O Centro Social da Lomba celebrou este ano 40 anos de uma história que começou com um Centro de Convívio e hoje tem a única ERPI do concelho de Gondomar que não tem direção canónica.
“Ao fim de 40 anos, a nossa situação é a das IPSS em geral com a particularidade de onde está situada”, começa por referir Joaquim Viana, presidente da instituição, explicando: “Convém referir que esta instituição está situada na freguesia mais pequena do concelho, a 30 quilómetros da sede de concelho, é a freguesia que tem a população mais idosa e que hoje está reduzida a, sensivelmente, 1.400 habitantes”.
Nesse sentido, o presidente do Centro Social, considera que “a instituição tem um peso considerável na freguesia porque é a única que cria emprego, porque aqui não há indústria nem há comércio”, pelo que a instituição “tem uma dupla responsabilidade”, isto é, para com os utentes e para com toda a comunidade.
Atualmente, o Centro Social acolhe 47 idosos na Estrutura Residencial Para Idosos (ERPI) e apoia 17 utentes através do Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), com uma equipa de 42 trabalhadores.
“É uma IPSS com todas as dificuldades das demais, que precisa todos aos anos de 1,2 milhões de euros e que tem este peso social todo, que tem um património superior a cinco milhões de euros, mas que é um titanic. É um edifício com cinco pisos, que trazem despesas acrescidas na manutenção”, argumenta Joaquim Viana, lembrando: “Fomos a única instituição do concelho a ter um POPH, o que nos obrigou a contrair um empréstimo, porque na prática o programa não apoiou a 60%, e isso complicou-nos a vida. Depois tivemos sorte na reestruturação de toda a instituição, porque fomos selecionados numa candidatura e tivemos aqui uma empresa que nos ajudou a organizar e a montar toda a estrutura que hoje temos”.
Joaquim Viana sublinha a importância desta ajuda externa no desempenho da instituição, pois a abertura da nova ERPI foi uma espécie de revolução no Centro Social: “A estrutura que temos não foi idealizada por nós, mas por essa empresa, que nos tem dado muitas vantagens no funcionamento. Foi ela que nos orientou, certificou e forneceu os procedimentos que ainda hoje usamos na gestão. Tem sido uma mais-valia. Isto aconteceu tudo em 2013, quando terminámos a obra, em plena Troika, sem dinheiro, com débito por causa da obra e a crescer a todos os níveis. Isto nem secretaria tinha!”.
Os dois anos que se seguiram à inauguração da ERPI foram difíceis, em termos financeiros, para o Centro Social, com resultados negativos, mas a partir de 2015 e até à Covid, recuperou, apresentando resultados positivos.
“Com a pandemia voltámos a andar para trás, o que é normal, apesar das imensas ajudas que tivemos, e nos anos de 2020 a 2022 voltámos a ter saldo negativo, mas já recuperado desde 2023”, revela.
Mas a pandemia não trouxe apenas dificuldades financeiras à instituição da Lomba, pois seis utentes e uma funcionária faleceram e o Centro de Dia encerrou em definitivo.
“O Centro de Dia encerrou na Covid porque colocaram muitas exigências. Ainda equacionámos disponibilizar o salão de festas, mas desistimos. Os utentes foram para a ERPI e outros para o SAD, nenhum ficou abandonado”.
De momento, os responsáveis pelo Centro Social não têm nenhum projeto novo em marcha.
“Consideramos que esta estrutura, para a freguesia e as dificuldades que sentimos, já é suficiente”, defende Joaquim Viana, revelando outra preocupação que teme possa redundar em “catástrofe”: “Há uma outra situação, para a qual tenho vindo a alertar, que pode vir a ser uma catástrofe, que é não haver gente disponível para os corpos sociais das instituições. A par do financeiro, este é o grande problema que as IPSS enfrentam”.
Considerando que “a lei que limita os mandatos é uma estupidez”, o líder da instituição sustenta que “os sócios é que devem decidir quem deve gerir a instituição”.
Joaquim Viana aponta “as exigências que a lei determina em relação à responsabilidade solidária dos dirigentes” como a principal razão para não haver gente disponível.
Sobre como seria a Lomba sem o Centro Social, a resposta sai pronta: “Um deserto. A Lomba é conhecida pela excelente praia fluvial que tem e pelo Centro Social, porque de resto não tem mais nada”.
Ao fim de quatro décadas de serviço social, o presidente do Centro Social da Lomba considera que “é uma história de sucesso”, deixando um elogio especial à Comissão de Reformados que tudo começou
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
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