A União Distrital das IPSS de Viseu realizou mais um Encontro Anual, o primeiro sob a Direção presidida por Celestino Martins e que contou com grande participação das instituições do distrito. O auditório do Instituto Politécnico de Viseu encheu-se para ouvir os diversos convidados abordar questões de interesse para as IPSS, como comunicação, intergeracionalidade ou formação.
No arranque do encontro, o presidente da UDIPSS Viseu retratou, sucintamente, a situação do sector no distrito.
“Estamos num contexto desafiador, onde o dever de prestar serviços de solidariedade social é crescente. As dificuldades económicas, as mudanças demográficas e as transformações sociais têm influenciado, cada vez mais, as famílias e as comunidades que dependem dos nossos serviços. Sabemos que são desafios que exigem não apenas comprometimento, mas também inovação e resiliência”, afirmou Celestino Martins, lembrando: “Sabemos que um dos maiores desafios das IPSS é assegurar a sustentabilidade financeira, social e ambiental, mantendo um equilíbrio entre o cumprimento das obrigações sociais e a gestão financeira. E a sustentabilidade financeira é a base que nos permite continuar a servir. Mais do que nunca, devemos equilibrar o nosso compromisso social com uma gestão responsável dos recursos”.
Sobre a questão dos recursos, D. António Luciano, bispo de Viseu, foi bastante afirmativo: “Gostaríamos de ter mais apoio do Estado, porque a prevenção não se faz sem meios”.
Os trabalhos, que decorreram ao longo de toda a manhã de 5 de novembro, contaram com diversos palestrantes como Miguel Bacelar, professor convidado do Instituto Politécnico de leiria, que abordou a temática «Sector Social: comunicar como e para quem», a partir da sua experiência domo presidente da Associação dos Albergues Noturnos do Porto, ou Maria de Jesus Névoa, diretora-técnica e autora do livro «Posso falar-te de velhos?», que, através de uma apresentação muito dinâmica e cativante, tratou do tema «Intergeracionalidade, o contributo das respostas sociais da creche à ERPI», entre outros.
Os desafios na área da sustentabilidade e equilíbrio financeiro que se colocam às instituições do Sector Social Solidário são imensos.
E o que os palestrantes transmitiram foi a necessidade de as IPSS trabalharem permanentemente num patamar de exigência extremamente elevado. Nesse sentido, “a excelência na comunicação, interna e externa, a transparência de ações, a reputação e notoriedade da marca ou a adoção de práticas de gestão modernas são fundamentais”, resumiu, no final, Celestino Martins, acrescentando: “Assim, a definição de uma estratégia de atuação clara e transparente e a consolidação de um modelo de sustentabilidade financeira são, já nos nossos dias, o patamar mínimo exigido a uma IPSS”.
Outra matéria abordada foi a da formação, tendo Pedro Bento, gestor de formação, apresentado o plano de formação da UDIPSS Viseu para o ano de 2025, preenchido com muitas e variadas formações.
“Sabemos da importância da formação profissional, que, para além da obrigatoriedade legal, se reveste de extrema relevância para a qualidade do serviço prestado pelas nossas instituições”, sublinhou Celestino Martins, que antes já havia sustentado que “o trabalho das IPSS vai muito para além do atendimento às necessidades básicas dos nossos concidadãos”, pois as IPSS, “não ajudam, apenas, a transformar vidas, são os pilares fundamentais na promoção da coesão social, dignidade e igualdade”.
No encerramento, Joaquim Seixas, diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Viseu, reconheceu esta realidade, defendeu que a cooperação entre todas as partes é essencial, afirmando ainda ser necessário cooperação entre todos para “criar condições para a sustentabilidade das instituições”.
Sobre este assunto da sustentabilidade, o presidente da CNIS lembrou que as “instituições estão a fazer algo que o estado não faz, e como as instituições fazem e chegam onde o Estado não chega, este tem de se chegar à frente”, alertando os presentes para que “não se desviem da missão, porque as IPSS não são empresas sociais”.
Defendendo um estreitamento na “colaboração e parceria entre as instituições e as autarquias” e a promoção de “uma maior articulação entre as instituições para assim ganharem economia de escala”, o padre Lino Maia sublinhou que “as IPSS são especialmente importantes no interior, onde, sem elas, a atividade económica seria mais pobre, estaria mais isolado e mais distante, porque as instituições públicas vão abandonando, mas as IPSS estão lá por causa das pessoas”.
Por fim, o líder da CNIS lembrou todos os presentes que “as instituições têm três áreas que têm de estar interligadas: a dos dirigentes, pelo que há que reconhecê-los e cativar novos; a dos trabalhadores, que apesar de não receberem salário justo, podem sentir-se dignificados, e a dos utentes, que temos de envolver cada vez mais e torná-los mais ativos nas instituições, até na gestão”.
Uma manhã de trabalho em torno de questões que importam às instituições e que contou com grande participação das instituições do distrito de Viseu.
Pedro vasco Oliveira (texto e fotos)
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