PAULO JORGE XAVIER, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGANÇA

As IPSS têm feito um trabalho extraordinário ao nível da empregabilidade no concelho

“Bragança tem uma rede social muito forte, dinâmica e bastante organizada, sempre a desenvolver um trabalho conjunto”, sustenta Paulo Jorge Xavier, edil da capital brigantina, que em 2014 recebeu, ainda como «vice» da autarquia, a Chama da Solidariedade na sua passagem pela cidade no caminho de Guarda’2013 para Porto’2014.
O presidente da Câmara Municipal de Bragança defende que a cidade é uma terra solidária, cheia de gente solidária, “o que se vê pelo grande número de voluntários” que existe.
Sublinhando a robustez da parceria entre o município e as IPSS, Paulo Jorge Xavier destaca a importância das instituições na criação de emprego e na fixação de jovens, provavelmente o maior desafio que o interior enfrenta.
No próximo dia 26 de setembro, o edil de Bragança receberá a Chama da Solidariedade, depois desta ter percorrido todo o distrito, para no dia seguinte ser o anfitrião da XVII Festa da Solidariedade.

SOLIDARIEDADE - Como é a relação da Câmara Municipal de Bragança com as IPSS do concelho?
PAULO JORGE XAVIER - É uma relação boa. Bragança tem uma rede social muito forte, dinâmica e bastante organizada, sempre a desenvolver um trabalho conjunto. Muitas vezes digo que as IPSS são as grandes extensões do município. Bragança há uns anos recebeu a Chama da Solidariedade, há 10 anos, e nessa altura foi apelidada de território solidário. Exatamente por isto que acabei de dizer. E o nosso desafio é superar as dificuldades do dia a dia, como qualquer outro concelho, mas damos uma resposta importante, quer ao nível da infância, dos seniores e das pessoas com deficiência. Estamos certos que no futuro ainda vamos conseguir dar uma resposta melhor em todas estas áreas, porque temos IPSS candidatas a fazer um caminho maior. A nossa relação é de perfeita paz e harmonia em prol das nossas populações.

Trata-se, então, de uma relação de parceria?
Sim, diria que é uma relação em perfeita sintonia, porque trabalhamos juntos há muito tempo. É uma relação grande, forte, dinâmica e de um entendimento excelente. Por isso, a nossa relação é muito capaz e boa.

Há muitas solicitações das IPSS à autarquia, sabendo-se as dificuldades que muitas delas atravessam?
Sim, as instituições têm vivido, algumas, com muita dificuldade, por causa da baixa comparticipação do Estado, já há uns anos a esta parte. Obviamente, isso traduz-se nos salários baixos dos funcionários e dos técnicos, que têm feito um trabalho excelente e de grande responsabilidade. Para serem capazes e eficientes também têm de ser bem pagos e, hoje, está aquém o que eles recebem e o trabalho e responsabilidades que têm. Este também é o país que temos... Olhando a este Interior, onde a população é baixa e envelhecida, precisamos de grande capacidade a nível técnico e sensibilidade e para isso eles precisam de estar bem consigo para estarem de bem com os outros.

Quais as situações a nível social que mais o preocupam no concelho?
No conjunto, temos uma boa resposta, porque temos uma rede de parcerias forte e organizada. Preocupa-me o futuro, porque os jovens quadros tendem a não ficar nas IPSS devido aos baixos salários. Este é que é o grande problema, porque formam-se as pessoas e, passado um tempo, elas vão-se embora. Neste interior desertificado e envelhecido temos essa dificuldade para o futuro e temos de enfrentá-la já.

Ainda assim, deduzo que, por exemplo, à boleia do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), muitos jovens acabem por se fixar na região?
A nossa realidade é que, em termos de jovens quadros, temos uma taxa é acima da média nacional, fruto do trabalho do Instituto Politécnico. E a qualificação dá mais capacidade para ir para qualquer sector e ter capacidade de ser capaz de trabalhar. Depois há dois problemas, ou seja, os baixos salários e o problema de que o tecido empresarial não absorve todos os quadros que saem do IPB.

E como foi o processo de transferência de competências na área social aqui no concelho?
A Câmara de Bragança ofereceu muita resistência, até que teve de as aceitar. Isto porque a delegação de competências deve vir acompanhada de um pacote financeiro com capacidade para resolver os problemas. E como isso não aconteceu, tivemos essa dificuldade. Posto isto, fizemos o nosso trabalho e com os parceiros bem organizados e a nossa rede que é forte conseguimos superar os desafios. Reforçámos os nossos quadros, ao nível do município, com diversos técnicos, reforçámos as nossas valências para dar uma resposta cabal às próprias parcerias e reestruturámos toda a parte social para que essa organização fosse forte, dinâmica e capaz de resolver os problemas, em perfeita consonância com as instituições sociais. Continuamos com um défice de recursos enviados pelo Estado, mas que, mais tarde ou mais cedo, terão que ser reforçados.

Em todo o país, desde que foi implementada a creche gratuita, a oferta tem ficado aquém da procura, qual a situação em Bragança?
Temos uma boa resposta. Há alguma falta de vagas, mas não é significativo, apesar de, se houver apenas uma criança sem vaga, já ser preocupante. A resposta, entre o sector social e os privados, é boa.

A creche é um bom princípio para fixar população jovem?
Sim, porque precisamos de fixar gente e de criar emprego para fixar os nossos jovens quadros.

As IPSS nesse capítulo também têm um papel importante?
Muito importante porque atraem quadros. Temos o problema dos baixos salários de que já falei, mas, ao nível da empregabilidade, as IPSS têm feito um trabalho extraordinário. Pena é que os salários não correspondam ao que deviam, ou seja, estarem um pouco mais ao nível do que se paga na Europa!

E os brigantinos são solidários?
Deixe-me repetir a frase, que não é minha, dita aquando da passagem da Chama da Solidariedade pela cidade há 10 anos: “Um dos concelhos mais solidários do país”. E isto não é só pelo número de IPSS e associações do sector social, que dão uma resposta de bem fazer e fazer bem, mas também pela resposta bem articulada que dão. Depois, lembrar as centenas de voluntários que dão o seu melhor ao bem comum. Esse é o nosso carisma, o de uma sociedade solidária. Bragança vai receber a Festa e a Chama com toda a pompa e circunstância e isso reflete-se no que somos. E o que vai ter mais impacto é o conjunto da nossa comunidade que vai ajudar.

Pedro Vasco Oliveira (texto e foto)

 

Data de introdução: 2024-09-13



















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