Criado, apenas no papel, em 1999, o Centro Paroquial e Social de Lanheses esteve em suspenso até 2012, tendo entrado em funcionamento há uma década, em 2015.
“A instituição foi criada pelo anterior pároco, em 1999, mas esta instituição só existe por causa do padre Daniel Rodrigues, o atual pároco e presidente da instituição, que é o grande responsável pela sua entrada ao serviço da população”, sustenta Vasco Araújo, diretor executivo da IPSS, desde 2016.
Situada numa zona do concelho de Viana do Castelo que não oferecia respostas sociais, “havia a necessidade e a vontade e Lanheses está numa localização que fazia todo o sentido ter uma estrutura destas”, acrescenta.
A primeira resposta social a entrar em funcionamento foi a Creche, em 2014, hoje com uma frequência de 42 crianças. Seguiram-se, no ano seguinte, as valências de Centro de Dia (30 utentes), ERPI (30) e SAD (42, mas apenas 14 cobertos por acordo de cooperação). A instituição cuida de todos os utentes com uma equipa de 46 funcionários.
“No concelho de Viana do Castelo, com este tipo de respostas é a instituição que toca mais freguesias”, sublinha Vasco Araújo.
Com 42 crianças em creche, o diretor executivo considera que “a Creche Feliz não estava desenhada para a sustentabilidade da resposta, como se verificou, mas há sempre espaço para melhorar”.
“Os encargos são significativos, os vencimentos das educadoras são o que se sabe… Aliás, as comparticipações deviam acompanhar o peso da massa salarial. Depois, há um conjunto de questões que deviam ser aprofundadas, como outros custos que precisam de ser salvaguardados. Penso que a creche devia ser mais bem comparticipada”, sustenta, acrescentando: “Acreditamos muito que não é só o financiamento, achamos que somos capazes de fazer melhor do que fazemos. Nesse sentido, se a creche fosse uma resposta isolada, seria um problema, mas como está incluída num todo, já não é tão significativo”.
Mas não é apenas a creche que levanta problemas, porque, segundo vasco Araújo, “o financiamento tem muito que ver com a qualidade”.
“O SAD torna-se uma resposta muito exigente do ponto de vista financeiro. Temos um acordo com a Câmara Municipal para apoiar alguns utentes da área da montanha, mas seria muito melhor termos um acordo de cooperação mais alargado, e não apenas os 14 atuais”, exemplifica, frisando: “E temos ainda o detalhe, que é um ‘pormaior’, que são as distâncias que temos de percorrer”.
Do ponto de vista financeiro, o Centro Paroquial de Lanheses está de boa saúde, apesar do endividamento ainda da construção do edifício sede, mas “é uma situação controlada”.
“Esta instituição, de início, teve grandes dificuldades, mas, atualmente, é a nível distrital, talvez, a quarta com melhor desempenho financeiro nos últimos cinco anos. Há determinados pressupostos de gestão implantados que favorecem esse desempenho. A profissionalização da gestão foi crucial neste resultado”, explica o diretor executivo.
Com uma forte aposta na inovação, apoiando-se nas novas tecnologias, a instituição tem lançado diversos projetos pioneiros em Portugal.
O mais conhecido de todos é o projeto Elisa, nome do assistente virtual desenvolvido para prestar apoio às organizações do Terceiro Sector, que tem na base uma parceria entre a IPSS de Lanheses, a Microsoft Portugal, a Visual Thinking e a Diocese de Viana do Castelo. Em termos práticos, a Elisa é um assistente virtual que responde a um conjunto, cada vez maior, de questões relacionadas com o quotidiano das IPSS.
“A Elisa é um assistente virtual que não inventa, não é um Chat GPT, pois funciona de uma forma diferente e apenas com a sua base de dados. A Elisa tem uma base de dados que foi desenvolvida e só trabalha segundo esses dados”, esclarece Vasco Araújo.
Um outro projeto em marcha na instituição, desde há dois anos é o VianaVRSénior, uma iniciativa que pressupõe a utilização de óculos de realidade virtual imersiva em contexto de conhecimento. Ou seja, com os óculos os utentes das diferentes respostas sociais podem viajar… sem sair do lugar. “Temos tido excelentes resultados e os benefícios são incríveis”, sublinha, afirmando que o lançamento de projetos é feito “muito na lógica de os procurarmos materializar sem onerar em excesso a capacidade financeira da instituição, algo que é uma característica da nossa organização”.
Sempre sob o lema de “honrar os compromissos religiosamente e tratar os utentes o melhor possível”, a instituição preparar-se para alargar a sua capacidade de resposta em dois novos equipamentos.
“A Creche em Deucriste já está a ser construída pelo município de Viana do Castelo, com quem temos uma parceria, em que nós colocamos o ‘know how’ e fazemos a exploração do espaço por 20 anos”, revela Vasco Araújo, avançando que “é um projeto que, do ponto de vista financeiro, não onera muito as contas da instituição.
A nova creche terá 42 vagas, contará com nove ou 10 funcionários e deverá entrar em funcionamento em janeiro do próximo ano.
“E temos uma candidatura para construir um Centro de Dia na freguesia da Montaria, a única no concelho de Viana do Castelo considerada de baixa densidade. Contámos com o apoio da autarquia no projeto e esperamos que em agosto de 2026 esteja construída”, afirma.
Esta infraestrutura implicará a contratação de quatro funcionários, para cuidar de 30 utentes, que é a capacidade máxima.
“A nossa intenção é termos uma carrinha no local para salvaguardar um tecido de pessoas que têm necessidades e a que ainda não conseguimos chegar”, sustenta, revelando: “Não construiremos cozinhas em nenhuma destas estruturas, terão uma copa, porque as refeições serão confecionadas na cozinha central. Garante um índice de sustentabilidade mais interessante”.
Sobre a instituição, Vasco Araújo conclui: “Fazemos um trabalho despretensioso e muito honesto”.
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