando o equipamento começa a sair dos alicerces, quantas ofertas anónimas se acumulam para acelerar o dia de abertura do serviço!
Por vezes apetece dizer que os melhores gestos de solidariedade vêm dos mais simples. Talvez antes se deva reconhecer que vêm daqueles que são genuinamente portugueses, que esses são dedicados, empreendedores, generosos e simples no serviço da solidariedade social.
O povo português é solidário. Tanto porque a solidariedade é um daqueles valores que mais sensibiliza, como pelas múltiplas expressões e gestos com que se vai deixando envolver ou que é capaz de conceber, alimentar, sugerir ou favorecer.
Reconheça-se que a solidariedade é uma riqueza que brota do coração português e que está na matriz cultural deste multifacetado povo. Talvez porque o povo vê e constrói a solidariedade como caminho para uma justiça que se anseia e que, algumas vezes, parece ter sido negada.
As Instituições de Solidariedade são um desses belíssimos exemplos. Certamente bem expressivo; porém, não o único.
3. Uma festa é símbolo da Unidade na diversidade, polo aglutinador de projetos, de sonhos, de olhares e de alegrias partilhadas porque alimentadas na Esperança.
Neste ano, a Festa da Solidariedade vai ser em Portalegre, cujo distrito se localiza na sub-região e Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo, o sexto maior distrito de Portugal em extensão e o menor em população (com cerca de 105.000 habitantes), que se estende entre o Alto Alentejo e o Ribatejo, distribuídos pelos diversos concelhos de Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Elvas, Fronteira, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor, Portalegre e Sousel, com muito e muito bem a ser feito através de setenta (70) Associações de Solidariedade Social, uma (1) Cáritas Diocesana, quatro (4) Casas do Povo, seis (6) Centros Sociais Paroquiais, uma (1) Cooperativa de Solidariedade Social, nove (9) Fundações de Solidariedade Social, cinco (5) Institutos de Organização Religiosa, vinte e cinco (25) Misericórdias e alguns Movimentos sócio caritativos…
Impõe-se celebrar a solidariedade na gratidão da esperança com festa. Porque todas essas Instituições de Solidariedade e movimentos, todos esses amigos, colaboradores, dirigentes e fundadores são o que de melhor há neste País. Ergueram e mantêm centros de atividades ocupacionais, centros de dia ou de noite, centros de convívio e de tempos livres, creches, cuidados continuados, infantários, lares de idosos e residenciais, serviços de apoio domiciliário e tantas outras respostas sociais e de apoio na ação social, na educação, na saúde e no desenvolvimento local! E quantas e quantos entre nós, hoje, são cidadãos mais iguais entre si e com mais esperança e melhores oportunidades nos desafios da vida porque a solidariedade foi e continua a ser usada como dom de vida para uma vida melhor...
Lino Maia
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