SEGURANÇA RODOVIÁRIA

Erros graves no uso de cadeiras de bebés

Nove em cada dez crianças viajam sem segurança nas cadeirinhas dos automóveis, sendo os bebés com menos de 18 meses os casos mais problemáticos, segundo um estudo da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI).

O trabalho efectuado nas auto-estradas portuguesas pela APSI revela que os pais estão cada vez mais sensibilizados para a importância do uso da cadeirinha, mas são poucos os que o fazem de forma correcta. "Há um aumento da taxa de utilização, mas em 90 por cento dos casos foram detectados erros no seu uso. Sendo que em 50 por cento das situações se verificaram erros graves ou muito graves", contou à agência Lusa a presidente da APSI, Helena Cardoso Menezes.

Os casos mais graves referem-se "aos bebés que começam a viajar sentados para a frente precocemente, o que numa situação de acidente, mesmo a baixa velocidade, pode provocar graves lesões cervicais", alertou a presidente.

Apesar das lojas e dos fabricantes venderem modelos que permitem transportar as crianças viradas para a frente logo que atinjam um ano de idade ou tenham nove quilos de peso, aquela especialista defende que "até aos 18 meses, no mínimo", os bebés devem viajar sempre de costas. "Sentar as crianças com mais de nove quilos em cadeiras viradas para a frente é um crime", afirmou, recordando que "nos países nórdicos, onde a taxa de mortalidade rodoviária é baixíssima, as crianças viajam de costas até aos três, quatro anos".

A explicação é simples: nos primeiros meses de vida, a cabeça do bebé representa 25 por cento do peso do corpo e o pescoço ainda é muito frágil, "o que significa que um acidente ocorrido mesmo a baixa velocidade pode provocar danos muito graves", sublinhou Helena Menezes.

A taxa de mortalidade infantil, que tem vindo a diminuir nos últimos anos, apresenta o seu maior pico nas crianças até aos dois anos de idade: "sessenta por cento dos casos referem-se a bebés com menos de dois anos". Considerado igualmente um "erro muito perigoso", a segunda principal falha detectada pelo estudo da APSI é o das "folgas excessivas" nos cintos de segurança das próprias cadeirinhas, "que permitem que as crianças sejam projectadas numa situação de acidente", alertou Helena Menezes.

A colocação do cinto de segurança por baixo do braço é o terceiro erro muito grave: "a criança corre o risco de fracturar o baço ou o fígado. Num caso de acidente, o cinto colocado numa zona mole do corpo pode provocar o esmagamento dos órgãos internos". Segundo Helena Menezes, deixar as crianças viajar desta forma pode ainda provocar graves danos à coluna lombar, numa situação de acidente.

Além da proibição de viajar no banco da frente antes dos 12 anos de idade, as associações alertam para a importância das cadeirinhas serem sempre instaladas no banco de trás, sendo a excepção os carros de dois lugares sem sistema de "air-bag".

Apesar de ser visível o aumento do número de cadeiras instaladas nos automóveis, a APSI lamenta que continuem a existir muitas falhas, que vão desde a sua má colocação até à permissão das crianças viajarem sentadas ou deitadas mesmo ao lado das obrigatórias cadeirinhas. Por isso, durante os dois próximos fins-de-semana a APSI vai lançar uma campanha para tentar reduzir a sinistralidade rodoviária num país onde morrem cerca de 18 crianças por dia, segundo os últimos dados de 2003.

Equipas da APSI estarão nos supermercados Jumbo e Pão de Açúcar para esclarecer gratuitamente todas as dúvidas sobre a segurança das crianças no carro e serão instalados centros de verificação de segurança das cadeirinhas nas lojas da Maia, Santo Tirso, Faro, Vila Nova de Famalicão, Castelo Branco, Cascais, Alverca, Alfragide e Setúbal.

Os técnicos da APSI vão verificar gratuitamente a forma como estão instaladas as cadeirinhas, "de modo a confirmar que as crianças são transportadas com o melhor nível de segurança possível", explica a associação em comunicado. Soluções para as famílias com três filhos ou para carros com apenas três portas são algumas das situações que os técnicos da APSI estarão preparados para resolver, podendo ainda orientar para o melhor modelo, tendo em conta a idade da criança e a morfologia dos bancos do carro.

Questionada sobre quais as melhores cadeiras existentes no mercado, Helena Menezes defende que caro não é sinónimo de seguro, sendo que "as cadeirinhas excessivamente baratas são de desconfiar". Para quem não possa estar presente nas sessões, a responsável recomenda uma visita ao "site" da associação na Internet (http://www.apsi.org.pt/) ou um telefonema para a APSI, que às quartas-feiras aconselha gratuitamente toda a gente.

A APSI acredita que o uso da cadeirinha está directamente relacionado com a redução de 40 por cento nos últimos anos do número de crianças com menos de nove anos vitimadas em acidentes rodoviários.

19.01.2006

 

Data de introdução: 2006-02-01



















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